Circo do Mato leva espetáculo e oficinas gratuitas para 5 cidades de MS

Fotos: Laila Pulchério/Divulgação
Fotos: Laila Pulchério/Divulgação

Projeto “De Ponto a Ponto” percorre Campo Grande, Ivinhema, Aquidauana, Corumbá e Ponta Porã com atividades culturais abertas ao público

Se os lugares não chegam até a arte, a arte chega para todos os lugares. Com esse lema, o grupo Circo do Mato deu início, nos dias 5 e 6 de abril, à itinerância do projeto “Ponto a Ponto”, levando oficinas e espetáculos de teatro e circo para todas as idades em cinco cidades de Mato Grosso do Sul. A estreia aconteceu em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, e o grupo segue agora para apresentações e atividades em Campo Grande, Ivinhema, Aquidauana e Corumbá, até o mês de maio.

A circulação do projeto De Ponto a Ponto teve início em Ponta Porã, com atividades realizadas nos dias 4 e 5 de abril no Ponto de Cultura Maculelê, localizado na Rua Formosa, nº 69, Jardim Independência. A programação segue em Campo Grande, nos dias 24 e 26 de abril, na Casa de Ensaio, situada na Rua Visconde de Taunay, 203, bairro Amambai.

Em maio, o projeto continua em Aquidauana, no dia 3, no Sapicuá Pantaneiro, na Rua Antônio Graça, s/n, Bairro Nova Aquidauana; em Corumbá, no dia 9, no Moinho Cultural Sul-Americano, na Rua Domingos Sahib, nº 300, Beira-Rio; e finaliza no dia 16, em Ivinhema, na Fundação Nelito Câmara, localizada na Rua André Molina, nº 264, bairro Piravevê.

Entre as atividades previstas, estão a apresentação do espetáculo teatral “O Grandioso Mini Cirquim nas Arábias”, que mescla elementos de circo e teatro para públicos de todas as idades; oficinas práticas com técnicas circenses e teatrais, promovendo o contato direto com o universo artístico; e rodas de conversa que abordam a trajetória do grupo Circo do Mato e a importância dos Pontos de Cultura como instrumentos de democratização do acesso à arte.

Sobre o Projeto

Fotos: Laila Pulchério/Divulgação

O projeto De Ponto a Ponto surgiu da necessidade de reativar o diálogo entre os Pontos de Cultura do Mato Grosso do Sul. Após uma década marcada pela redução de investimentos na área cultural, a iniciativa retoma a articulação entre grupos e coletivos que, por anos, ficaram sem apoio institucional. A atual retomada das políticas públicas voltadas à cultura, promovida pelo governo federal, abriu espaço para fortalecer novamente essa rede.

Com esse movimento, o projeto busca conectar diferentes regiões do estado, promovendo o intercâmbio de saberes e experiências entre os pontos. A proposta é que cada coletivo compartilhe suas práticas, criações e trajetórias, ampliando o acesso à arte e contribuindo para o fortalecimento de uma identidade cultural sul-mato-grossense plural e diversa.

O fundador do grupo, Mauro Guimarães explicou para o jornal O Estado que o grupo possui histórico de atuação em comunidades e cidades com pouco acesso à arte. A mudança de foco para o interior do estado iniciou após uma vivência marcante no Peru, em 2009. Desde então, o grupo tem priorizado ações voltadas para o “próprio quintal”.

“Em vez de focar nos grandes centros como Rio de Janeiro, São Paulo ou Brasília, passamos a olhar para o nosso entorno. Como diria Manoel de Barros, ‘vamos olhar para o nosso quintal’. E o nosso quintal, que é MS, tem muitas cidades, mesmo sendo um estado com baixa densidade populacional, onde a arte praticamente não chega”.

Criado em 2003, o espetáculo “O Grandioso Mini Cirquim nas Arábias” será apresentado durante o itinerante, é uma releitura de um trabalho clássico do Circo do Mato. Misturando circo e teatro em um formato itinerante e acessível, o espetáculo já percorreu diversas cidades do Brasil e da América do Sul e até mesmo no meio do nada.

“A versão ‘nas Arábias’ surgiu como uma brincadeira afetiva: temos dois artistas árabes no elenco e uma das pessoas que participou da criação original está hoje atuando no mundo árabe. Então, resolvemos brincar com isso, sempre com respeito, claro. O espetáculo é pura diversão. Ele é para todo mundo: mãe, pai, avó, criança…quem assiste, sorri”, afirma Mauro.

As atividades formativas do projeto “De Ponto a Ponto” incluem oficinas, rodas de conversa e intercâmbios que apresentam a trajetória do Circo do Mato ao longo de mais de duas décadas. Os encontros exibem vídeos, trechos de espetáculos e dialogam sobre o processo criativo do grupo, que transita entre o teatro e o circo de forma fluida e inovadora. Nas oficinas, são abordadas técnicas circenses como malabarismo e equilibrismo, além de aspectos como concentração e consciência corporal, proporcionando uma vivência introdutória e acessível ao universo artístico.

“A proposta é exatamente essa: mostrar um pouco de como trabalhamos, permitir que cada pessoa experimente, descubra, se encante. É uma forma de compartilhar não só a técnica, mas a filosofia e a paixão que movem o Circo do Mato”, detalha o fundador.

Criando Acessos

A construção da identidade cultural sul-mato-grossense é um processo contínuo e diverso, impulsionado por múltiplas expressões artísticas espalhadas pelo estado. O projeto “De Ponto a Ponto” evidencia essa pluralidade ao circular por Pontos de Cultura com propostas distintas das demais áreas da cultura. A iniciativa promove o intercâmbio entre essas realidades, fomentando uma identidade cultural coletiva, enraizada na troca e na escuta entre diferentes territórios e saberes.

“Acho que uma das coisas que mais me move é a ideia de criar acessos. Pode ser que, nos lugares onde apresentamos, muitas pessoas nunca tenham visto um espetáculo de circo. Talvez nunca tenham tido a oportunidade de subir em uma perna de pau, de equilibrar uma vassoura, de experimentar algo diferente. E é exatamente isso que estamos proporcionando: a chance de vivenciar algo novo”, reflete Mauro.

A etapa do projeto “De Ponto a Ponto” realizada em Ponta Porã destacou-se pela recepção calorosa do público e pela riqueza cultural do território de fronteira. Cerca de 200 pessoas assistiram ao espetáculo e aproximadamente 40 participaram das oficinas, com um público diverso que incluiu desde crianças até adultos com mais de 50 anos. A troca intergeracional e o encontro entre brasileiros e paraguaios enriqueceram ainda mais a experiência.

“As crianças não queriam que a gente fosse embora! A gente percebe ali o quanto o acesso à arte ainda é limitado. Esse tempo longo sem ações culturais no interior, sem oficinas, sem espetáculos, criou um vazio. E agora é como se estivéssemos recomeçando de novo. Depois de mais de 20 anos de trajetória, seguimos começando sempre, para novos públicos, novos formatos, novas pessoas. Mas é isso: persistir e resistir. Continuar fazendo, mesmo que seja pela milésima vez”, afirma.

O Circo do Mato convida públicos de todas as idades a participarem das atividades do projeto “De Ponto a Ponto”, com a proposta de oferecer um momento de pausa na rotina acelerada. A iniciativa busca promover leveza, riso e equilíbrio por meio da arte, reunindo elementos do circo e da identidade cultural sul-mato-grossense.

“Nosso desejo é que esse momento de encontro com o riso seja quase como um respiro no meio da correria. Um lembrete de que a vida também pode ser leve. Que a arte não precisa, o tempo todo, carregar uma reflexão profunda. Às vezes, a grande mensagem é justamente essa simplicidade: a gente também tem o direito de relaxar, de se permitir brincar, se divertir”, finaliza Mauro.

Serviço

A próxima parada do grupo é em Campo Grande, a programação segue nos dias 24 e 26 de abril, na Casa de Ensaio. Em maio, o projeto chega a Aquidauana no dia 3, com atividades no Sapicuá Pantaneiro; passa por Corumbá no dia 9, no Moinho Cultural Sul-Americano; e encerra em Ivinhema, no dia 16, na Fundação Nelito Câmara. Todas as ações são gratuitas e abertas ao público.

 

Amanda Ferreira

 

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