O alto custo dos insumos como o sal, tem inviabilizado a produção de leite a pequenos produtores de Mato Grosso do Sul. Com a alta dos alimentos, produtores encontram dificuldades para alimentar o gado, o que consequentemente reduz a produtividade dos animais.
A produtora rural de um assentamento em Anaurilândia, a 71 km de Campo Grande, Glaci de Oliveira, explica que o leite é o principal meio de subsistência dos assentados que residem na região.
“Nossa terra é pequena, cinco alqueires, e o leite é o que traz o sustento das famílias, não é uma área que dá para plantar soja como os grandes produtores”, explicou.
Glaci ressalta que além da alta nos alimentos outro fator que dificulta a produção é o baixo valor pago aos produtores pelo litro do leite.
“Não temos insumos, é muito caro comprar um sal por exemplo para alimentar o gado. Está muito difícil porque o leite não sobe de preço, está a R$ 1,97 e para nós é pouco”, relata. Para se ter ideia, pesquisa da cesta básica recente apontou que o leite longa vida integral UHT Leite Bom de 1 litro apresenta variação de até 5,21%, vendido entre R$ 5,25 no Supermercado Duarte e R$ 4,99, no Comper para o consumidor. Já o leite tipo C, saco de 1 litro, Garotão é vendido a R$ 4,09, o Imbauba Bom sai a R$ 4,25 na média e o Leite Camby Desnatado sai a R$ 4,19 no Comper.
Em Mato Grosso do Sul, o segundo dados analisados pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o custo do sal já aumentou em média quase 90% do ano passado para cá.
Mas qual a finalidade do sal mineiral para os bonivos? De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o item serve de suplemento importante na dieta do gado, pois supre a deficiência do pasto na oferta de minerais.
“São mais de 20 substâncias que o animal precisa para viver saudável e até mesmo engordar o boi”, explica André Salles, apoio técnico e representante da Embrapa. O sal mineral proporciona o cresimento dos ossos do animal, produção de sangue e até mesmo aumenta a imunidade do rebanho.
Segundo a produtora o único auxílio que os assentados da região recebem vem por meio do Senar-MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), que promove todos os meses palestras e orientações para a melhoria da produção de leite. Apesar do apoio, ela ressalta que falta empenho do poder público para amparar os pequenos produtores.
“Temos que insistir porque é o meio de sobrevivência, muitos produtores venderam o sítio, foram embora porque não tem como ficar tentando. Quando não é a seca que acaba com o pasto, é a falta de equipamento, não temos uma capineira para dar um capim para o gado, ou um insumo melhor o que dificulta muito a produção”, lamenta Glaci.
Fertilizantes
Lembrando que produtores rurais já enfretam o constante aumento no preço dos fertilizantes para o plantio – isso em decorrência da guerra na Ucrância. Um dos maiores exportadores é a Rússia, que se encontra atualmente em conflito com o país vizinho mesmo com a “indireta” de cessar fogo.
Também devido à logística mais complexa de entrega dos insumos e também das sanções econômicas aplicadas ao país ex-soviético, os valores de fertilizantes inflacionaram, a demanda global aumentou e o Brasil vem lidando com estoques apertados.
Ainda, o governo brasileiro vem trabalhando sua diplomacia internacional no intuito de baratear o que paga ou até mesmo encontrar novos exportadores. Com informações de Raul Delvizio.