Ministério confirmou que o caso da “vaca louca” se trata de ocorrência isolada, por meio de exames laboratoriais
Após a oficialização do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) de que o caso EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), a doença da “vaca louca”, é uma ocorrência atípica, frigoríficos de Mato Grosso do Sul se dizem menos preocupados e acreditam em retorno das exportações para a China, até o fim deste mês.
No Estado, são três unidades licenciadas para realizar a atividade para o país asiático, sendo estas localizadas no município de Iguatemi (Agroindustrial); Rochedo (Naturafrig) e outro em Aparecida do Taboado (FrigoSul).
Gerente de compras do frigorífico FrigoSul, de Aparecida do Taboado, Fábio Ferreira, relata que o momento é de alívio para o mercado. Entretanto, destaca que ainda aguarda-se uma resposta. “Apesar de estarmos aliviados com a confirmação de se tratar de um caso atípico, ainda não se sabe a data que as atividades devem ser normalizadas. Sendo otimista, acreditamos que até mesmo antes do fim do mês, ou no mais tardar até fim de março isso deva acontecer”, ressaltou.
O representante da unidade de Aparecida do Taboado explica que a paralisação implica negativamente na pecuária do Estado e nacionalmente. “Atualmente, pelo menos 30% do mercado de gado de corte brasileiro são exportados para a China, o que interfere diretamente na queda do preço da arroba que, até o momento, acumula cerca de 5% de retração”, completa. No local, parte dos funcionários entrou em férias coletivas por 15 dias.
De acordo com o presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado), Sergio Capuci, a expectativa é de que tudo se resolva o mais rápido possível. “Não mudou nada, continua inalterado.”
“Assim como antes da confirmação oficial de se tratar de um caso atípico, estamos na dependência da boa vontade de o comprador liberar as atividades. Estamos na expectativa de que seja resolvido mais rápido. Esperamos que ocorra ainda dentro deste mês. Por ora, estamos vivendo de expectativas, de que tudo se revolva até o fim de março”, pontua. Na unidade da Naturafrig, em Rochedo, o trabalho segue paralisado, com previsão de retorno para 14 de março.
Anunciado na quinta-feira (2), após análise laboratorial da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), a notícia da ocorrência isolada deixou o secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) Jaime Verruck, animado. “Isso é muito positivo para a pecuária de Mato Grosso do Sul. E, novamente, como já aconteceu, no caso anterior, se confirma que a infecção ocorre em apenas um animal e decorre da idade do bovino, que desenvolveu características de doença iguais às da vaca louca”, destaca.
O titular da pasta lembra ainda que, a partir de agora, as medidas serão mais no âmbito diplomático. “Já pedimos, por meio de ofício do governo do Estado, este desembaraço e acreditamos que, em breve, o comércio será restabelecido”, conclui Verruck.
Reflexo
Estima-se que Mato Grosso do Sul pode deixar de exportar, em média, US$ 79,166 milhões por trimestre. O montante leva em consideração a Carta Conjuntura Internacional, divulgada pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), referente ao 4° trimestre do ano passado, com base em dados do Ministério da Economia.
A carne bovina foi um dos principais produtos exportados para China, Estados Unidos, União Europeia e Mercosul.
Outro fator que se refletiu sobre o mercado é a queda do preço da arroba do boi. Pressionado pela condição, os frigoríficos se veem obrigados a baixar os valores. “Interferiu na queda da arroba do boi, já que o escoamento da produção fica comprometido, fazendo com que o produto tenha que ser comercializado no mercado interno, que fica sobrecarregado”, detalha o gerente de compras do frigorífico FrigoSul.
Entenda
O caso foi confirmado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) no dia 22 de fevereiro, em um macho, de 9 anos, em uma pequena propriedade no município de Marabá, no Pará. O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local.
Desta maneira, seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China foram temporariamente suspensas, desde 23 de fevereiro. Na época, o presidente da Associação de Exportadores Brasileiros, José Augusto de Castro, disse à CNN que a suspensão deveria durar até abril.
No dia 2 de março, a análise do laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal confirmou, no dia 2 de março, que o caso isolado de “vaca louca” é atípico, do tipo H.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comunicou imediatamente o resultado da amostra ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e iniciou a inserção das referidas informações no sistema para a comunicação oficial à OMSA e às autoridades chinesas. Assim que foi concluído o processo, será marcada uma reunião virtual com o governo chinês para tratar do desembargo da exportação da carne bovina ao país.
Por Evelyn Thamaris – Jornal O Estado do MS.
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