Bloco Evoé Baco comemora 12 anos e levanta a bandeira da alegria como ação política pelas ruas da Capital

bloco eboe
Foto: Arquivo Pessoal

O tradicional bloco de rua, há mais de uma década, levanta a bandeira da alegria como ação política pelas ruas da Capital

O Bloco Evoé Baco, tradicional bloco de rua de Campo Grande, completa doze anos de folia, cultura e história em 2024. Organizado pelo Teatro de rua Imaginário Maracangalha, em prol da cultura e em reivindicação à cidade, sobretudo ao carnaval de rua, o bloco ocupará as ruas da Capital, quinta-feira (8), na Rua 14 de julho, às 20h. Confira a trajetória do Evoé e outras informações sobre o cortejo.

“Evoé!” era o que gritavam os participantes dos bacanais como forma de invocar Baco (ou Dionísio, para os gregos), deus do vinho e das festas, deus do teatro e do carnaval. Desde 2006, o Imaginário Maracangalha é um teatro de rua de Campo Grande que transforma lugares não convencionais da cidade em espaços para encenação, palcos de perspectivas críticas e provocadoras. Do centro à periferia, o grupo já circulou pela cidade, promovendo desde espetáculos até intervenções, de cortejos a sarobás. Formado por Fernando Cruz, Ariela Barreto, Moreno Mourão, Paulo Augusto, Fran Corona, Rodrigo Nantes, Pepa Quadrini e Ana Capilé, o Evoé Baco, segundo Moreno, é uma extensão do Maracangalha.

“Nós, do Teatro Imaginário Maracangalha, ocupamos a rua e os espaços públicos da cidade com arte, teatro e cortejo. A vontade de criar um bloco de carnaval com as características do grupo surgiu naturalmente. E ano após ano, saímos nas ruas travestidos de bacos, faunos, bacantes, sátiros, exus, marias, e com o passar dos anos, o bloco só cresce”, explicou o ator.

História

Sob a orientação do ator e diretor Fernando Cruz, desde 2012, os artistas se unem com cantores, percussionistas, blocos e outros coletivos, compondo a folia e dando vida ao Evoé. Um bloco que, segundo o diretor, tem como propósito levantar a bandeira da paz e alegria como ação política e coletiva.

“O carnaval de rua humaniza a cidade. Fazemos da cidade e das ruas o lugar de todas, todos e todes. A cidade é nossa! Por isso, ocupamos as ruas e levamos a bandeira da alegria como ação política, buscando realizar um carnaval sem assédio –não é não–, sem machismo, sem homofobia, sem racismo ou qualquer forma de preconceito”, exclamou Fernando.

O bloco Evoé Baco nasceu no cortejo do ‘Sarobá de Carnaval’ –sarau itinerante de múltiplas linguagens e o ‘Seminário Arena Aberta – Bloco na Rua’–, seminário de registro do patrimônio imaterial e resgate da história do carnaval de rua de Campo Grande, realizado pelo Imaginário Maracangalha em 2012. Desde então, suas folias circularam por bairros tradicionais da Capital, como o São Francisco, Amambaí e Esplanada Ferroviária. Ao longo dessa trajetória de mais de uma década, ocupando as ruas da cidade, fantasiados e felizes, os cortejos também foram um meio de trazer aos habitantes um novo olhar sobre o carnaval de rua.

“Os cortejos possibilitaram ao público ampliar sua percepção do carnaval e sua apropriação da cidade e de seus espaços esquecidos ou abandonados. Nestes locais por onde já passamos, sempre encontramos a parceria dos moradores, valorizando a presença do bloco e o pertencimento à cidade e sua história. Assim, ampliamos nossa relação enquanto grupo de teatro de rua e bloco de carnaval na interação e compreensão da cidade e de seu fluxo além do trabalho cotidiano”, explicou o diretor.

Evoé e os foliões 

Ao longo do tempo, por suas características revigorantes e contestadoras, por seus foliões ébrios cantando e dançando, o Evoé Baco conquistou o campo-grandense. Foliã desde a primeira ida do bloco à rua, a agricultora Mary Nogueira compartilha que são 12 anos de memórias formidáveis construídas em conjunto com o bloco.

“Quando entrei no bloco, estava passando por um mau momento em minha vida, e o Evoé trouxe a alegria de viver e o amor em minha vida. Eu comecei a ir ao Evoé Baco em 2012, e lá se vão 12 anos esquentando os tamborins com animação, amor e respeito ao próximo. Evoé Baco é feito de amor, alegrias, sonhos e folias!”, enfatizou a foliã.

O bloco, por todos os seus elementos – a música, a fantasia, por seu efeito catártico e potente, já conquistou mais de 700 foliões durante seus cortejos. Em 2014, no bairro São Francisco, com a participação da orquestra Vai Quem Vem, cerca de 500 pessoas desceram a Rua Eça de Queirós, festejando com o Evoé Baco – um momento marcante para o grupo. Outro momento especial, destacado por Moreno, foi o cortejo realizado em 2019, no bairro Amambaí.

“Rumo em direção ao bar do Bola, em frente à antiga rodoviária, mais de 500 pessoas –entre orquestra, bonecos gigantes, pernaltas, bacos, dons quixotes– a Orquestra Vai Quem Vem foi fazendo a chamada e o chão tremia, o coração pulava, quando o cortejo começou. A galera fervia; foi uma catarse coletiva. Carnaval é a catarse coletiva”, disse o ator.

Programação 2024 

Em 2024, o Bloco Evoé Baco reinvindica a folia e ocupa as ruas conjunto da Anarco Charanga Evoé Baco. Composta por povos de terreiro, blocos, coletivos, tocantes, brincantes, ambulantes e foliões, quinta-feira (8), os artistas iniciam a concentração a partir das 17h, no Bar Tupi, na Rua Antônio Maria Coelho 1189. Às 20h, o cortejo desce a Rua 14 de julho até a Marechal Cândido Mariano Rondon, nº 1500, na Central de Economia Solidária. Local onde a folia continua com a participação de Vinil Moraes cantando e batucando. Para mais informações, acesse o @imaginario.maracangalha, no Instagram.

Por Ana Cavalcante.

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