Fábrica de amendoim em Bataguassu deve atrair empresas que compram produto de São Paulo

(Foto: Arquivo pessoal )
(Foto: Arquivo pessoal )

Em ascensão, produção em Mato Grosso do Sul tem gerado renda e empregos

Em plena expansão, a atividade produtiva do amendoim vem contribuindo significativamente para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, gerando renda para os produtores e empregos. Os resultados envolvendo o produto podem ser ainda melhores, com a construção da fábrica do grão em Bataguassu, distante 310 quilômetros da Capital, local que deve atuar com o recebimento, secagem e beneficiamento do amendoim. O empreendimento já atrai os olhares de empresários que vendem itens à base da matéria-prima.

Com 16 anos no mercado, Claudecir Pereira, é proprietário da Doces Manduví localizada no bairro São Jorge da Lagoa, em Campo Grande. De paçoca à pé de moleque que são produzidos em sua fábrica, o empreendedor explica que compra o amendoim de São Paulo, justamente porque no Estado ainda não existem fábricas que operam com o beneficiamento do grão.

“Aqui no estado, talvez, esteja em deficit de uma beneficiadora de amendoim. Muitas pessoas já me ofereceram amendoim em casca, mas assim não compro, pois o amendoim que compro de São Paulo já é beneficiado e classificado. Ouvi falar da fábrica que está sendo construída em Bataguassu, e obviamente eu preferiria comprar daqui, de dentro do Estado de MS, pois quando eu opto em comprar de fora [do Estado] eu pago o imposto de equalização”, detalha Pereira.

O empresário garante que a instalação da fábrica de beneficiamento, traria alívio na despesa com o imposto, e reforça que apesar de não consumir, ainda, o amendoim produzido no Estado, tem gerado empregos para 16 colaboradores que atuam com ele, e sua esposa Márcia Cristina Haas.

“Começamos com 2 colaboradores fazendo somente paçoca tradicional. Hoje temos 16 colaboradores e mais 4 da família. Hoje produzimos vários tamanhos da paçoca tradicional e também fabricamos: Doce de leite, pé de moça, pé de moleque, paçoca rolha, paçoca Rolhão e farofa de amendoim que nossos clientes consomem muito junto com açaí”, exemplifica sobre o consumo de alimentos feitos com o amendoim.

Produção crescente

A cultura do amendoim em Mato Grosso do Sul tem se expandido nos últimos anos, conforme ressaltou Fernando Nascimento, coordenador de Agricultura da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). E a chegada da Cooperativa Casul no município de Bataguassu, tem papel importante para potencializar o cultivo no Estado, atualmente são cerca de 27.000 hectares de amendoim, com 4500 Kg/ha.

“Por enquanto a cooperativa opera como centro de recebimento de amendoim e manda para beneficiamento lá no interior de São Paulo. Outros municípios também, ali em volta de Bataguassu, tem se dedicado ao plantio do amendoim. Alguns municípios também que possuem o cultivo da cana têm utilizado o amendoim em suas áreas para recuperar os solos, para os próximos plantios da cana-de-açúcar”, explica sobre o grão servir como alternativa nas plantações.

O coordenador argumenta ainda sobre a expectativa no setor, e pontua sobre pontos negativos no cultivo do amendoim, como os altos custos de produção. “É uma atividade que estamos com expectativa muito boa para MS, em termos de expansão. Embora tenha um custo de produção um pouco elevado, algo em torno de R$ 10 a R$ 12 mil por hectare é o custo de produção do amendoim. Embora seja bastante rentável, a atividade é um custo alto que dificulta principalmente para os pequenos produtores, uma atividade que hoje interessa mais os médios e grandes produtores”, avalia.

São Paulo é o maior produtor do Brasil, produzindo cerca de 80% do grão e também é o maior exportador. Segundo explicou Nascimento, a exportação do amendoim no Brasil, nos últimos 12 anos dobrou a produção de amendoim. Já a produção de óleo de amendoim é muito pequena, o foco realmente é na produção do grão.

Outra vantagem de se trabalhar na agricultura do amendoim, é do grão auxiliar na restauração do solo para os próximos plantios, como na plantação da soja, por exemplo. Nascimento acredita que esse fator possibilita o aumento de produtos produzidos no Estado.

“Na Semadesc, com orientação do secretário Jaime Verruck e do governador Riedel, estamos sempre buscando ajudar, apoiar a diversificação das culturas no estado, para que não ficamos só em cima de cinco ou seis culturas. A ideia é aumentar nossa cesta de produtos. E o amendoim aparece como uma alternativa interessante, uma leguminosa que ajuda na recuperação do solo e dá uma rentabilidade muito boa, gera empregos. Então temos a expectativa que nos próximos anos consigamos alavancar a produção de amendoim no estado. E futuramente conseguimos trazer uma indústria de beneficiamento, para que possamos fechar a cadeia de produção e beneficiamento do amendoim aqui em MS”, analisa.

Consumo

Conforme pontuou Nascimento, atualmente o Brasil exporta 70% da produção que é colhida, 30% é para o mercado interno. O Brasil relativamente consome pouco o amendoim, o consumo per capita gira em torno de 1kg a 1,200 g por ano, enquanto em outros países o consumo chega a 7 kg por habitante no ano. “Ainda somos um mercado pouco consumidor. Mas a tendência é aumentar, hoje a gente verifica nos supermercados e nas conveniências uma oferta grande do amendoim e a tendência do consumo é aumentar e consequentemente a produção”.

“Capital do Amendoim”

Assim definiu o então presidente da Cooperativa Casul, Júlio Carlos Arruda, sobre a implantação da fábrica de beneficiamento, em Bataguassu. Durante o evento, considerado o “pontapé” para a realização das obras no ano passado. No mesmo ato, foi realizada a assinatura e entrega da matrícula da área cedida pelo Poder Público para a execução do investimento, bem como a assinatura do Decreto de incentivos fiscais municipais em benefício da Cooperativa.

“A cooperativa Casul está vindo de vez para o Mato Grosso do Sul, na região de Bataguassu, com um investimento grande no amendoim. Vamos fazer uma indústria completa do amendoim no decorrer de quatro a cinco anos. Isso é importante para a cooperativa, para os cooperados e para o Estado”, disse o diretor-presidente da Casul, Júlio Carlos de Arruda.

 

Por Suzi Jarde

 

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