1º Festival Okinawa: festa celebra os 110 anos de imigração okinawana para Campo Grande com atrações artísticas e muita cultura

Foto: reprodução
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Entrelaçado no próprio DNA de Campo Grande, a cultura okinawana é uma das forças motriz da Capital de Mato Grosso do Sul, presente na cidade menos de dez anos após sua fundação, em 1899. Para celebrar toda a cultura, tradição e história dos 110 anos de imigração, a Associação Okinawana de Campo Grande realiza a 1ª edição do Festival Okinawa, no dia 22 de setembro, a partir das 11h, na sede da instituição.

A festa trará atrações artísticas, apresentações culturais, delicias gastronômicas e uma feira com diversos itens. Mas além da diversão, o festival surge para celebrar uma cultura intrinsecamente ligada a Campo Grande, desde seus primórdios como cidade. Pelo viés histórico, a cidade morena foi fundada em 1899, pelo mineiro José Antônio Pereira, na confluência do que hoje são os córregos Prosa e Segredo. Nove anos depois, o Brasil era marcado pelo início da Imigração Japonesa, com o atracamento do navio Kasato Maru, no Porto de Santo, 1908. Apenas seis anos depois, em 1914, parte desses imigrantes, em sua maioria os provenientes da Província de Okinawa, integraram o contingente de operários responsáveis pela construção da Estrada de Ferro, e no final, criaram raízes em Campo Grande. Em 1922 esses imigrantes fundaram a Associação Okinawa na Capital, com o objetivo se ser um centro de auxílio mutuo, palco para discussões e soluções de problemas.

“Eu acredito que comemorar os 110 anos da imigração okinawana em Campo Grande significa comemorar a própria história do município. Estamos falando de uma comunidade que contribuiu expressivamente para a constituição, para o desenvolvimento do nosso município, seja por meio da construção da estrada de ferro, que reuniu um significativo contingente de famílias okinawanas, seja por conta do fator cultural e o legado desses primeiros imigrantes”, destacou o vice-prefeito de Intercâmbios culturais e artísticos da associação, Lucas Miyahira dos Santos.

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“É por isso que nós estamos propondo um evento inédito, o primeiro festival Okinawa de Campo Grande. Justamente por acreditarmos que celebrar a cultura de Okinawa é celebrar a própria cultura de Campo Grande. É uma cultura já integrada à matriz cultural da nossa cidade e por isso que nós estamos trazendo essa proposta do festival”, reforçou.

Culturalmente enraizada

É quase impossível não se deparar com aspectos da cultura okinawana em Campo Grande, seja na gastronomia, ou até mesmo no modo cotidiano. Uma das tradições mais lembradas – e apreciadas – é o sobá, trazido na bagagem no meio de muita tradição e cultura. A mistura de macarrão artesanal, ovos, ajinomoto, sal, óleo, shoyu e um caldo especial começou sendo servido apenas para os imigrantes, mas conquistou a Feira Central, e hoje é o carro chefe turístico de Campo Grande e foi até declarado como patrimônio imaterial da cidade. Outro ponto que merece destaque na cultura de Okinawa é o senso de coletividade dos primeiros imigrantes, que foi replicado nos locais por onde passaram. “Um exemplo prático é o próprio Moai. O Moai surge com as famílias de imigrantes de Okinawa e funcionava naquele momento como uma espécie de fundo de ajuda mútua e acabou se difundindo entre os cidadãos aqui da cidade como uma prática até mesmo de lazer e colaboração”, pontou Lucas.

O festival nasce, então, da vontade de celebrar os 110 anos dessa cultura e proporcionar uma experiência ainda maior para quem gosta e até quem deseja conhecer mais sobre Okinawa. “A comunidade da Associação Okinawa de Campo Grande, há muitas décadas promove e realiza eventos que celebram a cultura. Mas, ao longo dos últimos anos, temos visto que essas atividades ganharam uma visibilidade maior, inclusive pelas próprias redes sociais”, explicou Lucas. “E é esse incremento que nos incentivou a apostar num formato diferente, de um festival, que pudesse proporcionar uma experiência rica para todos os participantes, inclusive para aqueles que não conhecem ou não têm muita familiaridade com a cultura de Okinawa”.

A expectativa da associação é que o evento possa ser realizado anualmente. Conforme o Projeto de Lei n.º 11.421/24, já sancionado pela Câmara de Vereadores, o evento foi incluído no calendário oficial de eventos do município, juntamente com a autorização da criação do ‘Corredor Gastronômico Oriental, Turístico e Cultural’, na Rua dos Barbosas, entre a Avenida Dr. João Rosa Pires e Rua 26 de Agosto.

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“Queremos fazer o evento anualmente no dia 30 de outubro, data em que se celebra o Dia Mundial do okinawano. Esse ano, excepcionalmente, nós estamos realizando esta primeira edição em setembro, porque é um mês em que coincide com a data da celebração do aniversário da associação Okinawa e também com a comemoração dos 110 anos da emigração Okinawana em Campo Grande. E a expectativa é que o festival seja uma oportunidade de a gente preservar e difundir cada vez mais a cultura de Okinawa junto à comunidade de Campo Grande e junto às novas gerações também de descendentes Okinawanos”, pontua o vice-presidente.

Ichariba-choode

A programação do festival contará com grupos artísticos e culturais da associação, que trarão danças folclóricas, por exemplo, grupo de taiko, que são os tambores tradicionais de Okinawa, grupo de karatê, prática marcial originaria da província e atrações vindas de fora, como a banda Sankyo, direto São Paulo, que mescla a música tradicional okinawana com novas sonoridades.

“A cultura de Okinawa é reconhecida como uma cultura vibrante, uma cultura alegre. Então nós esperamos poder agitar todo o público com essa vibração, com o entusiasmo. Por outro lado, Okinawa também é reconhecida como a terra da poesia. Então existe um encantamento em cada canção, coreografia, que trazem à tona uma série de ensinamentos, valores, tradições. Então a nossa expectativa é também sensibilizar o público por meio dessas apresentações artísticas tradicionais e também inovadoras”, explicou Lucas.

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“Nós desejamos que não só as apresentações, mas o evento todo, reflita um pouquinho da cultura okinawana. Principalmente no aspecto do acolhimento, da união. Existe uma expressão muito popular em Okinawa que é ‘Ichariba-choode’, que nós poderíamos traduzir como ‘a partir do momento em que nós nos encontramos, nós somos todos irmãos’. E é esse sentimento que nós desejamos que esteja presente neste primeiro festival de Okinawa. Um sentimento de acolhimento, que todas as pessoas se sintam parte desse evento e conheçam ainda mais dessa cultura que reflete também esse senso de comunidade” finaliza.

Serviço: O 1º Festival Okinawa de Campo Grande será realizado no dia 22 de setembro, a partir das 11h, na Rua dos Barbosas, 110, Bairro Amambai, com entrada franca. Além das apresentações tradicionais, haverá concurso de cosplay, arena de expositores, foodtruck e praça de alimentação. Para acompanhar a agenda do festival, acesse o instagram @okinawa_cg ou o site http://www.okinawacgms.com.br/

 

Por Carolina Rampi

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