Cordão Valu; homenagens, fantasias e muito samba no pé

Foto: Divulgação
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Tradicional bloco de carnaval terá esquenta no dia 7 com homenagens, fantasias e muito samba no pé

 

O ditado de que o ano só começa depois do Carnaval está cada vez mais perto de se cumprir, e o Cordão Valu já começa a aquecer para a edição deste ano com grandes novidades. Em 2025, o bloco de carnaval irá homenagear o Ilê Aiyê e o Grupo TEZ, ícones da cultura afro-brasileira. O lançamento dessas homenagens será no primeiro esquenta do grupo, no dia 7 de fevereiro.

Para os dias oficiais de Carnaval, que acontecem entre 1º e 4 de março, o Cordão Valu está preparando uma programação especial que promete ser inesquecível. O bloco, que tradicionalmente desfila no sábado e na terça-feira de Carnaval, continuará a sua trajetória na Esplanada Ferroviária. A edição de 2025 contará com uma diversidade de shows, incluindo samba, marchinhas, maracatu, frevo e cortejo pelas ruas do Centro da cidade.

Entre as atrações confirmadas estão o Grupo Pagode do Tadeu, que representa o movimento negro em Campo Grande, o artista Chokito e sua banda, referência do samba na cidade, além da Escola de Samba Igrejinha, que traz suas raízes na comunidade Tia Eva e, neste ano, prestará uma homenagem as “Furnas do Dionísio”.

 

Ilê Aiyê

Como já é tradição, o Cordão Valu, em suas apresentações, homenageia entidades e personalidades, por relevantes serviços à sociedade campo-grandense, ou em favor da evolução do Carnaval da cidade. Este ano, o tema do bloco será a homenagem aos 50 anos do Ilê Aiyê, (completados dia 1º de novembro de 2024), grupo de Salvador (BA), sendo o primeiro bloco afro de Carnaval do Brasil.

Fundado em 1º de novembro de 1974 por Antônio Carlos dos Santos, o “Vovô do Ilê”, e moradores do bairro Curuzu, em Salvador, o Ilê Aiyê foi o primeiro bloco afro de carnaval do Brasil. Sua estreia nas ruas da capital baiana ocorreu em 1975, e desde então, o grupo se consolidou como um importante veículo de promoção da cultura afro-brasileira. O nome Ilê Aiyê, que em iorubá significa “Mundo negro” ou “Casa de negro”, reflete sua missão de valorizar a identidade e a luta contra o racismo.

Para o Jornal O Estado, a lider do bloco, Silvana Valu afirma que o Cordão Valu sempre buscou resgatar e celebrar as raízes afro-brasileiras e a diversidade cultural, que são parte essencial de sua identidade no carnaval de Campo Grande.

“Essa homenagem não só celebra o Ilê Aiyê como um bloco de carnaval, mas também como um símbolo de resistência e valorização da cultura negra no Brasil. A homenagem é uma oportunidade para promover reflexões sobre a diversidade cultural e a luta contra o racismo. Ao prestar essa homenagem, Campo Grande se posiciona como uma cidade que reconhece e celebra a contribuição das culturas africanas para a formação da identidade brasileira”.

Silvana ressaltou que um dos grandes destaques da noite será a presença de Vovô do Ilê, figura central na história do Ilê Aiyê, O evento contará com a participação de Antônio Carlos dos Santos, o “Vovô do Ilê!”, presidente e fundador do bloco afro, como convidado especial.

Grupo TEZ

O bloco de carnaval também irá homenagear os 40 anos do Grupo TEZ. Fundado em 18 de março de 1985, o Grupo TEZ é pioneiro em Mato Grosso do Sul na luta em defesa da comunidade negra no estado. A presidente da entidade, Bartolina Remalho Catamante, professora da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), explicou que, desde sua criação, o TEZ tem atuado de forma contundente no combate ao racismo em MS.

“O grupo realiza estudos e pesquisas e oferece à sociedade, cursos de capacitação e de formação, para mostrar que uma pessoa não pode ser medida pela cor de sua pele. A entidade incentiva a comunidade negra a conhecer mais os seus direitos, as suas raízes, e a ter orgulho da cor de sua pele”, destaca.

O Grupo TEZ iniciará as comemorações pelos seus 40 anos com o projeto “Cinema nas Comunidades Quilombolas de MS”, que ocorrerá entre 1º de fevereiro e 12 de abril. O projeto será realizado nas nove comunidades quilombolas do estado — duas em Campo Grande e sete no interior — e exibirá cinco filmes, incluindo curtas, documentários e registros históricos sobre a ancestralidade da população negra. Durante a iniciativa, também será produzido um documentário específico sobre a comunidade quilombola sul-mato-grossense.

Bartolina Remalho Catamante, presidente do TEZ, destaca que o principal legado do grupo nesses 40 anos foi a sua atuação na criação de políticas públicas voltadas para a causa negra. O TEZ foi fundamental na aprovação de leis estaduais e federais que estabeleceram cotas para negros na UEMS e outras universidades do estado, além de garantir a inclusão da história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares.

Para a presidente do TEZ, a luta em busca da igualdade racial, e contra a violência que fere e mata negros, tem avanços e retrocessos, e que, por isso mesmo, “devem continuar sendo feita com vigor, para avançar mais”, “É o negro, especialmente os jovens negros, as maiores vítimas da violência e de assassinatos”, acrescenta Bartolina.
Cordão da Cultura

O Cordão Valu é um dos blocos mais tradicionais de Campo Grande, tornando-se referência cultural e símbolo de resistência no Carnaval da cidade. Fundado em 2006, trouxe um novo vigor à cena local, valorizando marchinhas, samba, fantasias e promovendo a diversidade cultural. Com o tempo, o bloco cresceu tanto em número de foliões quanto em importância simbólica, atraindo aqueles que buscam um carnaval autêntico e inclusivo.

“Desde suas primeiras edições, o Cordão sempre celebrou a essência do carnaval de rua, com apresentações de marchinhas e sambas, além do uso de fantasias que resgatam a memória cultural do Brasil. Com uma proposta comunitária e colaborativa, o bloco mantém suas raízes enquanto atrai novos públicos, mantendo viva a história dos antigos carnavais”, ressalta Silvana.

Este ano, o evento reforçará o compromisso do Cordão Valu com a valorização do carnaval de Campo Grande, celebrando a identidade e a música dos artistas locais. Embora detalhes e datas ainda sejam aguardados, a expectativa é de um carnaval vibrante e inesquecível.

“O Cordão Valu é mais que um bloco de carnaval; é um movimento cultural que representa tradição, resistência e inclusão, contribuindo para a valorização das tradições carnavalescas e do patrimônio cultural de Campo Grande”, finaliza Silvana.

Serviço: O Esquenta do Cordão Valu será realizado no dia 7 de fevereiro, às 18h, na Praça do Rádio Clube. Para ficar por dentro de todas as atualizações e informações, acompanhe o Instagram oficial do bloco: @cordaovalu.

 

Amanda Ferreira

 

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