Campo Grande não registra chuva significativa há 43 dias e queimadas urbanas comprometem a qualidade do ar

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

No interior do Estado, trecho do Rio da Prata em Jardim secou repetindo cenário de 2024

Após 17 dias de estiagem, chuva volta a Campo Grande e traz alívio em meio à onda de calor. Depois de mais de duas semanas sem registros de precipitação, a Capital teve nesta terça-feira (16) pancadas de chuva em vários bairros. Porém, a precipitação não foi suficiente para ser considerada significativa, o que mantém a cidade há 43 dias sem chuva acima de 10 mm.

Entre as regiões onde a garoa foi registrada estão Universitário, Novos Estados, Estrela do Sul, Vila Nasser, Amambai, Nova Lima e Vivendas do Bosque. A chuva foi acompanhada de queda de temperatura. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a Capital marcou 23,3°C nesta manhã, com sensação térmica de 17°C. A umidade relativa do ar subiu para 58%, saindo do nível crítico.

De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, a previsão indica que a próxima chuva em Campo Grande chegará na próxima semana, amenizando os impactos do calor extremo. “A próxima previsão de chuva agora é para os dias 22 e 23 de setembro, justamente na virada da estação, com chance de ventos fortes e trovoadas”, afirmou

O especialista destacou que o tempo seco aumenta a poeira em suspensão e pode prejudicar a saúde.“As condições de tempo seco não interferem diretamente na qualidade do ar, mas elevam a poeira e prejudicam as vias respiratórias”.

O professor Widinei A. Fernandes, coordenador da Estação de Qualidade do Ar e docente do Instituto de Física da UFMS, explica que mesmo com o período prolongado de seca, a qualidade do ar em Campo Grande ainda está considerada boa.

“A qualidade do ar ainda está boa. Na verdade, em 2025 inteiro, a qualidade do ar tem ficado boa, bem diferente do ano passado, quando tivemos 51 dias fora da condição boa, principalmente em setembro. A diferença significativa foram as chuvas: até 15 de abril já havia chovido tudo o que choveu em 2024 inteiro”, explicou.

Segundo ele, a seca atual provocou uma leve piora, mas ainda dentro da faixa aceitável. “Hoje estamos com índice na faixa de 30. O limite dentro da faixa boa é 40, ou seja, os valores estão mais elevados, mas continuam em condição boa. A pequena chuva de 0,6 mm pode ajudar a reduzir, embora não limpe totalmente a atmosfera. O que preocupa são as queimadas urbanas, que somadas contribuem para piorar a qualidade do ar na cidade”, alertou.

Chuva ainda abaixo do esperado

Apesar do alívio, a precipitação registrada não é considerada significativa do ponto de vista meteorológico. Segundo Vinicius Sperling, meteorologista da Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), “para ser considerada uma chuva significativa, o acumulado precisa ser superior a 10 milímetros”.

Vinicius lembra que a última vez que isso ocorreu em Campo Grande foi no dia 4 de agosto, quando choveu acima de 10 mm. “Ou seja, já são 43 dias sem chuvas realmente significativas na Capital”, destacou.

Natálio Abrahão acrescenta que no mês passado também houve pequenas precipitações. “No dia 22 de agosto foram apenas 0,8 mm, em 30 de agosto 4,6 mm, e nesta terça (16) registramos 5 mm”, relembrou.

Cenário no interior também registrou instabilidade

Antes da chegada da chuva à Capital, municípios do interior já haviam registrado precipitações entre a madrugada e o início da manhã desta terça-feira (16). Os maiores acumulados foram em Ponta Porã (8,2 mm), Maracaju (7 mm) e Bonito (7 mm). Em Nova Andradina choveu 8 mm, enquanto Nova Alvorada do Sul registrou 6,2 mm.

Em contrapartida, cidades como Sidrolândia enfrentaram ventos de até 65 km/h sem chuva, provocando queda de árvores. Em Bonito, os ventos chegaram a 59,6 km/h e causaram danos. Ventos intensos também foram registrados em Maracaju (58 km/h), Rio Brilhante (52 km/h), Naviraí (51 km/h) e Jardim (49 km/h).

Onda de calor e ranking nacional

Apesar da instabilidade, Mato Grosso do Sul segue entre as regiões mais afetadas pela onda de calor que domina o Centro-Oeste. No último domingo (14), quatro municípios do Estado figuraram entre as oito cidades mais quentes do País, segundo o Inmet. Aquidauana liderou o ranking nacional com 40,8°C, seguida por Porto Murtinho (40,4°C), Coxim (40,2°C) e Miranda (39,8°C).

Em Campo Grande, a máxima chegou a 38,7°C na última quinta-feira (11), a maior do ano até agora. Em Aquidauana, a umidade relativa do ar caiu para 12% no mesmo dia, nível crítico para a saúde e para o aumento de focos de incêndio.

Rio da Prata

Imagens divulgadas ontem (16), nas redes sociais confirmam um triste cenário que já foi registrado em 2024 e noticiado pelo O Estado, a estiagem secou um trecho do Rio da Prata, em Jardim-MS. Nos registros é possível ver que, mesmo após a chuva de 8 mm registrada durante a noite, não foi suficiente para retomar o fluxo. Apesar do triste cenário, abaixo da Ponte do Curê, existem três nascentes de grande vazão – entre elas o Olho d’Água, responsável por abastecer o Rio da Prata. Graças a elas, as atividades de mergulho com cilindro no Recanto Ecológico Rio da Prata e os balneários localizados rio abaixo seguem funcionando normalmente.

Por Inez Nazira

 

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