Astaroth é a primeira produtora de terror na Capital

Produzindo em Campo Grande um terror contemporâneo, o casal – apaixonados por gênero de terror desde crianças quando ainda caçavam por obras em fitas de vídeo – Ramiro Giroldo e Larissa Anzoategui invocam e dão vida, com recursos próprios à única produtora voltada ao gênero responsável por tirar o sono de muitas pessoas, a Astaroth Produções.

Do que inspirou o casal, Ramiro aponta que: “boa parte das principais referências vêm desse nosso período de formação, embora tenhamos afinidade com uma faceta da produção contemporânea de terror. Nossa produção tem muito a ver com o terror oitentista: às vezes mais preocupado em divertir do que em assustar ou chocar, com cores fortes e personagens femininas aparentemente delicadas mas na verdade muito fortes. Alguns cineastas que nos influenciam: David Decoteau, Brian Yuzna, Stuart Gordon, John Carpenter, Charles Band”.

“O cinema em diversos sentidos trava relações temáticas com a literatura, e vice-versa. Nosso interesse se volta também para a literatura de terror, é claro – pena que boa parte dela ainda seja pouco lida no Brasil, pela carência de traduções. Alguns autores que acompanhamos: Grady Hendrix, Ramsey Campbell, Clive Barker, Stephen King, H. P. Lovecraft”, pontua ainda Ramiro, roteirista da produtora.

Da última produção, “Domina Nocturna” vem como um filme de antologia, sendo um longa com várias histórias. “A princípio tínhamos a intenção de filmar apenas um curta, mas a ideia cresceu e acabou se tornando um longa. Ele tem um ar algo gótico e se inspira no romantismo – é uma espécie de encontro inusitado entre o cinema de terror B e a poesia de um Byron ou Álvares de Azevedo”, diz Ramiro.

Atuando ao lado da esposa, Larissa Anzoategui, que atua como diretora das obras. De acordo com o casal, o processo pode passar por variações, sendo que Ramiro e Larissa geralmente editam o filme, com a mixagem de som e a trilha sonora, ultimamente ficando nas mãos do músico Aldo Carmine: “mas já trabalhamos em diversas ocasiões com o também músico Leonardo Copetti. Finalizado o trabalho, é a hora do Daniel Shaman elaborar a logo do filme e o poster”, conta o diretor.

“O filme demorou quase dois anos para ficar pronto e, embora o projeto tenha se alterado durante a filmagem, a produção não foi das mais complicadas em que nos envolvemos. Possui filmagens em estúdio, um cenário de uma cripta concebida e materializada pelo artista plástico Joni Lima, nas ruas de Campo Grande e no tradicional Hotel Gaspar”, comenta Larissa a respeito do “Domina”.

“A melhor produção de terror contemporânea é a independente. Não nos agrada, inclusive, a maior parte da produção do gênero para os multiplexes. No Brasil, inclusive, há ótimos cineastas de terror que trabalham independentemente, como Rodrigo Aragão, Vinícius Santos e Felipe Guerra”, ressalta Ramiro.

Sem apoio das leis de incentivo, Ramiro conta que: “ultimamente, os recursos têm vindo em parte dos filmes já produzidos anteriormente. Vendemos pôsteres, camisetas e DVD’s no nosso site e disponibilizamos os filmes para aluguel via VOD (video on demand), por meio de links também disponibilizados no nosso site.

“Todos nossos filmes ficam, depois de finalizados, circulando por alguns meses no circuito de festivais. Nossos filmes já viajaram para várias cidades brasileiras; em países como Estados Unidos, Argentina, México, Chile, Uruguai e Bolívia”, conta o diretor.

Ramiro faz questão de ressaltar que as obras em versão física ainda existe e: “é consumida quase que somente pelos colecionadores. Sim, eles ainda existem: o cinéfilo, e no nosso caso o fã de carteirinha de cinema de terror, gosta de ter o filme na prateleira”.

Serviço: Nesse Halloween vale a pena conhecer o trabalho da Astaroth Produções pelo Youtube ou Vimeo; por @astarothprod no Facebook e Instagram, ou através do astarothproducoes.com

(Leo Ribeiro com Marcelo Rezende)