Cia. Shamsa apresenta espetáculo ‘Tempus’

Foto: Divulgação
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Em uma noite única, a Cia. Shamsa apresenta o espetáculo de dança “Tempus”, no palco do auditório do teatro São José. A apresentação emerge o público em uma jornada emocional por meio da dança, celebrando as estações do ano e suas transformações inspiradoras. A magia ganha vida nas mãos habilidosas da Cia. Shamsa, cujas apresentações têm hipnotizado os espectadores de Campo Grande, desde 2016. O espetáculo acontece neste sábado (19), às 19h30, na rua Arthur Jorge, 1.762. Os ingressos devem ser comprados antecipadamente. 

A inspiração por trás do espetáculo “Tempus” surgiu há muitos anos, quando Anny Costa, mais conhecida como Anny Shamsa, professora de danças, bailarina e coreógrafa, enfrentou um período de depressão e em um momento que o entendimento sobre os transtornos mentais era pouco divulgado e discutido, ela utiliza-se da arte e transforma a experiência em um terreno fértil para a criatividade e desafogo. 

Em entrevista ao jornal O Estado, Anny explica sobre o processo de criação e a produção que será apresentada neste sábado (19). “O espetáculo ‘Tempus’ surgiu muitos anos atrás, por meio de um período difícil em que estive mergulhada na depressão, após dar à luz a minha terceira filha; na segunda gestação sofri um aborto espontâneo. Em decorrência, desenvolvi a síndrome do pânico e na época quase ninguém sabia do que se tratava. Eram poucas as pessoas que assumiam os transtornos e crises, enfim, uma época um tanto quanto ‘trevosa’. Mas que me rendeu muita criatividade, pois os sentimentos confusos me fizeram recorrer à escrita e a criar muito na dança”, relata. 

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A semente para o espetáculo foi plantada quando Anny escreveu um poema, em que retratou as estações do ano como sentimentos em transformação. Anos mais tarde, durante a pandemia, o isolamento permitiu que a coreógrafa revisitasse seus arquivos e conversasse com amigos próximos. Foi então, que sob o nome de “Ana’s”, a Cia. Shamsa produz um espetáculo inspirado nos doze signos astrológicos, trabalho que contribui para que Anny desenvolvesse suas habilidades artísticas até chegar em “Tempus”.

“Eu ainda era aluna de dança do ventre, comecei com a que considero minha mestra Regina Nejmi e sou eternamente grata por ela insistir em mim. Escrevi um poema sobre as estações em forma de sentimentos e guardei. Anos depois, mais precisamente durante a pandemia, pude mexer em meus arquivos, poemas, músicas e entre tantas outras coisas que tenho. Em seguida, em conversa com os melhores amigos, surgiu a ideia do espetáculo, o ‘Ana’s’ que foi inspirado nos doze signos. Sou pisciana e como tal transito com facilidade neles todos. Existe até uma explicação, que diz o signo de peixes já passou por todos os outros e por isso é o último e mais pacífico. Com o ‘Ana’s’ acessei em mim sentimentos agora bem mais maduros e com minha grande amiga e figurinista Angel Ajiki, criamos o ‘Estações’ que agora se chama ‘Tempus’”, rememora. 

A trajetória de Anny Costa é marcada por uma jornada apaixonada pela dança desde a infância. Ao longo dos anos, sua dedicação à dança foi culminando até o desenvolvimento da Cia. Shamsa, em 2016. O nome “Shamsa”, que significa “Sol” em persa, reflete a luz e energia que Anny e seu grupo trouxeram aos palcos. 

“Danço desde os 6 anos e como a maioria comecei no ballet, na escola, lá em Porto Alegre. Passei pelo jazz, montei um grupo de lambada com os amigos do bairro, no qual nos apresentávamos nos clubes da cidade, em festas temáticas. Era sensacional! Chegando em Campo Grande, comecei na dança do ventre e street dance, no final dos anos 90, fui integrante do grupo Natraj (primeiro grupo de danças árabes do MS). Participei com minha irmã caçula de um grupo de axé, nos apresentamos em vários lugares. Muitos desses anos foi me virando nos trinta, pois era casada e com duas filhas pequenas. O bom de tudo isso é que minhas filhas cresceram dançando com muita facilidade, pois eu levava elas para os ensaios. Atualmente, são minhas bailarinas. Em 2016, com um grupo ativo de alunas, resolvi doar meu nome artístico ‘Shamsa’ para o grupo, que se tornou a ‘Cia. Shamsa’”. 

Histórias e emoções 

O espetáculo “Tempus” narra a história de uma sacerdotisa escolhida para se tornar a próxima guardiã do templo. Cada uma das guardiãs-deusas das estações ensina, por meio de sentimentos profundos, reflexões sobre as diferentes fases da vida. “As guardiãs-deusas das estações ensinam por meio dos sentimentos mais profundos. Vejo que o feminino tem muito disso, assim como nas estações, estamos constantemente nos preparando para as mudanças, sejam elas sutis ou abruptas. Nos permitimos florescer sempre como a primavera, que é a própria esperança de dias melhores”, afirma. 

A dança tornou-se o meio de expressão ideal para essa história, pois é por meio dela que Anny sente sua alma mais exposta e genuína. Os integrantes da Cia. Shamsa também se entregam completamente à dança, envolvendo-se e transmitindo uma mensagem visualmente cativante, comenta Anny. Que acrescenta, com entusiasmo, que a confiança e a entrega do grupo só renovam os sentimentos que nutre por sua equipe. “A ideia de realizar isso por meio da dança é porque é a minha entrega mais pura, minha alma se desnuda quando estou dançando. Me sinto totalmente entregue. Percebo isso nas bailarinas da Cia. Shamsa, elas se transformam, são lindas demais, é maravilhoso perceber essa transformação e entrega. A confiança e entrega só aumentam minha total gratidão e amor.” 

Expectativas e gratidão 

Ao falar sobre as expectativas para o espetáculo, a coreógrafa expressa confiança, mas também reconhece os desafios de realizar projetos independentes. O grupo Cia. Shamsa não possui investidores ou patrocínios, o que faz com que cada realização seja uma conquista unificada. “Somos um grupo independente, sem investidores ou patrocínios de qualquer forma, é sempre uma loucura quando aceitamos realizar qualquer projeto. Como eu digo, brincando, ‘vendemos o almoço para comer a janta’. Ainda bem que tenho a melhor equipe, unida, que abraça as ideias. Realizamos rifas, bazares, saraus para juntar o dinheiro e dar início aos projetos maiores. Desde o ‘Ana’s’, que foi um projeto super ousado, conto com uma equipe e tanto. A dedicação das meninas é de se orgulhar!”, compartilha. 

O espetáculo promete transportar o público em uma jornada única ao longo das estações da vida, com uma combinação poderosa de dança e expressão artística, acredita Angélica Ajiki, figurinista da Cia. “O diferencial do espetáculo está na forma como transmitimos os sentimentos de forma lúdica, por meio da dança. Cada uma com sua particularidade e essência. Estudamos as estações, os elementos presentes nos devidos períodos e os sentimentos e sensações. Cada elemento do figurino, da dança, o espetáculo, ao todo, foi formatado de acordo com esse estudo.” 

A escola São José fica na rua Arthur Jorge, 1.762. Os ingressos para a apresentação custam R$ 25. Informações no (67) 98415-7205.

Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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