A moda por Anderson Alvves

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Referência na moda em MS conversou com o jornal O Estado sobre carreira, estilo e tendências

Pode não parecer, mas o conceito de moda vai muito além do conhecemos hoje, das lojas de departamento e alta costura. Peças de roupa começaram a ser confeccionadas logo nos primeiros sinais da humanidade, cerca de 600 mil a.C., para a proteção contra intempéries climáticas. Na Mesopotâmia surge a tecelagem e tingimento de tecidos; no Egito, as roupas ganharam identidade, e no século XIV roupas femininas e masculinas ganham diferenças.

De lá para cá, a moda passou por diversas mudanças (inclusive influências da 2ª Guerra Mundial), tendências e surgimento de grandes nomes, como Coco Chanel, Christian Dior e Gianni Versace. Além disso, a moda está entrelaçada com as mudanças culturais, tecnológicas, sociais e políticas, servindo como um espelho dos valores e estilos de cada época. No Brasil, mais especificamente em Mato Grosso do Sul, um nome de destaque na área é o de Anderson Alvves.

Fashion Stylist e editor de moda, Alvves atua no cenário da moda e da publicidade há 30 anos, tendo começado na profissão em uma publicação de moda aos 17 anos. Já trabalhou no eixo Rio-São Paulo, realizou importantes trabalhos para mercados internacionais como Itália e México, com experiência em revistas, catálogos, campanhas de moda, desfiles e campanhas publicitárias.

“Comecei minha carreira em uma extinta revista de moda em Campo Grande. Desde muito novo já era apaixonado por moda, comecei a ler revistas de moda com 8 anos. Aos 17 trabalhava na revista como assistente do editor. E o que me motivou foi isso, essa paixão pela moda desde muito novo, acho que também tem um pouco da influência nos meus 14, 15 anos quando o clipe Freedom do George Michael foi lançado”, recordou em entrevista para o jornal O Estado.

Personal Stylist

No dia-a-dia, muitas vezes temos dificuldade em escolher roupas e combinações diversas, que sejam adequadas para diversas ocasiões, o que acaba gerando frustrações e até compras desnecessárias (o famoso ‘não tenho nada para vestir!’). É aí que entra o Personal Stylist, profissional que orienta sobre o que vestir, pensando nos ambientes e nas características de cada cliente.

Como Personal, Alvves atende um público variado, com pessoas interessadas em ter um profissional que entenda como transformar e atualizar seu lifestyle e a maneira de como se apresenta ao mundo.

“Primeiro, temos uma entrevista pessoal, para entender o cliente e seu biotipo. Depois o closet detox, onde vemos peças que ele não deveria mais ter no guarda-roupa, ou que não favorece o cliente, e peças que podem ser mantidas. Após isso, fazemos o personal shopper, que são as compras de itens necessários, para repor os que eliminei, e compras de coisas que combinam com as peças que eu mantive”, explica.

“Depois entramos no visagismo, não é a minha parte, mas indico um profissional da minha confiança, que eu goste, para corte de cabelo, coloração, barba. Outro profissional também faz a colorimetria, se o cliente quiser. No final montamos os looks com todo o guarda-roupa”, complementa o profissional.

Durante sua carreira, Alvves já atendeu os mais diversos cliente, mas reforça que o estilo de cada um é respeitado durante a consultoria. “Eles estão me contratando para uma consultoria de estilo e moda, mas eu respeito muito o lifesytle dele, o estilo de vida, a profissão para criar qualquer look, desde um evento de trabalho, congresso. Vamos trabalhando com o estilo pessoal dele”.

Com esse tipo de trabalho, o stylist revela que é influenciado por diversas vertentes da moda e ainda explica sobre alguns estilos existentes.

“O meu estilo tem um pouco de minimalismo, ele não é nem o maximalismo e nem o quiet luxury. Porque o quiet luxury, ele pode ser maxi em relação a uma camisa oversize, alguma coisa nesse sentido, um grande acessório, mas não ter etiqueta. O quiet luxury é só o luxo silencioso. Geralmente não se usa logomania, a gente não vai ter logomarca. Eu sou um pouco mais minimalista, de cores mais neutras, quando eu estou fazendo, e com uma pegada no fetichismo, por exemplo, uma saia de couro, um escarpam, um salto agulha, quando eu produzo algum modelo, alguma campanha, eu entro um pouco para esse lado também, é muito a minha cara”.

Moda e mercado

Ao longo dos anos, houve diversas transformações no mercado da moda e da publicidade, influenciadas por diversos fatores, e expondo como a moda é cíclica, ou seja, tudo que já foi tendencia pode voltar as passarelas, geralmente com um intervalo de 20 anos – é por isso que vemos atualmente tantas peças dos anos 2000. Alvves destaca que essas mudanças são aparentes não apenas nas peças, como também na construção de campanhas.

“Acho que as grandes mudanças foram nos anos 40, o New Look Dior, a Chanel, que colocou a calça em alta, o masculino para mulheres, Yves Saint Laurent, também com peças que saíram do guarda-roupa masculino para o feminino. Eu acho que essas são as mais marcantes, que são as que eu considero os três criadores mais geniais e que depois deles, acho que vários criam, mas a maioria vem da vertente deles mesmo”, destaca.

A tecnologia

Vindo de uma época onde a moda não era tão instantânea, Alvves que sua transição do analógico para o digital serviu para agregar ainda mais o seu profissional.

“Iniciei a carreira em um período de transição, e acho que isso me trouxe mais bagagem. Não me atrapalhou, só me deixou mais seguro do meu trabalho. Em qualquer trabalho temos revolução digital, é preciso acompanhar o tempo inteiro, e se atualizar. Estar de olho nas tendências e saber dosar o que é bom, tirar, colocar, ver o que realmente fica”.

Ele ainda pontua que, com a influência rápida das redes sociais, os profissionais precisam entender as diversas tendências que surgem, e, a partir delas, retirar o que irá prevalecer e o que faz sentido.

“A moda sempre foi uma ferramenta de comunicação e arte, ao mesmo tempo, porque moda é arte. Eu acho que o papel social dela, em dias de hoje, muda muito rápido, com a era da internet, as redes sociais, tiktok e tudo mais, então as tendências são muito rápidas. Então acompanhar todas é muito difícil, por isso que eu acho que sempre o que vai prevalecer são os clássicos, o que realmente já fazia parte de um guarda-roupa, mas hoje nós temos muitos cores, o Brazilian Core, o Barbie Core, o Office Core, tem vários cores, e é tudo muito rápido. É muito do olhar de cada profissional para poder entender e manter isso aí, que vai estar realmente perdurando”, pontua.

“O mundo não tem fronteiras e a moda pode estar em qualquer lugar, não é preciso mais estar concentrada no Rio de Janeiro ou São Paulo, mesmo com a limitação de alguns locais. Hoje a moda é plural.

Local Magazine

Anderson Alvves também é editor da revista sul-mato-grossense de moda Local Magazine. Ela surgiu em outubro de 2020, na pandemia de Covid-19, visando unir moda, música e lifestyle.

“A Local é uma revista digital, pretendemos fazer uma edição impressa, trimestral, no futuro. Nasceu na pandemia, com uma vontade de fazer uma revista de moda, que não precisava ser algo estereotipado, e a inquietação de fazer um trabalho de moda em um período tão dificil”.

Por Por Carolina Rampi

 

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