Montagem de La Bohème ocupa o palco do Glauce Rocha nesta terça e quarta-feira, com entrada franca
O universo romântico e melancólico da Paris boêmia do século 19 será revivido neste fim de semana com a montagem da ópera La Bohème, apresentada pelo Coro Lírico Cant’Arte nos dias 16 e 17 de setembro. Inspirada na obra de Henri Murger, a produção promete emocionar o público ao dar vida à história de amor entre o poeta Rodolfo e a delicada Mimì, ambientada entre cafés, ateliês e a efervescência artística do Quartier Latin.
Com direção cênica e musical refinada, o espetáculo aposta em uma encenação fiel ao espírito original da obra de Giacomo Puccini, que, desde sua estreia em 1896, permanece como um dos marcos do repertório operístico mundial. A montagem contará com figurinos e cenários que remetem fielmente ao final do século XIX, além da participação de solistas convidados que se unem ao coro em performances vocalmente exigentes e emocionalmente intensas.
Mais do que uma história de amor, La Bohème retrata os contrastes entre a juventude sonhadora e a realidade implacável, equilibrando lirismo e dramaticidade em cada ato. A iniciativa do Coro Cant’Arte, que vem se destacando por suas produções cuidadosas, leva ao público uma experiência imersiva e apaixonante, celebrando a tradição da ópera com sensibilidade e vigor artístico.
Amor, amizade e perda
A montagem conta com direção geral de Edineide Dias, direção cênica de Francisco Mayrink, produção cultural de T. Silva e idealização de Antonio Coura. Para esta adaptação, o Coro Lírico Cant’Arte reuniu um elenco de solistas convidados e preparou uma leitura cuidadosa da obra, respeitando o espírito original de Puccini, mas com atenção ao contexto e ao público locais. Para a reportagem, Edineide Dias contou que a proposta da direção é não apenas apresentar um espetáculo, mas criar um momento de encontro entre tradição e contemporaneidade, sensibilizando o público através da força da ópera.
“La Bohème fala de amor, arte, amizade e perda, sentimentos que atravessam o tempo. É uma obra que emociona não apenas pela música de Puccini, mas pela humanidade dos personagens. Trazer isso para a nossa realidade, com um coro formado por vozes locais, é também uma forma de valorizar e ampliar o acesso à arte lírica.O objetivo é transformar a ópera em uma experiência acessível, mantendo o refinamento artístico que ela exige”.
A força da composição de Puccini, segundo a diretora, está na maneira como a música traduz emoções com intensidade quase cinematográfica. No caso do Coro Lírico Cant’Arte, essa força se manifesta especialmente no segundo ato da ópera, quando o conjunto vocal assume o papel de um verdadeiro personagem coletivo, representando a efervescência das ruas parisienses.
“O coro não está ali só para preencher o espaço sonoro, ele é a alma da cena, a vibração do cotidiano. Para alcançar esse efeito, temos ensaiado de forma contínua e detalhada ao longo dos últimos meses, com atenção especial à coesão vocal, afinação e expressividade. A preparação, para mim, vai além da técnica: envolve compreender a emoção por trás de cada nota e levá-la ao público com verdade cênica”, afirma.

Foto: Cant’arte
Produção
Na parte visual, a produção tem se dedicado intensamente à criação de cenários e figurinos que recriem com fidelidade e sensibilidade a Paris boêmia do século XIX. A cenografia foi pensada para refletir o contraste entre o romantismo dos cafés e a precariedade dos ateliês onde vivem os personagens.
Já os figurinos passam por um processo artesanal, desde a pesquisa histórica até a costura sob medida, com tecidos cuidadosamente escolhidos e detalhes que revelam a personalidade de cada personagem, da simplicidade dos jovens artistas à sofisticação extravagante de Musetta. “Muitos dos acessórios foram garimpados em brechós e antiquários, trazendo autenticidade e riqueza estética à encenação”, destaca a equipe de produção.
Mais do que apresentar um clássico da ópera, a proposta da montagem é criar uma conexão emocional direta com o público. A equipe aposta no poder da música de Puccini para tocar a sensibilidade de cada espectador, independentemente de sua familiaridade com o gênero.
“Queremos que as pessoas saiam do teatro emocionadas, sentindo que viveram algo verdadeiro. La Bohème fala da beleza e da fragilidade da vida e isso diz respeito a todos nós”, afirma Edineide. Para ela, democratizar o acesso à ópera é também mostrar que essa arte não pertence apenas a uma elite: pertence a quem se permite sentir.
Como parte do compromisso do Coro Lírico Cant’Arte com a comunidade, a montagem de La Bohème também carrega uma proposta social: a entrada é gratuita, mas o público é convidado a levar 1 kg de alimento não perecível, que será destinado a instituições e famílias em situação de vulnerabilidade. A iniciativa reforça a visão do grupo de que a arte não deve existir isolada da realidade social.
“Acreditamos que a cultura tem um papel transformador, e essa ação é uma forma de unir o encantamento da ópera a um gesto solidário que pode fazer diferença na vida de muitas pessoas”, finaliza a direção.
Serviço: A ópera La Bohème, de Giacomo Puccini, será apresentada nos dias 16 e 17 de setembro de 2025, às 20h, no Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande (MS). A entrada é gratuita, com retirada de ingressos disponível pela plataforma Sympla. O público também é convidado a contribuir com a doação de 1 kg de alimento não perecível, que será destinado a projetos sociais da capital sul-mato-grossense.
Amanda Ferreira