Banda festeja 40 anos com especial no canal BIS, álbum acústico, EPs e turnê nacional
Por Marcelo Rezende – Jornal O Estado de MS
Passaram-se 40 anos desde que Léo Jaime indicou um amigo a Guto Goffi, Roberto Frejat, Dé e Maurício Barros. O amigo do Léo Jaime era Cazuza. Contando uma versão nova de uma grande história, o Barão Vermelho, hoje composto por Rodrigo Suricato (guitarra, violão e voz), Fernando Magalhães (guitarra e violão), Guto (bateria) e Maurício (teclados e vocais), comemora quatro décadas.
Tem série rolando, um especial em que a banda se apresenta para uma plateia incendiária e emocionada em um teatro no Rio, ao mesmo tempo em que mistura entrevistas e imagens de bastidores. A série está sendo exibida no canal BIS aos sábados, 27 e 3 de setembro, sempre às 23h (horário de Brasília), além de um álbum, três EPs e turnê de 40 anos. A banda conta agora com Márcio Alencar no contrabaixo.
O baterista e fundador do Barão Vermelho, Guto Goffi, concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Estado e contou um pouco dessa história regada a muito blues e rock and roll. Goffi falou sobre a série, a turnê e sobre o poder da música da banda, que em quatro décadas influenciou a vida de tanta gente.
“Sem dúvida essa série foi uma surpresa boa. Um presente. Batizada de ‘Barão 40’ e mostra a trajetória de uma banda que atravessou quatro décadas. Nós deixamos muitas músicas no imaginário das pessoas e no coração. Teve gente que acompanhou, teve gente que casou, que conheceu a esposa no show do Barão, teve outro que o filho estava na barriga durante o show do Rock in Rio. São histórias que você não imagina como elas se multiplicam. Como é poderosa essa coisa da música, do momento em que ela toca no rádio e chega ao coração das pessoas.”
Dada a dificuldade em separar um repertório que contasse 40 anos de banda, o baterista falou da dificuldade em realizar esse trabalho, levando em conta a extensão da obra do Barão Vermelho.
“Escolher o repertório é uma das coisas mais difíceis! É um grupo com uma obra extensa, acho que a gente gravou cerca de 17 trabalhos, discos de estúdio e disco ao vivo, e realmente foi difícil. Mas essa formação atual, ela presa muito pelo equilíbrio democrático, que na verdade é a melhor forma de você manter uma banda viva e feliz e todo mundo interessado no que está fazendo. É necessário fazer uma partilha honesta, tem de repartir o pão e o vinho de uma forma que agrade a todos. O que é uma coisa boa, para ter estabilidade para fazer o trabalho e seguir ali com todas as pessoas na estrada. As formações têm química diferente, tinham gerações diferentes, então essa coisa muda muito de uma formação para a outra.”
Quatro décadas de sucesso
Guto Goffi credita a longevidade da banda a originalidade e influências diferenciadas, que os músicos trouxeram consigo, e cita a fase Cazuza.
“Eu acho legal que a galera do rock, seja lá de que geração for, começou a curtir muito esse lado marginal do Barão, que veio por meio da poesia do Cazuza, que sempre curtiu Luiz Melodia, Angela Ro Ro, sempre tentou aplicar essa linguagem dos malditos, dentro da coisa do rock dos anos 80, o Barão era um pouco diferente das outras bandas por isso, né.”
“A parte textual tinha uma coisa mais beatnik, mais marginal mesmo, mas de vida vivida, de verdade. O Barão nunca foi roqueiro de butique, a gente não precisou comprar calça rasgada, as nossas calças ficaram rasgadas mesmo de usar todo dia aquele jeans, aquele All Star, uma geração muito libertária. Eu acho que tinha ali muita coisa presa por conta da ditadura militar e que nos anos 80 isso conseguiu fazer essa geração explodir.”
40 anos, três vocalistas
Gutto Goffi traçou uma linha do tempo e explicou que o segredo é não repetir fórmulas com cantores diferentes.
“Eu tive a sorte de estar nas três formações desde o início. Eu sou fundador do grupo com o Maurício Barros. Depois encontramos o Dé (contrabaixista), depois encontramos o Frejat (vocal e guitarra), e por último encontramos o Cazuza. Depois teve a fase em que o Cazuza saiu também, e tivemos de consagrar o Frejat como cantor. Passamos um longo período dando suporte para sustentar aquela candidatura, a postulante a cantor, e o Frejat é considerado hoje um grande cantor.”
“Agora estamos na terceira formação, com o Rodrigo Suricato, que traz muita novidade para o grupo, não só como cantor; ele é um excelente cantor, muito afinado, e como melodista, mas também como guitarrista e violonista. Ele tem uma presença muito poderosa em instrumentos de corda, tem muita personalidade; e trouxe um pouco desse folk dele para o Barão. Então a gente conseguiu revisitar a obra do grupo, mas não repetindo as fórmulas, a gente tentou achar caminhos novos, demos novos arranjos, para também acompanhar a maturidade da banda como músicos, já que estamos há 40 anos fritando esse ovo aí”, brincou o músico.
Barão Vermelho em Campo Grande?
Questionado sobre a possibilidade de incluir Campo Grande na próxima turnê, Guto Goffi afirmou que gostaria muito de retornar a Mato Grosso do Sul.
“Eu sou apaixonado pelo Brasil, o Barão é, né. A gente já teve oportunidade de viajar muito por esse país, nesses 40 anos e quando o Barão voltou com essa terceira formação, eu fiz aquela oração de agradecimento e pedi pra Deus pra me ajudar a chegar a todos os lugares do Brasil. Os possíveis e os impossíveis, que eu gostaria muito de um dia, depois que eu me aposentar, eu poder falar que eu conheço o meu país todo.”
“Olha eu conheço o Brasil de uma ponta até a outra ponta, então Campo Grande não pode ficar de fora desse sonho, desse pedido, dessa oração, porque é uma capital fantástica, além de Mato Grosso, Goiás, esses estados todos têm um protagonismo enorme na agricultura e na pecuária. São estados muito poderosos dentro da federação e eu gostaria muito que o Barão chegasse até aí, mas dependemos da boa intenção e da boa vontade de quem realiza os shows, então é isso, esperar pintar a oportunidade para o pessoal chamar a gente”, disparou o músico.
O baterista, que junto com o Maurício Barros fundou o Barão Vermelho, não esconde a felicidade em estar de volta à estrada, cheio de novidades para os fãs.
“Você imagina que eu faço parte dessa história desde 1981, eu sempre fui da banda, nunca joguei a toalha. Eu estou feliz de ver isso de novo acontecendo dessa forma, a gente fazer um disco tão bonito, essa série Barão 40, com 4 episódios muito legais também, e a toda essa oportunidade de exibir o Brasil, de poder ir a todos os lugares do Brasil, com uma turnê nova que representa os 40 anos de música nossa pelo país, além do reencontro com todos os fãs que estão espalhados pelo Brasil e a garotada nova que fica curiosa”, finalizou Guto Goffi.
Serviço:
Conheça novo álbum “Barão Acústico” por meio do link: https://links.altafonte.com/barao40acustico.
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