Fenômeno em Mato Grosso do Sul não deve ser tão severo
Com previsão de ser o maior da história, o El Niño, acarreta perdas ao redor do mundo, mas pode não ser tão severo para Mato Grosso do Sul, por receber mais umidade. Em relação aos preços, são esperadas alterações nos próximos meses.
A bióloga Cecília Ferracini afirma que, no Pantanal, os efeitos do El Niño não serão severos, já que a tendência geral é um aumento da temperatura e da chuva. “Como podemos observar, no inverno que estamos passando esse ano, apesar de termos dias mais frios, no geral, a temperatura se manteve elevada. Falando sobre o Pantanal, especificamente, ele apresenta grande interação de biomas, como o Cerrado, mas a principal característica é sua planície inundada”, disse.
O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, Staney Barbosa Melo, acredita que, do ponto de vista da produção de grãos, o El Niño trará muito mais benefícios do que malefícios às lavouras do Mato Grosso do Sul. “A tendência é que tenhamos um inverno mais quente por aqui, com maior distribuição de chuvas em todo o Estado, algo positivo para as principais culturas, como o milho, por exemplo. O lado ruim deste fenômeno está justamente na ocorrência de efeitos nocivos em outras partes do globo, sobretudo porque o fenômeno climático se soma às já conhecidas questões políticas que rondam o leste europeu”, explicou.
“Pelo menos no caso do trigo, o mercado aposta que as secas em países da Ásia e Oceania sejam compensadas pela maior produção nas Américas, baseando-se em médias históricas de anos anteriores, em que o El Niño se manifestou. Assim, podemos dizer que os efeitos são incertos, mas o que vale é o saldo final. Se o El Niño provocar aumento na produção global de grãos, então não veremos uma disparada de preços, como se anuncia por aí”, esclarece Staney sobre os valores econômicos dos grãos.
Impacto meteorológico
pacto meteorológico Segundo o meteorologista do Clima Tempo, Vinicius Lucyrio, “O El Niño deve permanecer ao longo do ano e ir pelo menos até o começo do outono de 2024. Seu pico deve ser entre o final da primavera e o começo do verão, e ele deve ser de forte a muito forte, na intensidade. Comparável até ao último El Niño de 2015 para 2016, é possível que isso ocorra”, avaliou.
Nos anos de 2015 e 2016, o fenômeno El Niño provocou as mais altas temperaturas da história. De acordo com o Cemtec (MS), o trimestre julho, agosto e setembro foram de chuvas dentro ou ligeiramente acima da média histórica em Mato Grosso do Sul. As temperaturas também tendem a ficar acima da média.
A metereologista do Clima Tempo, Nadiara Pereira, colocou que o fenômeno reduz riscos de frio em áreas suscetíveis a frios extremos, como as regiões produtoras de cana-de-açúcar. “Esse ano, tivemos chuvas prolongadas durante o outono, até mesmo naquelas áreas que plantaram um pouco mais tarde o milho segunda safra. Estão produzindo muito bem, porque tivemos umidade e o risco de frio muito baixo. (…) Isso deve impactar principalmente para as atividades de corte e moagem de cana-de-açúcar, que deve reduzir um pouco essa intensidade das atividades de colheita. Mas, por outro lado, deve-se ter boa condição de umidade para a próxima safra”, explica.
Ainda de acordo com ela, algumas áreas mais ao sul de Mato Grosso do Sul podem ter chuvas acima da média na próxima primavera, enquanto as áreas mais ao norte podem enfrentar um pouco mais de irregularidade. “O início da primavera será de boas condições para cultivos de verão. O problema pode ser o calor, devemos ter uma virada de inverno para primavera muito elevada. Se por um lado reduz o risco de frio extremo, por outro pode ocasionar fortes ondas de calor no início da primavera. Teremos muitas áreas de MS com temperaturas de 40ºC”, finalizou Nadiara.
Milho
Conforme informações do Boletim Rural, elaborado pela Famasul e Aprosoja, a área destinada ao milho segunda safra 2022/2023 apresenta uma expectativa de crescimento de 5,4% em relação ao ciclo anterior (2021/2022), totalizando 2,325 milhões de hectares. Estima-se que a produtividade média seja de 80,33 sacas por hectare, resultando em uma expectativa de produção de 11,206 milhões de toneladas.
A porcentagem de área colhida na 2ª safra 2022/2023 encontra-se inferior em aproximadamente 8,5 pontos percentuais em relação à 2ª safra 2021/2022, para a data de 21 de julho.
A região centro está com a colheita mais avançada, com média de 12,1%, enquanto a região norte está com 12% e a região sul com 7% de média. A área colhida até o momento, conforme estimativa do Projeto Siga-MS, é de aproximadamente 202.275 hectares.
Por Julisandy Ferreira – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.
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