Luta contra arboviroses: Moradores de Campo Grande relatam desafios na prevenção
O número de casos de chikungunya em Mato Grosso do Sul disparou em 2025. Segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde), foram registrados 7.209 casos confirmados, um aumento de 685% em relação a 2024, quando foram confirmados 919 casos, acendendo um alerta sobre a transmissão ativa do vírus em diversos municípios.
Até setembro, o Estado contabiliza 13.789 casos prováveis (casos que incluem aqueles em investigação, confirmados e ainda ignorados), um aumento de cerca de 399% em relação a 2024, quando foram registradas 2.766 ocorrências. Além do avanço nos casos prováveis, foram confirmados 16 óbitos e 71 casos em gestantes, grupo considerado de maior risco. Os municípios com maior incidência da doença são Jateí, Terenos e Glória de Dourados.
A SES reforça que a prevenção depende da eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da chikungunya, dengue e zika. Mesmo durante o período seco, recipientes que acumulam água podem se tornar focos de proliferação. A recomendação é que a população verifique semanalmente quintais, calhas e reservatórios, evitando o acúmulo de água parada.
Diante de sintomas como febre, dores no corpo, manchas vermelhas ou dor intensa nas articulações, a orientação é procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima.
Situação em Campo Grande
Na Capital, o alerta se estende a dengue, zika e chikungunya. De acordo com a atualização da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), os bairros com risco muito alto para transmissão são: Cabreúva, Tarumã, Coophavila II, Centro, Guanandi, Caiobá, Cruzeiro e Alves Pereira.
Até o momento, Campo Grande contabiliza 301 casos de chikungunya, sem registro de mortes, um aumento de 324% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 71 casos confirmados. Em relação à dengue, a cidade registrou 3.724 notificações, com um óbito confirmado.
Diante do aumento expressivo das ocorrências da doença, a equipe de reportagem do jornal O Estado visitou bairros da Capital para ouvir moradores sobre a situação, os riscos enfrentados e as medidas de prevenção adotadas em suas casas.
No Bairro Caiçara, os moradores relataram preocupação com a proliferação de mosquitos e destacaram o papel das visitas frequentes dos agentes de saúde. Gelson Rodrigues de Almeida explicou que mantém seu quintal limpo, mas lamentou que nem todos os vizinhos adotem a mesma postura, o que contribui para a presença de insetos e a insegurança nos arredores.
“Sempre manter o quintal limpo, para não deixar a proliferação dos mosquitos. A gente tem que fazer a nossa parte para depois não acontecer coisas piores. A agente de saúde visita o bairro todo mês. O problema é que nem todos os vizinhos têm a mesma responsabilidade”, disse Gelson.
Outra moradora do bairro, Luzimar Rabelo da Silva, destacou que os casos de chikungunya são recorrentes. “Em casa não tem água parada, meu quintal é só piso. Não tem terra, nem plantas. Ano passado tivemos vários casos, mas os agentes de saúde fazem visitas frequentes no bairro, o que ajuda”.
No Bairro Bonança, os moradores também relataram problemas estruturais que contribuem para a proliferação de mosquitos. Paulo Roberto Mendes explicou que a combinação de esgoto exposto, água acumulada após chuvas e bueiros abertos cria condições para mosquitos, baratas, escorpiões e outros problemas sanitários.
“Aqui tem muito escorpião, meu neto já foi ferido, e o vizinho também. É muita barata e casos de dengue e chikungunya. Toda chuva grande o córrego transborda e a água suja entra nas casas, criando focos para mosquitos. Além disso, a boca de bueiro aberta contribui para a proliferação,” relatou Paulo.
Por Geane Beserra