Presidente da Nelore MS aponta entressafra e ação do setor que evitaram queda no preço
Apesar do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, em vigor desde a última quarta-feira (6), o preço da arroba do boi em Mato Grosso do Sul não apresentou queda significativa nesta primeira semana, segundo o presidente da Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Nelore (Nelore MS), Paulo César de Matos.
Em entrevista ao jornal O Estado, concedida antes de sua fala na Comissão Permanente de Agropecuária e do Agronegócio da Câmara Municipal de Campo Grande, Paulo Matos detalhou a estratégia adotada pela classe produtora para mitigar o impacto da taxação.
“Houve uma ação coordenada para esclarecer os produtores e conter uma reação precipitada do mercado. Nossa intenção foi proteger o produtor para que ele não fosse penalizado logo no início dessa nova barreira tarifária”.
O presidente destacou ainda que o momento coincide com a entressafra do boi de capim, o que naturalmente limita a oferta e ajuda a manter os preços estáveis. “Hoje, o preço está 25% acima do praticado no ano passado, e as exportações brasileiras seguem crescendo, com aumento de 17% no volume. Mas não podemos ignorar a importância do mercado americano para Mato Grosso do Sul, que já representou 45 mil toneladas exportadas este ano”, frisou.
No entanto, Paulo Matos alerta que o tarifaço pode não refletir imediatamente na ponta do produtor, mas seu efeito é uma ameaça real para o agronegócio estadual no médio e longo prazo. “Ainda estamos analisando qual será o impacto real, porque é um cenário dinâmico e complexo, mas a sinalização é clara: o mercado americano pode se fechar ou reduzir drasticamente a demanda por nossa carne”, avaliou.
O convite para a audiência pública na Câmara Municipal partiu do vereador Landmark Rios (PT), presidente da Comissão de Agropecuária e do Agronegócio, que justificou a importância do debate. “Queremos ouvir diretamente os produtores para entender o que está acontecendo na prática e quais medidas podem ser adotadas para minimizar esse golpe à economia do nosso Estado”, afirmou.
Mato Grosso do Sul figura como segundo maior exportador estadual para os Estados Unidos em 2025, com a carne bovina como produto-chave. A taxação americana, imposta sem negociações prévias, desestabilizou o cenário comercial e já mobiliza produtores e autoridades em busca de alternativas para manter a competitividade no mercado internacional.
Para o presidente da Nelore, o momento exige união e ação rápida do setor produtivo e do poder público para proteger uma das principais fontes de renda do Estado: “Não podemos perder o mercado americano sem uma estratégia forte, sob risco de impactos graves para toda a cadeia produtiva”.
Por Djeneffer Cordoba
Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram