Diagnóstico oferecido pela CDL detalha como as mudanças vão afetar o fluxo de caixa e a competitividade das empresas
Pesquisa nacional da consultoria V360 revela que 72% das médias e grandes empresas ainda não estão preparadas para as mudanças que entram em vigor a partir de janeiro de 2026. O dado preocupa especialistas, que apontam risco de um “apagão fiscal” capaz de paralisar operações e comprometer o faturamento de companhias em todo o país.
De acordo com o levantamento, que ouviu 355 empresas dos setores de varejo, indústria e agronegócio, um terço das companhias sequer iniciou discussões internas sobre a reforma. Para o especialista em TI e CSMO da Logithink, Fernando Brolo, o problema vai além da emissão de notas fiscais no novo formato.
“As empresas estão subestimando a complexidade de receber e processar notas de fornecedores, que passarão a ter cerca de 200 novos campos. Se o sistema de gestão (ERP) não estiver preparado para ler e validar essas informações, o processo simplesmente para”, alerta Brolo.
Ele explica que as consequências vão desde mercadorias paradas e atraso no contas a pagar até a perda de créditos tributários, o que afeta diretamente o fluxo de caixa.
Transição começa já em 2026
O especialista em tributação e Head de Consultoria da Logithink, André Lay, alerta que muitas empresas ainda operam sob uma “falsa sensação de prazo”.
“Muitos olham para 2033, quando termina o período de transição, e acreditam que ainda há tempo. É um erro estratégico. A virada real acontece em janeiro de 2026, quando começa o regime duplo, com os tributos antigos e os novos funcionando simultaneamente”, pontua.
A pesquisa indica que menos de 30% das empresas têm um plano de adaptação estruturado, enquanto quase metade (47,9%) mantém processos fiscais pouco automatizados. O resultado, segundo Lay, é um cenário de risco operacional e financeiro nos primeiros meses de implementação.
Diagnóstico gratuito da CDL
Em Mato Grosso do Sul, o varejo local já se movimenta para reduzir os impactos da reforma. A CDL Campo Grande, em parceria com a Federação das CDLs de Mato Grosso do Sul, firmou acordo com um escritório especializado em direito tributário para oferecer diagnóstico gratuito aos associados.
O levantamento analisa notas de entrada e saída de cada empresa e simula o impacto das novas alíquotas sobre suas operações. O relatório mostra quanto mais a empresa poderá pagar de tributo, quais fornecedores geram créditos e de quem é mais vantajoso comprar, além de apoiar o planejamento de preços e margens.
Segundo o presidente da CDL, Adelaido Figueiredo, o objetivo é orientar os empresários com base em dados concretos.
“Esse diagnóstico é uma radiografia do que será a vida do empresário nos próximos anos, até a plena vigência da reforma em 2033. É um benefício gratuito e exclusivo que vai orientar decisões importantes para manter a competitividade”, afirma.
Efeitos no caixa e na precificação
A reforma cria dois novos tributos — o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS(Contribuição sobre Bens e Serviços) — que substituirão PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.
Empresas de serviços, que hoje pagam entre 2,65% e 8,65%, poderão ver a carga subir para 27% a 33%, sem créditos compensatórios. Já no varejo de produtos não essenciais, a tributação deve cair de 30%–40% para 26%–28%.
Itens da cesta básica terão redução expressiva, com alguns passando a ter alíquota zero e outros fixados em 10,6%. O fim dos incentivos de ICMS, previsto para 2033, também deverá alterar a estrutura de custos de vários segmentos.
Competitividade em jogo
No comércio eletrônico, a cobrança passará a ocorrer no local de consumo, e não mais no de origem da venda, o que pode gerar variações regionais de preços e exigir ajustes logísticos.
Para Adelaido Figueiredo, o momento é de adaptação e aprendizado. “A reforma vai exigir atualização tecnológica, capacitação das equipes e uma gestão muito mais precisa. Quem se antecipar agora vai transformar o desafio em vantagem competitiva”, conclui o presidente da CDL.
Empresários interessados no diagnóstico gratuito podem procurar a CDL Campo Grande.
Por Djeneffer Cordoba
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