Blueseiro conhecido na Capital, Renatto Mendes se reinventa: um músico em constante metamorfose

Renatto Mendes
Foto: Divulgação

O guitarrista e cantor Renatto Mendes é músico desde os 16 anos de idade e, desde então, foi adquirindo experiências e vivências na música, o que foi, ao longo do tempo, sendo traduzido nos trabalhos desenvolvidos nas bandas pelas quais passou.

Agora, o artista descobriu a viola caipira ao fazer parte da equipe de Almir Sater, e nos conta um pouco sobre o trabalho que vem desenvolvendo e o que pretende lançar em breve.

“A viola tem sido um mantra, seu som tem sido um recomeço, me apaixonei e estou redescobrindo na música caipira, novas formas de sentir a vida, sempre fui uma pessoa ligada à natureza, às matas, aos animais, e ao místico lírico. Na viola tenho a liberdade de expressar sobre isso e sobre as idas e vindas do amor”, filosofa o novo violeiro.

Para ele, a nova fase é definida em algumas palavras: “Renovação, recomeço, metanoia (que é a mudança essencial de pensamento ou de caráter, uma transformação espiritual, para vivenciar uma nova maneira de enxergar a vida) e chamego são palavras que definem, é a reformulação que estou buscando já faz um tempo”.

Para o álbum que está preparando, Renatto afirma que o público pode esperar pela expressão da verdade que vive nele.

“Muita viola e canções que expressam a minha verdade. Sou uma pessoa de bem com a vida, então o trabalho tá refletindo esse meu lado”, adianta o cantor.

O início de Renatto foi como guitarra base da banda Whisky de Segunda, mas pouco tempo depois ele começou trabalho solo, sempre em busca de sonoridades influenciadas pelo jump blues, swing blues e jazz, e, inicialmente, formou uma banda com amigos de escola, à qual deu o nome de “Renatto Mendes & Blues Note Band”, que fazia apresentações somente em eventos da escola e no bairro onde morava.

A guitarra pela viola

Mais ou menos em 2007, juntou-se ao seu irmão João Carlos, que é baixista, e formou sua primeira banda de jump blues e blues tradicional, a “Mr. Willie Blues Band”. Com essa banda tocou com alguns “monstros” do blues nacional, como Décio Caetano, Robson Fernandes, Ivan Marcio, Adriano Grinneberg, Fábio Brum.

Mesmo tendo vivenciado essas experiências que são o sonho de vários amantes do blues, Renatto vinha, há algum tempo, “pensando fora da caixa”, como dizem os estadunidenses (“think ouside the box”), e buscava sonoridades diferenciadas para desenvolver novos trabalhos.

“Eu já vinha procurando uma sonoridade nova, já estava aberto às situações musicais, mas trabalhando especificamente com Almir Sater, Paulo Simões, Guilherme Rondom e o querido Celito Espindola, algo me fez ficar apaixonado pela música caipira”, explica o músico.
E o caminho que se abriu à frente de Renatto também acabou por abrir a ele novas oportunidades, possibilidades e sonhos de parcerias com artistas que ele admira. “Tem várias na verdade, já tenho conversado com alguns músicos e amigos que me apoiam, como Guga Borba, Dovalle, Felipe Roque (violonista do Almir), simplesmente porque eu os admiro muito – e claro – os conheço, me ajudam e me ajudaram como puderam”, comenta Mendes.

Para 2023, os planos se resumem em poucas – mas significativas – palavras: “Trabalhar bastante, tocar, produzir, compor mais e tocar mais um pouco”, diz Renatfo, aos risos.

Sobre o novo trabalho, o artista explica que o significado é muito maior do que realmente parece.

“Este trabalho é o que eu sinto sobre a vida e o mundo, estou feliz em finalmente colocá-lo em prática com pessoas e amigos tão talentosos, festejar a mistura da viola caipira, chamamé e blues, que é a minha escola e, acima de tudo, agradecer ao meu chamego Lorena Salles, parceiros de banda e produção”, afirma.

Neste momento, o “corre” é para produzir uma parte do que será lançado em breve, com composição de artistas locais. “Estamos em fase de produção de dois singles. O primeiro é uma composição de um amigo de Paranaíba, Tom Lenna, uma música linda, chamada ‘Estrada Afora’, com influência do chamamé e com uma pitada de tango argentino, tô muito feliz com o resultado, toda a equipe é sempre de excelência!”

“Vida pregressa”

A Mr. Willie Blues Band, mencionada por Renatto anteriormente, teve várias formações, com gravações de peso que tiveram a participação do gaitista Robson Fernandes, de São Paulo, o que rendeu uma participação na primeira edição do Bonito Blues & Jazz Festival, mas o grupo encerrou as atividades em 2013.

Nesse período, Renatto se ausentou dos palcos por três anos, retornando em 2016 com um projeto vigoroso intitulado “Renatto Mendes & The Old Trouble”, onde conheceu Rick Bergamo, com quem, em seguida, formou a “Mendes & Bergamo”, um duo de blues que veio a ser seu trabalho principal até 2019, quando se mudou de Campo Grande para Santa Catarina.

Por lá, montou a Renatto Mendes Band com a ajuda dos músicos da HeadCutters que lhe apresentaram alguns músicos de blues da região de Itajaí. Com o trabalho formado gravou um EP chamado “Long Away From Home”, disponível nas plataformas digitais.

De volta a Campo Grande, gravou com Bérgamo o EP “Live Session”, com músicas totalmente autorais, o que rendeu participação no Bonito Blues & Jazz Festival 2020.

Após a pandemia Renatto se reinventou totalmente e, com intensos trabalhos na equipe de Almir Sater, encontrou na viola a sonoridade que procurava para seu novo trabalho, caminhando entre o blues, chamamé, folk e suas influências brasileiras como Pena Branca & Xavantinho, Goiano e Paranaense, Mestre Bambico, Renato Andrade, o próprio Almir Sater, Tonico e Tinoco, Rolando Boldrin, Jair Rodrigues, Zé Ramalho, Raul Seixas, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Guilherme Rondon, Paulo Simões, Geraldo Roca, Carlos Colman, Filho dos Livres e Zé Pretim, entre outros.

Renatto pode ser encontrado nas redes sociais (Instagram, Facebook, Tiktok, YouTube) como @originalrenatto.

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS.

Confira mais uma edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *