Mesmo com redução, clientes ainda acham que valor está acima da média
Após um período de alta por três meses consecutivos, os preços dos ovos tiveram uma redução no mês de abril. Levantamentos recentes do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) indicaram que após alcançar recordes desde janeiro, com aumentos de até 40%, os preços começaram a cair no final do mês anterior e atingiram o menor valor do trimestre.
Analisando o cenário dos preços, percebe-se que o produto foi bastante afetado por uma onda de calor. Essa condição impactou tanto nos custos de produção quanto na qualidade e durabilidade dos ovos. Além disso, esse aumento nos preços permaneceu mesmo após o fim da quaresma, período em que o consumo de carne vermelha pelos católicos costuma diminuir. Ao mesmo tempo, há uma tendência de aumento nos preços das proteínas, algo que já era esperado tanto pelos pesquisadores quanto pelos comerciantes do produto.
Na análise do economista Eduardo Matos, o principal fator que contribui para uma queda nos preços dos ovos, principalmente ovo de galinha, é uma reorganização na cadeia de suprimentos a nível global. “Nós devemos nos lembrar que esse nível alarmante de preços que o Brasil registrou, não só o Brasil, mas no mundo, se deve principalmente por conta da estrutura de custos que os insumos estavam bastante encarecidos, em especial o milho. O milho ele teve um boom nos seus preços e é o principal insumo para a fabricação de rações de galináceos, então a partir do momento que fica difícil de nutrir esses animais, a sua produtividade cai, a tendência à produção cair e isso fez com que a oferta do produto ela se reduzisse”.
O economista explica que uma outra questão que explica a queda nos preços se deve a uma crise sanitária nos Estados Unidos, que fez com que o país tivesse de aumentar suas importações dos ovos nacionais. “Indiretamente é claro, eles tiveram de importar mais ovos e até mesmo carne de frango, entre outros itens de outros países, entre eles o Brasil. Então, o Brasil acabou exportando ovos para Estados Unidos, alguns outros países também, e isso reduz a disponibilidade do produto aqui, o que indiretamente acaba influenciando de certa forma tanto na disponibilidade quanto no preço, que é inclusive uma consequência deste desconto”.
Essa queda nos preços recentes também acabou chegado aos mercados de Campo Grande entre o final de abril e início deste mês. De acordo com o gerente do supermercado Pires, Emerson Rodrigues da Silva houve uma redução nos custos dos alimentos para as prateleiras dos consumidores. “No mês passado, quando o ovo estava bem mais caro, a gente vendia a bandeja com 20 unidades por R$ 16,45, chegando até R$ 20. Hoje, está por R$ 14,99. Ou seja, teve uma queda de quase R$ 2 no preço”.
Emerson destaca que durante o período da quaresma a tendência é de aumento no preço do produto, seja nos mercados ou até nas feiras. “Então, durante a Quaresma sempre dá uma subida, né. O preço aumenta bastante. Teve um momento em que o valor que a gente está vendendo hoje era praticamente o que a gente pagava. Hoje, por exemplo, estamos pagando R$ 11 na bandeja com 20 unidades. No mês passado, esse mesmo produto chegou a custar R$ 14. Estava bem acima mesmo”. O gerente acredita que o cenário do produto deverá ser de estabilidade nos preços para os próximos meses, sem muita possibilidade de aumento no valor da proteína.
Perspectiva dos consumidores
Mesmo com uma queda nacional, nas feiras e supermercados alguns consumidores ainda sentem o peso no bolso. A aposentada e confeiteira, Aparecida Brito afirma que não percebeu uma redução nos preços e que os valores continuam acima da média. “Eu não notei diferença nos valores não. O preço ainda se mantém alto. Como compro semanalmente para as encomendas, acabo vindo aqui sempre que preciso e ultimamente eu estou comprando bem mais”. Ela ainda destaca que por mais que haja um aumento, não tem reparado devido aos seus investimentos constantes no produto, porém mesmo com alta nos ovos se reluta a aumentar o preço dos seus bolos.
Outro cliente constatante desses produtos é o aposentado, Antônio de Almeida Lemos. O consumidor relata que consome semanalmente os produtos em casa devido ao preço ser mais acessível que outras proteínas, porém que no mês de abril sentiu que os preços estavam mais elevados que o comum. “Senti que ficou bem mais caro. Não achei que teve redução em comparação aos últimos meses não. Tenho a impressão que até o mês de março eu estava pagando mais barato. Antes eu comprava aquelas cartelas grandes, agora tô pegando essa bandejinha de 12, assim fica mais em conta”. Ele destaca que a compra é para a família, e mesmo com as pequenas variações no preço, ele sentiu a necessidade de ajustar o consumo. “A gente manteve o básico, mas diminuiu um pouco.”
Por João Buchara
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