Cores vibrantes estampam o mural ‘Entrelinhas’ colorido por artista, no IFMS de Ponta Porã, que deve ser lançado no fim do mês
Um mural de 166 metros, do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), de Ponta Porã, está sendo colorido pela artista plástica e professora Angela Silva, que após uma experiência com o muralismo mexicano resolveu trazer os conceitos aprendidos para a pintura do muro. Denominada “Entrelinhas”, a obra representa a identidade fronteiriça da cidade, que faz divisa com o Paraguai e está sendo finalizada para ser lançada no fim deste mês. O trabalho foi contemplado pelo FIC (Fundo de Investimentos Culturais), promovido pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), por meio da Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
Os traços meticulosos e as cores vibrantes do desenho estampam o mural que captura a essência da vida cotidiana, tradições, cultura e a diversidade da região de fronteira. Além da comunidade escolar, a obra pode ser vista até por quem chega ou sai da cidade, pela BR-463. “Entrelinhas” começou a ser concebido há três anos, após uma experiência da artista, no México. Em 2020, Angela, que reside em Ponta Porã desde 2015, participou de um evento de muralismo na Cidade do México e em 2021 esteve no Equador, onde se dedicou exclusivamente à pintura por dez meses. A artista explica os conceitos trazidos das vivências para a obra, pois, segundo ela, foi o que aguçou sua narrativa, levando-a a compreender que a arte é uma possibilidade válida de estudo e profissionalização.
“O entendimento de que um mural é uma forma de contar uma história com imagens, registrar percepções com elementos visuais, quase como estabelecer uma conversa coletiva entre os universos internos da pessoa que faz arte e das pessoas que entram em contato com a obra produzida, são alguns conceitos que trago da experiência em 2020, que despertavam a vontade de produzir um mural com essa temática.”
O desenho aborda elementos de imagens que se relacionam simbolicamente com respostas encontradas durante a etapa de investigação, realizada no fim do ano passado. Nesta etapa, foi realizado um questionário, respondido por pessoas da comunidade e, também, por cinco pessoas com perfis distintos e destacada atuação no setor cultural da fronteira que foram entrevistadas.
“Vivo em Ponta Porã desde 2005 e percebo diversas peculiaridades presentes na forma de se relacionar com o espaço e com as pessoas. É bastante comum a fala de que há uma identidade de fronteira, mas, para mim, essa identidade sempre foi um mistério. Algo invisível, que sabemos a presença ainda que o olhar e as palavras não deem conta de alcançar. A suspeita de que com elementos de imagem poderia ampliar, por meio dessa conversa que um mural pode promover, a percepção dessa presença invisível que nos faz únicos enquanto comunidade que transita entre nações me levou a construir a proposta do projeto”, conta.
Incentivo
“Entrelinhas” foi contemplado pelo FIC/MS (Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul) e a artista destaca que o incentivo é fundamental para a classe, além de beneficiar e impactar a vida de diversas pessoas.
“É fundamental o incentivo, porque todo o recurso financeiro para desenvolver o projeto parte do FIC e não sou só eu a beneficiada, além da comunidade que a obra vai passar a fazer parte, tem toda uma cadeia produtiva, porque estamos produzindo também um documentário de curta-metragem, retratando a investigação do projeto, investigação e processo criativo da pintura. Tem os painéis de brainly, teremos uma placa na parte de baixo do mural, tem o pessoal que fará um filtro de Instagram, ele terá uma interação digital também. Então, são várias pessoas envolvidas no projeto que se beneficiam. Nesse sentido, o FIC é fundamental para a produção artística e cultural do Estado, é um recurso que viabiliza muitos projetos bons, com impacto diretamente na vida de muitas pessoas. Se olharmos todas as áreas que o edital contempla, é realmente bastante importante”, ressalta.
Ela completa que o FIC é uma ferramenta importante para democratizar a produção e o acesso à arte em Mato Grosso do Sul. “Ele é uma ferramenta muito poderosa de democratização da produção e do acesso aos produtos artísticos culturais que o Estado promove. Ele alcança o interior (tem projetos aprovados, como o meu, que é no interior do Estado) e eu vejo como quase um patrimônio o nosso fundo de investimento em cultura.”
SERVIÇO:
A obra está prevista para ser lançada no dia 30 de junho, em Ponta Porã. Para conferir as produções da artista Angela Silva, acesse o site: http://traduzindoinvisivel.com ou veja o perfil do Instagram: @traduzindoinvisivel.
Por Livia Bezerra – Jornal O Estado do MS.
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