Campão se consolida como maior festival de MS, com público de quase 100 mil pessoas

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Imagem: Reprodução/Marithê do Céu/Divulgação

Apesar de ser “conhecido” como sóbrio e sisudo, o campo-grandense, na verdade, gosta de festa e de alegria. Quando há festa com boas atrações, diversidade cultural e artística e tudo isso é oferecido de forma democrática a várias localidades da Capital, tanto melhor. Por esta e por outras, o Campão Cultural, que teve início no dia 8 de outubro e terminou no sábado (15), se consolidou como o maior festival cultural do Estado, com mais de 200 atividades e público que beirou as 100 mil pessoas.

Para o titular da Secic (Secretaria de Estado de Cidadania e Cultura), Eduardo Romero, o Campão Cultural cumpriu seu papel de ser o maior festival de arte, cultura e cidadania de MS. “O mais interessante é que o Campão trouxe essa conexão de arte, cultura e cidadania durante todos esses dias. Não foram só os eventos dos grandes palcos, foram as trocas de experiências, as rodas de conversa, as oficinas com as comunidades, a Feira da Música, a exposição e venda de artesanato, moda, design, as artes visuais ocupando diversos pontos da cidade com intervenções artísticas em espaços públicos, experiências entre artistas nacionais e regionais, e ao mesmo tempo essa sinergia com o público, que teve, à sua disposição, eventos para todas as idades e para todos os gostos.”

Eduardo explica que a ideia do evento leva em conta, também, uma característica de MS: “A ideia é exatamente esse ‘caldeirão cultural’, essa característica de Campo Grande, de Mato Grosso do Sul, que é a mistura, a miscigenação, a multiculturalidade. O balanço é que foi um evento extremamente positivo, que reuniu uma grande quantidade de pessoas e não teve nenhum grande incidente, foi um evento com total segurança, acessibilidade – intérpretes de libras nas atrações principais –, era muito comum ver pessoas de todas as idades participando e acompanhando toda a programação”.

Para o rapper Mano Cley, um dos homenageados na cerimônia de abertura, com o grupo do qual faz parte, Falange da Rima, a democratização da cultura é uma das maiores benesses do festival. “Campão Cultural tem muita relevância para o artista regional, porque o artista pode mostrar seu trabalho em estruturas grandes, em vários locais da cidade. E o mais bacana de tudo é que o festival não fez distinção de ninguém, contemplou pessoas do Estado e aqui de Campo Grande. O mais legal é ver a periferia, o pessoal que não tem condições de pagar caro num ingresso para ver seu artista preferido ter acesso a esses shows de graça. É essa a relevância do Campão Cultural para Campo Grande: é o acesso, é contemplar vários artistas, vários segmentos. Que venham muitos festivais mais.”

Cley ainda destaca o tratamento dado aos artistas no evento, que foi de muito respeito. “Só de participar já seria incrível. Ser homenageado já é indescritível! Toda a organização do festival já mostrou um enorme respeito pelo movimento hip-hop sul-mato-grossense, oferecendo equipamentos de qualidade, que ficaram disponíveis durante todo o evento. Na verdade, foi uma festa de comemoração do hip-hop sul-mato-grossense. Vai deixar um legado, porque foi feito todo um trabalho de cultura, de gastronomia, e o mais bacana de tudo é que foi feito um trabalho na periferia também, isso que deixa a gente contente. Para nós, do Falange da Rima, fica o sentimento de gratidão eterna.”

O cantor Jerry Espíndola, que fez o show de comemoração de seus 40 anos de carreira no evento, afirma que “o festival Campão tem uma importância fundamental para os artistas de Campo Grande, a oportunidade de ver de perto shows nacionais, fazer uma conexão com artistas de fora, e ainda alcançar um público muito maior do que o de costume. Faz com que possamos aprender coisas, evoluirmos enquanto artista. Mas o ponto principal do festival, para nós artistas locais, é a Feira de Música que rola dentro do festival, esse evento, sim, é de uma relevância imensurável em termos de informação e oportunidades”.

Continuidade

Quanto a próximas edições do Campão, o diretor-presidente da FCMS (Fundação de Cultura de MS), Gustavo Castelo, afirma que o festival veio para ficar.

“Essa segunda edição do Campão Cultural veio pra consolidar o festival como um dos maiores do país, com uma programação diversa, descentralizada, para que o acesso à cultura chegue o mais longe possível, conseguimos atingir um público de mais de 97 mil pessoas, com cerca de 17 horas diárias de programação, shows, feiras, teatro, dança, cultura de rua, oficinas, patrimônio cultural e gastronomia, que trouxeram essa diversidade cultural que nosso Estado tem, para campo-grandenses e turistas. Isso só nos mostra que o Campão veio pra ficar.”

Eduardo Romero afirma que o festival foi criado para ser perene, ou seja, para ter continuidade fixa, assim como o FIB (Festival de Inverno de Bonito) e o Fasp (Festival América do Sul Pantanal). “O Campão Cultural surge para ser o terceiro festival que a gente realiza no Estado, com características como essa, de multiculturalidade. A intenção é de que ele siga, permaneça no calendário oficial e que ele reforce cada vez mais esse encontro de arte, cultura, cidadania e diversidade”, conclui.

Números

Conforme dados da Secic, os oito dias do evento foram intensos, com um total de 211 atividades, 37 oficinas, 19 áreas/linguagens artísticas e uma diária de 17 horas de programação, espalhados em quatro grandes regiões da cidade e também no Centro, além da comunidade quilombola Furnas do Dionísio. Com isso, foram 800 trabalhadores diretos, 5 mil indiretos e público de 97.510 pessoas, que correspondeu à expectativa da organização, que já esperava superar o público da primeira edição, em 2021, que foi de 65 mil pessoas.

O festival

Em 2021, a primeira edição do “Campão Cultural” aconteceu durante 14 dias, com 150 atrações em 20 locais diferentes, por 10 bairros da Capital e 2 distritos: Rochedinho e Anhanduí. Em 2022, a segunda edição foi concentrada na Esplanada Ferroviária e também nas Praças Ary Coelho e do Rádio, além do Parque das Nações Indígenas e de mais quatro bairros da cidade. Entre as atrações nacionais da música destacaram-se Péricles, Roberta Miranda, Nando Reis, que se apresentaria com Pitty – que acabou sendo impedida de chegar a Campo Grande por motivos alheios à sua vontade –, Silva, Olodum, MV Bill, Ludmilla e muito mais.

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS.

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