A novela da mulher que vira onça se despede amanhã deixando boas recordações e saldo positivo para MS
Mais de 30 anos após o “nascimento” de personagens como a bela mulher que vira onça e o Velho do Rio, o remake da novela “Pantanal” trouxe novamente à vida personagens dos quais muitos brasileiros estavam saudosos e outros, mais jovens, ainda não tinham tido a oportunidade de conhecer. Com isso, os olhos do Brasil se voltaram para MS, detentor das belezas do Pantanal sul-mato-grossense, e para a nossa cultura.
Agora, com o capítulo final programado para amanhã (7), qual é o balanço que podemos fazer? O produtor local da trama, Leandro Reis, que ficou responsável por receber e assistir toda a equipe envolvida na produção, faz uma avaliação. “Eu ficava em Aquidauana para recepcionar todo mundo que chegava. Eu saía praticamente todos os dias para ir à Piraputanga para recebê-los na hora do almoço. Eu chegava ao distrito e as pessoas já começavam a falar: ‘Olha lá, tá chegando artista”, relata.
Uma das diferenças percebidas por Leandro foi no desenvolvimento local, pois, já no restaurante onde o elenco e a equipe técnica faziam as refeições, foi necessária a contratação de novos funcionários, como garçons, cozinheiros, bem como o aumento da compra de insumos para o restaurante no distrito, fazendo com que a comunidade “girasse” resultados em termos de comércio, economia e desenvolvimento local.
Além disso, outras compras também eram realizadas, tanto para a produção quanto para elenco e equipe técnica, desde itens de farmácia, passando por selaria, até combustíveis, levando, invariavelmente, a um aquecimento do comércio de Piraputanga e Aquidauana.
Artistas regionais
Para o ator campo-grandense André Tristão, ter feito parte de uma das maiores novelas da teledramaturgia brasileira foi uma experiência e tanto. “Foi uma experiência deliciosa chegar ao Pantanal e encontrar com toda a equipe, reencontrar amigos – encontrei dois veteranos meus da faculdade, isso foi muito legal – e também chegar a um local desconhecido e ter gente para te acolher, isso foi bem especial. Conhecer novos colegas, os atores da novela, trocar experiências e fiz muitas amizades. Fica aquela sensação de ‘que delícia ter feito parte de tudo isso” ‘, afirma.
Tristão entende que o fato de os olhos do país terem se voltado para o bioma é algo positivo. “Os holofotes viraram para o nosso Estado, as atenções estão nele, para o ecoturismo isso é muito importante, esse olhar é importante para o cuidado desse bioma. As pessoas estão olhando mais para cá, e o ruim é que estão olhando também com a ideia de explorar a região, mas tem também esse olhar de carinho, de amor que a novela proporciona, trazendo essa ligação de afeto com a região”, explica.
O ator e jornalista Tero Queiroz diz que ter participado da novela foi algo que o deixou lisonjeado e é motivo de gratidão. “Eu amo atuar, fazer cinema e estar no set. A dinâmica desse trabalho faz meu coração acelerar. Em todos os sets que estive uma surpresa nova e novas experiências entraram no meu coração, e em ‘Pantanal’ não foi diferente”.
Ele considera que a novela ressaltou a importância do nosso bioma pantaneiro e o quão frágil ele é. “A trama mostrou caminhos alternativos para cuidarmos desse bioma, de maneira até didática. O Estado acabou se tornando destino de ainda mais turistas, para além de Bonito, cidades como a bela Aquidauana ganharam destaque no mapa do enredo, acredito que o Estado foi impactado de árias maneiras”, pontua Tero, referindo-se ao destaque nacional na TV.
Repercussão nacional
O ator Bruno Moser afirma que “Pantanal” marca a história tanto dentro quanto fora do país. “A novela conseguiu utilizar o Pantanal como pano de fundo pra uma história que mostra a riqueza da nossa região. Se as imagens e a história já encantaram o nosso público nacional, imagine o efeito que essa história terá nas mentes e corações das pessoas que nos assistirão ao redor do planeta. Essa novela já é um marco internacional”, afirma o artista.
Para a atriz Ligia Prieto, participar da novela “Pantanal” foi algo meio que imprevisto, já que à época ela estava envolvida em outros projetos, mas a experiência foi importante para a artista. “O elenco recebeu a gente com muito carinho, foram muito generosos, e nós trocamos muito. Foi uma participação pequena, mas a Dira Paes me disse: ‘Lígia, é uma participação pequena, mas na novela mais importante do país’, e eu pensei ‘é verdade’!”
Elenco principal
As gravações encerraram no dia 30 de setembro e, além do registro de mais uma novela que marca a história da teledramaturgia brasileira, o elenco, já saudoso, tem muitas lembranças de uma vivência que jamais vai esquecer. Para a protagonista, a atriz Alanis Guillen, que viveu a Juma Marruá, “Pantanal” está mudando sua vida. “‘Pantanal’ está ainda modificando muito a minha vida a cada dia. É tanta coisa que se vive, tanta transformação, interna, externa, e eu sinto que ainda é cedo para digerir tudo isso. Sei que quando eu finalizar o trabalho vou ter tempo de elaborar e digerir. De cara, já posso dizer que foi um processo muito importante no campo de pesquisa como atriz”.
O ator Jesuíta Barbosa, o Jove, fala com o coração sobre a vivência trazida pela produção. “A sensação é de que nós, do elenco e da equipe, nos tornamos amigos, uma família. De ‘Pantanal’ em mim fica muita ternura, atenção e cuidado com o outro”.
Marcos Palmeira, ator que participou da versão original da novela na extinta Rede Manchete como Tadeu e no remake como José Leôncio, afirma que não se surpreende com o sucesso da trama. “Eu sinto que o dever está cumprido e fico muito honrado por ter vivido esse momento único. Tudo isso é especial. Alguns sucessos me surpreendem mais, esse não me surpreendeu. O que me surpreendeu foi a dimensão que tomou”.
Para Isabel Teixeira, que viveu a Maria Bruaca, a produção trouxe a sensação de viver muita coisa em pouco tempo. “Hoje, com o fim das gravações, o sentimento que está presente é de muito agradecimento por um aprendizado que não dá para valorizar, no sentido de colocar valor, porque foi um grande aprendizado num curto espaço de tempo. Parece que eu vivi dez anos em um, no sentido de adquirir conhecimento e aprendizado na prática”.
A atriz paraense Dira Paes afirma se sentir “meio” pantaneira. “O sentimento que carrego hoje é de agradecimento a essa equipe e elenco incrível que fez a novela. Essa parceria com o Marquinhos Palmeira, que é uma pessoa tão importante na minha vida profissional. Eu tenho muito a agradecer por ele estar no meu caminho, espero cruzar com ele muito mais vezes na minha vida. E entender que viver os momentos especiais não é o cotidiano das pessoas. É preciso valorizar quando isso acontece e eu estou vivendo intensamente esse momento. Eu me apaixonei pelo Pantanal, o local. E eu acho que sou meio pantaneira também”.
Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS
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