Conheça os fatores de risco para a síndrome da disfunção cognitiva que afeta os animais
Por Bruna Marques – Jornal O Estado
Infelizmente, o mal de Alzheimer em animais é comum, assim como nos seres humanos, principalmente quando os pets já estão idosos. A doença aparece porque o cérebro dos cães e gatos sofre mudanças durante o processo de envelhecimento, e essas transformações podem causar perda de memória e dificuldade de compreensão.
O problema é chamado de “síndrome da disfunção cognitiva”, quem explica mais sobre o assunto é a médica-veterinária e professora do Curso de Medicina Veterinária da Uniderp Dina Regis Recaldes Rodrigues Argeropulos Aquino.
De acordo com a docente, no caso da síndrome da disfunção cognitiva, os animais desenvolvem uma desordem neurodegenerativa . “Lentamente manifestam sinais progressivos de alteração mental e demência”, explica.
Por ser uma condição neurodegenerativa relacionada à idade, a síndrome acomete geralmente animais idosos, principalmente cães com mais de 8 anos de idade. Estudos mostram prevalência de 28% em cães com 11 a 12 anos e 68% em cães com 15 a 16 anos de idade. A prevalência em gatos com 11 a 14 anos pode chegar a 28%, e 50% em gatos com 15 anos de idade.
Sinais clínicos
Quando acometidos pela síndrome, os cães geralmente manifestam confusão, ansiedade, distúrbio no ciclo sono-vigília, desatenção, inatividade, andar compulsivo (especialmente à noite), demência, incontinência fecal ou urinária, dificuldade em subir escadas, incapacidade de reconhecer pessoas e animais familiares, diminuição da interação com a família e vocalização excessiva (especialmente à noite). Quando a síndrome acomete os gatos, os sinais são parecidos com os apresentados pelos cães: desorientação espacial ou temporal; alterações nas interações entre o pet e seus tutores ou outros pets; alterações no ciclo sono-vigília; alteração nos locais de evacuação, entre outros.
“As pessoas estão cada vez mais envolvidas emocionalmente com os bichos e essa troca afetiva influencia no estado de saúde do pet. Infelizmente, tanto para cães como para gatos, um dos sinais clínicos da síndrome da disfunção cognitiva é a incapacidade dos animais em reconhecer seus tutores”, destaca a veterinária.
Na maioria dos casos, o diagnóstico da síndrome é desafiador, feito com base nos sinais clínicos, exame clínico e histórico consistente com a condição. Há testes comportamentais muito úteis sendo desenvolvidos para mensurar a habilidade cognitiva dos pets e determinar alguns déficits. É possível evitar? Existem formas para tentar diminuir a probabilidade de o animal desenvolver a síndrome com o avanço da idade.
“Desde pequeno, o tutor deve fornecer ao pet um ambiente enriquecido, com oportunidades de exploração, exercícios, novidades, brinquedos que o estimulem, além de promover uma dieta adequada, indicada por um médico-veterinário, evitando fornecer ao bichinho alimentos processados, ricos em açúcar e gordura”, enfatiza.
Animais domésticos sedentários ou que permanecem muito tempo presos, pouco estimulados, entediados e com pobre enriquecimento ambiental durante a vida também podem se tornar mais propensos ao desenvolvimento da síndrome com a idade avançada. Outros fatores de risco, além da idade avançada, incluem sexo e porte do animal. Cadelas têm maior risco de desenvolverem a síndrome, assim como cães de pequeno porte. A síndrome não tem cura, mas a veterinária explica que os avanços da ciência permitem melhor manejo do animal para tentar diminuir o impacto dos sinais clínicos no seu bem-estar e no bem-estar dos tutores.
“Brincar em casa com o animal é um mecanismo para diminuir a ansiedade e ajudar no gasto energético, evitando o estresse, ansiedade e obesidade. Na alimentação, podem ser adicionados suplementos antioxidantes, probióticos, triglicerídeos de cadeia média, vitaminas B, C, E, ômega 3, carotenóides, peixes, entre outros. Cuidar desse membro da família é um bem para todos”, finaliza.
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