Alcolumbre e Motta ampliam desgaste com o Planalto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne na manhã desta segunda-feira (1º) com ministros no Palácio do Planalto, em um encontro marcado pela tentativa de conter a escalada de tensão entre o Executivo e o Legislativo. A reunião ocorre após um fim de semana de fortes críticas dirigidas ao governo pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e de novos sinais de desgaste também na Câmara dos Deputados.
Participam do encontro os ministros Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Fernando Haddad (Fazenda), Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann — responsável direta pela articulação política com o Congresso e protagonista das trocas de declarações mais recentes.
Indicação ao STF causa atrito
No domingo (30), Gleisi reagiu publicamente às críticas de Alcolumbre sobre o atraso no envio da mensagem presidencial ao Senado que formaliza a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ministra afirmou, pelas redes sociais, que o governo mantém “respeito institucional” e negou que a relação com o Congresso envolva negociações de cargos ou emendas parlamentares.
As declarações ocorreram depois de Alcolumbre divulgar nota responsabilizando o Executivo pela ausência do documento, necessário para oficializar o processo de sabatina. Embora Messias já tenha sido anunciado por Lula e seu nome publicado no Diário Oficial da União, a mensagem não foi encaminhada ao Senado, o que tem sido interpretado como uma estratégia para adiar a avaliação prevista para 10 de dezembro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador.
A relação entre Alcolumbre e o Planalto já vinha se deteriorando desde que Lula optou por Messias, atual chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), para ocupar a vaga aberta no STF com a saída de Luís Roberto Barroso. Alcolumbre defendia o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e, após a escolha, rompeu politicamente com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Crise também na Câmara
O cenário de tensão não se limita ao Senado. Na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), rompeu com o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), após críticas do petista à escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator de um projeto de lei do Executivo e à atuação de Motta na derrubada da alíquota do IOF.
O distanciamento ficou ainda mais evidente na última semana, quando tanto Alcolumbre quanto Motta não compareceram ao evento em que Lula sancionou a lei que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil.
Planalto busca distensionar relação
O encontro desta segunda-feira é visto internamente como um esforço para reorganizar a articulação política e tentar reduzir o clima de confronto antes das votações finais do ano no Congresso. A ausência de apoio dos presidentes das duas Casas legislativas tem gerado preocupação no governo, especialmente diante da necessidade de avançar em projetos econômicos e manter as negociações orçamentárias.
Embora interlocutores do Planalto minimizem a crise, aliados admitem que o clima piorou nos últimos dias e que a demora no envio da mensagem sobre Messias contribuiu para acentuar o desgaste.
A expectativa é que, após a reunião, o governo apresente sinais mais claros de retomada do diálogo institucional, enquanto tenta evitar que os conflitos internos do Congresso se convertam em derrotas políticas para o Executivo.
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