Dom Quixote: montagem do Estúdio Pantanal em Dança revisita clássico espanhol

Foto:  Reprodução do Instagram
Foto: Reprodução do Instagram

Com estreia de cenário próprio, o clássico possui elenco jovem e proposta de aproximar o público campo-grandense do balé de repertório

A temporada artística de fim de ano começa movimentando a cena cultural de Campo Grande, e um dos destaques é a montagem de Dom Quixote, obra tradicional do repertório mundial da dança. A produção do Estúdio Pantanal em Dança aposta no humor, na fantasia e no virtuosismo técnico para revisitar a narrativa inspirada no romance de Cervantes, em uma proposta pensada para aproximar novos públicos do universo do balé clássico.

Com um elenco numeroso, composto por 32 bailarinos e oito profissionais responsáveis pela técnica e pela montagem cênica, o espetáculo apresenta uma interpretação própria da coreografia consagrada no século XIX, originalmente concebida por Marius Petipa e mais tarde revisitada por Alexander Gorsky. A trilha de Ludwig Minkus conduz o público por uma jornada que começa com o idealista cavaleiro e seu escudeiro Sancho Pança, que partem em busca da misteriosa Dulcinea, figura que Dom Quixote acredita ter encontrado em seus sonhos.

A história ganha intensidade ao cruzar o caminho do duo com Kitri, jovem que resiste a um casamento arranjado com o rico Gamache para viver seu amor por Basílio, um barbeiro da região. A fuga dos apaixonados, a presença festiva dos ciganos e a famosa batalha contra os moinhos, que o protagonista imagina serem gigantes, compõem os episódios de fantasia que marcam a trama. Em meio às confusões, Dom Quixote sonha com figuras etéreas e confunde Kitri com sua idealizada Dulcinea, alimentando ainda mais seu delírio de cavalaria.

O clímax acontece quando Basílio simula a própria morte para impedir que Kitri seja entregue ao pretendente imposto pelo pai. Comovido, Dom Quixote intercede, e o plano dos apaixonados se concretiza com a autorização para o casamento. A cerimônia encerra a montagem, que segue marcada pela energia, pelos figurinos coloridos e pela atmosfera espanhola que consagrou Dom Quixote como um dos títulos mais queridos do balé mundial. As apresentações acontecem nos dias 6 e 7 de dezembro, às 19h, no Teatro Aracy Balabanian, celebrando a força da dança na Capital.

Foto: Reprodução do Instagram

Ballet de repertório

Segundo Fernanda Gutierrez para a reportagem, diretora do Estúdio Pantanal em Dança, a preparação para a montagem começou ainda em julho, quando a equipe realizou uma audição interna para definir os intérpretes dos papéis centrais. Professores formaram a banca avaliadora enquanto os alunos apresentaram variações e trechos coreográficos, processo que resultou na escolha dos protagonistas, entre eles Kitri, Basílio, Mercedes, Cupido e as amigas de Kitri. Desde então, a rotina tem sido intensa: ensaios de segunda a sexta-feira, com cerca de três horas diárias, além de encontros extras nas manhãs de sábado para refinar detalhes técnicos e dramatúrgicos da produção.

A diretora destaca que a montagem conta com elementos inéditos criados especialmente para esta temporada. Os figurinos foram produzidos em Joinville, enquanto os acessórios vieram de fornecedores internacionais. Ela também celebra uma escolha cênica diferenciada.

“Nós desenvolvemos nosso próprio cenário de Dom Quixote. O designer João Carlos elaborou toda a arte e fizemos a impressão exclusivamente para este espetáculo, então será a estreia oficial desse cenário. Uma novidade muito especial é o nosso Sancho Panza, interpretado pela professora Vitória Saldanha, que também assina a remontagem do ballet. A atuação dela está divertidíssima, muito engraçada e realmente cativante”.

A proposta artística desta montagem vai além de apresentar um clássico do repertório. A diretora explica que o objetivo é aproximar o público campo-grandense do universo do balé tradicional, ainda pouco difundido na cidade. Ela ressalta que trabalhar com obras históricas também fazem parte da missão da escola.

“Queremos divulgar a arte e a cultura do balé clássico, mostrar à plateia como funciona um espetáculo desse porte e incentivar o hábito de aplaudir os bailarinos, que se dedicam intensamente para estar em cena. Dom Quixote foi criado em 1869, mas continua atual. Gostamos de trazer histórias antigas e reinterpretá-las no corpo desses jovens bailarinos, levando a técnica e o encantamento do balé de repertório para um público que nem sempre têm acesso a esse tipo de produção”, explica.

Ballet para todos

A relevância de apresentar um clássico europeu ao público local, ampliando repertórios culturais e sensibilidades artísticas é também uma forma da companhia levar o ballet de repertório para todos. Ela explica que a obra impõe desafios técnicos e interpretativos aos bailarinos, especialmente no uso do leque, acessório tradicional nas coreografias espanholas.

“É uma forma de trazer um pouco da cultura de fora do país. Dom Quixote se passa na Espanha, tem músicas agitadas, alegres e marcantes. Manipular o leque com as duas mãos durante as cenas é difícil e exige muito controle. Don Quixote é um sonhador, o Sancho Panza, que aqui será interpretado por uma mulher, é caricato e muito engraçado, e Basílio e Kitri precisam viver um amor intenso no palco. Para isso, o bailarino tem que ter alguma vivência emocional, algo que o ajude a transformar essa paixão em interpretação artística. Esse foi um dos grandes desafios desta montagem”, afirma.

Para o público que pretende assistir ao espetáculo nos dias 6 e 7 de dezembro, Fernanda reforça a importância de garantir os ingressos com antecedência.
“As entradas já estão disponíveis no nosso site. A inteira custa R$ 60 e a meia, R$ 30. No dia da apresentação, o valor sobe para R$ 80 a inteira e R$ 40 a meia, então é melhor se antecipar”, orienta.

Mais do que informar sobre a bilheteria, a diretora faz questão de destacar o sentimento que deseja transmitir à plateia. “Quero que as pessoas saiam com a sensação de que viveram um sonho, de que sonhar é possível. Que possam levar essa leveza para a vida real, acreditar nos próprios desejos e viver grandes amores, porque vale a pena”, Finaliza.

Serviço: O espetáculo será realizado nos dias 6 e 7 de dezembro no Teatro Aracy Balabanian, localizado na Rua 26 de Agosto, 453 – Centro, às 19h nos dois dias.Ingressos disponíveis no site /www.pantanalemdanca.com.br/eventos.

 

Amanda Ferreira

 

 

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *