Artista de MS lança álbum em homenagem ao maior compositor da música sertaneja

Fotos: João Gabriel Vilalba
Fotos: João Gabriel Vilalba

Apresentando conteúdos com letra mais leves e com histórias diárias, o compositor Paulinho Robson, lançou recentemente em todas as plataformas digitais o álbum Pacificas.  O trabalho musical tem as participações especiais de músico Béko Santanegra e compositor Eduardo Ramirez e é uma homenagem a um dos maiores compositores da música caipira sertaneja brasileira: 

O ãlbum recém lançado é de inspiração ao João Pacífico que faleceu em 1998 deixando mais de 600 canções, das quais foram gravadas por artistas de renome nacional como Tião Carreiro e Pardinho, José Rico e Milionário, Tonico e Tinoco, entre outros.

O álbum, lançado oficialmente no dia 26 de agosto, tem 7 canções: A Outra Cabocla Tereza – composta em parceria com Eduardo Ramirez, Naquela Mesa Caipira, Príncipe, Reflexos – o menino no espelho, Sabedoria do Ipê, Valsa para Eduardo – uma canção instrumental (todas compostas por Paulinho Robson) e Reisado – Hoje eu tenho de tudo, amanhã tenho nada, parceria com Béko Santanegra. Um trabalho que mostra com muita leveza, o universo rural de um tempo sem televisão, como diz a faixa autobiográfica Reflexos – O menino no Espelho.

Paulinho Robson afirmou que a ideia de homenagear João Pacífico surgiu por volta de 2017 quando assistiu a um documentário da TV Educativa de São Paulo que contava a história dele, com cenas dos seus últimos dias em um sítio de um casal de fãs no interior de São Paulo e imagens de árias fases de sua vida. Paulinho disse que ficou muito impressionado com o jeito de João Pacífico escrever suas canções. Assim as duas primeiras músicas surgiram, sendo “Naquela mesa caipira” e “A outra cabocla Tereza”. A primeira o retrato para parte de sua história e do seu processo criativo, citando algumas das suas composições. “A outra cabocla Tereza” teve como propósito dar um novo fim para a mais triste história da música caipira raiz, ou seja, o feminicídio de uma cabocla por ciúmes.

O compositor Paulinho Robson relatou que a intenção deste álbum era mesmo de dar dois enfoques: resgatar a história e parte da discografia de João Pacífico, homenageando e resgatando o tempo em que viveu o auge de sua carreira, que em parte coincide com a infância do próprio Paulinho Robson na roça, na Piabanha, localizada no Vale do Rio Pardo, entre Itapetinga e Itambé, na Bahia. Nesse álbum “Pacíficas” há uma música que resgata as rancheiras de origem mexicana, com todos metais comuns nos anos 50 (Sabedoria do Ipê) e músicas autobiográficas como  “Príncipe ” e “O Menino no espelho” que se refere a uma música que ele cantava para as visitas (na época tinha seis anos).

João Pacífico  

Um dos maiores compositores da música sertaneja, João Pacifíco, nasceu no Núcleo Colonial de Cascalho, antiga fazenda Cascalho, zona rural de Cordeiro, hoje Cordeirópolis (SP). Ele mudou-se para Campinas em 1919, quando sua mãe, foi trabalhar na casa de Ana Gomes, irmã do maestro Cerlos Gomes, e logo após passou a ter mais contato com os músicos da cidade grande. Em 1923 o jovem baterista entrou para a Orquestra Sinfônica de Campinas, chegando a tocar a abertura de “O Guarani” de Carlos Gomes, no Teatro Dom Bosco. Em homenagem a Campinas, escreveu o poema “Cidade de Campinas”, musicado mais tarde por Raul Torres. Seu primeiro emprego foi “ajudante de lava pratos no carro-restaurante da Cia Paulista de Estradas de Ferro, onde seu pai era maquinista.

Em 1937, Raul Torres foi para a  RCA Victor e levou com ele o cantor Serrinha que fazia a segunda voz na dupla e nesse mesmo ano gravaram Chico Mulato, música que consagraria João Pacifico como um dos mais importantes compositores de sua época. Em seguida veio o grande clássico que atravessaria décadas: a história de amor Cabocla Tereza, gravada por Torres e Serrinha em 1940. Anos depois, em 1982, o enredo de Cabocla Tereza acabou virando filme. João Pacífico morreu no dia 30 de Dezembro de 1998, em Guararema, onde foi enterrado com a presença de poucos amigos que cantaram algumas de suas obras imortais. Em Cordeirópolis, sua terra natal, por iniciativa de Vilma Peramezza, foi criada a “Casa de Cultura João Pacífico” em sua homenagem, enquanto a Câmara Municipal, instituiu a “Medalha João Pacífico”, que é dada a personalidades. Em Guararema, institui-se a “Semana João Pacífico”, em homenagem ao Poeta do Sertão.

 

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