“A Viagem de Pedro” traz visão intimista sobre parte da vida de dom Pedro I

Foto: Divulgação
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Longa está entre os pré indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional

Por Marcelo Rezende – Jornal O Estado Online

Estamos na semana que antecede o Bicentenário da Independência do Brasil, e em ritmo de celebração à data, estreia hoje nos cinemas o longa “A Viagem de Pedro”, dirigido e roteirizado por Laís Bodanzky, que conta também com Luiz Bolognesi como corroteirista. No elenco figuram Cauã Reymond, Vitória Guerra e Rita Wainer.

A trama

Embora seja um filme que traz d. Pedro I como protagonista, a época retratada no longa não se passa durante o 7 de setembro. A trama traz um olhar intimista sobre a vida de dom Pedro I (Cauã Reymond) e dos eventos históricos que giram em torno do príncipe, com atenção para um momento determinante de sua trajetória. Em 1831, o primeiro imperador do Brasil volta à Europa sob condições adversas, no navio inglês Warspite. Diante de sua abdicação ao trono do Brasil, esse é um momento de profunda reflexão para d. Pedro I, que pondera os erros e acertos de sua administração desde o momento em que chegou ano país com sua família, aos 10 anos de idade, em 1808.

Críticas

Marcos Faria, do site Cine Set, deu quatro estrelas para o longa. “É tentador vislumbrar o ser humano por trás das roupagens do poder, como inúmeras cinebiografias de políticos atestam. Raramente, entretanto, alguma coisa verdadeiramente significativa ou original é dita sobre o biografado. ‘A Viagem de Pedro’, novo filme de Laís Bodanzky (‘Como Nossos Pais’), transpassa esse obstáculo, tanto por narrar um período na vida de Dd. Pedro I sobre o qual há poucos registros históricos, como usar o imperador como âncora para explorar uma série de outros temas. ‘A Viagem de Pedro’ mergulha fundo na psique em frangalhos do imperador, enquanto os fantasmas do seu passado voltam para assombrá-lo.”

Janda Montenegro considera o filme um grande serviço ao país “Em cerca de uma hora e meia de duração, ‘A Viagem de Pedro’ não é um filme comum. A produção de Laís Bodanzky não obedece aos padrões narrativos conhecidos, criando um filme que é uma espécie de documentário ficcional. Uma vez que o período imperial e colonial são conhecidos pelo povo brasileiro quase que inteiramente a partir dos registros escritos feito por europeus e seus descendentes (resgatados por pesquisadores e historiadores), mas cujos detalhes não chegam ao grande público nem mesmo durante o período escolar (não dá nem tempo né, são muitas matérias para estudar), ao trazer uma parte da história brasileira, ainda que com a liberdade da ficção, a diretora presta um grande serviço ao país, iluminando este episódio nublado do período imperial.”

Francisco Carbone, que escreve para o site Cenas de Cinema, elogiou a fotografia da obra. “Tecnicamente impressionante (a fotografia de Pedro Marquez, com sua luz natural e seus acertados recortes, é um capítulo à parte), ‘A Viagem de Pedro’ escorrega somente nesse lugar onde tantos também não alcançam; ao mirar em seus tantos alvos, o tratamento individual impecável não consegue fazer o conjunto progredir. Mas o rigor para compreender cada passagem, cada elemento narrativo, está muito evidente, soando como uma colcha de retalhos feita de cetim javanês – ainda assim com seus recortes e costuras aparentes, mesmo que suntuosos. Sua carga dramática, o lugar que compreende todas as vozes possíveis em cena, está quase sempre completo e compreensível.”

Isabelly Lima, da revista “Aventuras na História”, gostou do que viu. “‘A Viagem de Pedro’ é uma produção importante para o conhecimento da história, e também para a desconstrução de opiniões. No filme, a trama inicia e se encerra com a analogia de uma estátua com as perguntas ‘a que custo?’ e ‘para ser adorado por quem?’, então, a passagem nos faz refletir acerca da história e seus altos preços, não somente financeiros, mas emocionais.”

Curiosidades

Em entrevista ao site Tangerina, a diretora Laís Bodanzky explicou que sempre foi seu intuito mostrar as nuanças de dom Pedro 1º além daquele contado nas escolas. “Olhar para o nosso passado, para a história do Brasil, sem um olhar contemporâneo, é fazer um filme velho. Talvez o Brasil de 1831 não seja tão diferente do Brasil de hoje. Pouca coisa mudou de 200 anos para cá”, argumentou Laís.

Vale destacar que “A Viagem de Pedro” está entre os pré-selecionados para representar o Brasil no Oscar. O Comitê Brasileiro de Seleção do Oscar 2023 definiu, na manhã de terça-feira (30), os seis longas pré-selecionados para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional, antiga categoria de Melhor Estrangeiro. De uma lista de 28 inscritos, foram selecionados “A Viagem de Pedro”, de Laís Bodanzky, “A Mãe”, de Cristiano Burlan, “Carvão”, de Carolina Markowicz, “Marte Um”, de Gabriel Martins, “Pacificado”, de Paxton Winters, e “Paloma”, de Marcelo Gomes. O representante brasileiro, de fato, será definido na segunda- -feira (5).

“A Viagem de Pedro” estreia nos cinemas do país hoje e a classificação indicativa é de 14 anos.

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