Cineclube A Boca Filmes inicia temporada de terror com “Eles Voltam na Noite”

(Fotos: Karen Centurion/Divulgação)
(Fotos: Karen Centurion/Divulgação)

 

       Neste semestre, o coletivo de cinema terá 13 exibições de filmes de terror com sessões espalhadas pela Capital

Após o encerramento da bem-sucedida Amostra de Cinema Japonês no final de 2023, o Cineclube do coletivo A Boca Filmes se prepara para embarcar em uma nova jornada cinematográfica, dessa vez, adentrando um universo repleto de filmes tortuosos e criaturas sinistras. Com o título “Eles Voltam na Noite”, a temporada promete imergir os espectadores com uma seleção diversificada de filmes do gênero terror.

Ao longo dos próximos meses, serão realizadas dez sessões em diferentes locais de Campo Grande, exibindo treze filmes de horror que abrangem clássicos, produções modernas e contemporâneas, sempre acompanhadas de pipoca e refrigerante para garantir uma experiência completa e gratuita.

Com uma programação diversificada, o Cineclube da Boca não se limita apenas às exibições de filmes. Além das sessões cinematográficas, o evento também oferece duas oficinas de cinema e uma vídeoinstalação no Museu da Imagem e do Som. As oficinas abordam temas como escrita criativa e design de som para filmes de terror, enquanto a vídeoinstalação integra trechos dos filmes da curadoria com elementos gráficos de horror, proporcionando uma experiência imersiva e sensorial aos espectadores.

O tema deste semestre, “Eles Voltam na Noite”, foi escolhido com o intuito de explorar o gênero do terror de uma forma acessível e envolvente, após investimento pela Lei Paulo Gustavo. Segundo o organizador do coletivo para o Jornal O Estado, Felipe Feitosa, a ideia surgiu após uma reflexão sobre como o cinema popular pode ser profundo e como o cinema proclamado como “profundo” também pode ser popular. Assim, a equipe optou por trabalhar com filmes de monstros com elementos modernos, buscando oferecer ao público uma visão renovada dessas criaturas lendárias.

“Eu optei por trabalhar com filmes de monstros com elementos modernos. Dessa forma, a gente consegue convidar o público a olhar para essas criaturas de um jeito novo. Existe uma gama gigantesca de narrativas que subvertem a ideia de monstro e trabalha mediante perspectivas que dialogam mais com o nosso tempo”, destaca.

Abertura nesta terça

A sessão de abertura, em parceria com a Capivas Cervejaria, será nesta terça-feira (9) às 20h, com exibição gratuita do clássico do expressionismo alemão “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920), acompanhado de uma trilha sonora ao vivo pela banda Ovelhas Elétricas, criando uma atmosfera única e envolvente.

A programação inclui uma variedade de filmes, desde “Garota Infernal” (2009) até “O Monstro do Ártico” (1951), proporcionando aos espectadores uma jornada por meio de diferentes estilos e épocas do cinema de terror. Mediadores estarão presentes em diversas sessões para conduzir debates e enriquecer a experiência dos participantes.

Felipe Feitosa, idealizador do projeto, destaca a importância de explorar o gênero terror como forma de ampliar o repertório cinematográfico e promover debates culturais. Ele enfatiza que o cinema vai além do entretenimento, sendo uma ferramenta poderosa para provocar reflexões e despertar novas perspectivas.

“Mesmo aquela pessoa que não curte tanto as obras sempre volta para participar das sessões, pois a graça do cineclube não é somente assistir ao filme, mas sim poder ocupar um espaço democrático de discussão cultural. A expectativa é que os filmes de terror e os temas que eles abordam possam incentivar mais o espectador a assumir a posição de interlocutor nos nossos eventos e, dessa forma, fazer crescer a comunidade cinéfila da nossa cidade”, comenta Felipe.

Para aqueles que têm receio de filmes de terror, Feitosa ressalta que o gênero não se limita apenas a causar medo, mas também explora outros tipos de sentimentos humanos. Ele encoraja os interessados a participarem do evento e descobrirem a riqueza do cinema de horror.

“Apesar do que se convenciona no pensamento popular, o gênero de terror não diz respeito só a construção do medo no espectador. É um tipo de categoria que investiga a fantasia, pode trabalhar com o sentimento do nojo, da inquietação e do maravilhamento. Algumas das obras mais incríveis da história do cinema são de horror e vale muito mais a pena se aventurar nesse gênero para poder contemplar esses filmes do que ter medo e deixar de viver uma boa experiência cinematográfica.”

Os cineclubes desempenham um papel fundamental na democratização do acesso ao cinema, oferecendo uma alternativa acessível e livre de interesses comerciais. Além disso, proporcionam atividades educativas, promovendo debates e ampliando o conhecimento cinematográfico dos participantes.

“ O cineclube é uma forma de acesso gratuito e democrático ao cinema, para além disso, não possui uma finalidade comercial. Também é uma atividade que possui um fim educacional. Cineclubes precisam ter um mediador que apresenta o filme para o público e conduz um debate após o fim da sessão. Dessa forma, as pessoas que acessam esses aparelhos culturais passam a participar de atividades formativas”, enfatiza o cineasta.

Sobre o coletivo

O coletivo “A Boca Filmes”, liderado por Felipe Feitosa e seus colegas Aram Amorim e João Gabriel Pelosi, vai além das simples exibições de filmes, buscando democratizar o acesso à sétima arte e criar um espaço cultural diversificado.

Originado da colaboração entre três amigos durante a faculdade de Audiovisual na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o “A Boca Filmes” foi a primeira semente plantada. A ideia surgiu da sinergia do trio em projetos acadêmicos e da vontade de explorar o cinema para além dos limites universitários. Rapidamente, o coletivo se transformou em uma produtora, seguindo a tradição de cineastas que buscavam uma linguagem mais popular e acessível.

O Cineclube, inicialmente concebido durante um clube de terror, expandiu-se para oferecer uma experiência cinematográfica mais ampla. De clubes de cinema digital a ciclos de faroeste e cinema japonês, o grupo não só diversificou sua programação, mas também transcendeu os muros universitários. A mudança para o Museu da Imagem e do Som foi uma estratégia ousada, levando o Cineclube diretamente à comunidade e expandindo seu alcance. O MIS proporcionou não apenas um local físico, mas também um importante suporte material para a estruturação do coletivo. O objetivo da ‘Boca Filmes’ é continuar expandindo, ocupando diversos espaços com novas propostas, reconhecendo o museu como um local fundamental para construir sua comunidade.

Programação

Conferir classe indicativa para os filmes. Algumas sessões possuem audiodescrição e a oficina na Cervejaria Capivas contará com intérprete de libras.Todas as atividades são gratuitas.

Cerimônia de Abertura
– Data e Horário: 9 de abril às 20h
– Filme: “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920), de Robert Wiene
– Local: Capivas Cervejaria
– Exibição do filme com trilha sonora interpretada ao vivo pela banda Ovelhas Elétricas.

Sessão do Filme “Garota Infernal”
– Data e Horário: 11 de abril às 18h30
– “Garota Infernal” (2009), de Karyn Kusama
– Local: Museu da Imagem e do Som
– Sessão do filme com mediação, debate e fornecimento gratuito de pipoca e refrigerante.

Exposição no MIS
– Período: 11 de abril a 20 de junho
– Local: MIS (Museu da Imagem e do Som)
– Detalhes: Exposição inspirada no tema do cineclube.

Sessão Dupla: “Sangue de Pantera” e “O Homem-Leopardo”
– Data e Horário: 20 de abril às 16h
– Filmes: “Sangue de Pantera” (1942) e “O Homem-Leopardo” (1943), de Jacques Tourneur
– Local: CUFA
– Detalhes: Sessão dupla dos filmes com mediação, debate e fornecimento de pipoca e refrigerante. Acessível para pessoas com deficiência auditiva.

Sessão do Filme “Christine, o Carro Assassino”
– Data e Horário: 20 de abril às 16h
– Filme: “Christine, o Carro Assassino” (1983), de John Carpenter
– Local: Museu da Imagem e do Som
– Detalhes: Sessão do filme com mediação, debate e fornecimento gratuito de pipoca e refrigerante. Acessível para pessoas com deficiência auditiva.

Serviço: Para mais informações sobre o coletivo, acesse, no Instagram, @abocafilmes. O MIS fica na Av. Fernando Corrêa da Costa.

 

Por Amanda Ferreira

 

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