A onda de furtos que assola o comércio na Rua José Antônio, no centro de Campo Grande, ganhou um novo capítulo na madrugada deste domingo (7). Após um protesto organizado pela CDL Campo Grande (Câmara de Dirigentes Lojistas) na sexta-feira (5), em que lojistas cobriram as fachadas de suas lojas com panos pretos para denunciar a crescente insegurança na região, os próprios panos, símbolo da revolta contra os crimes, foram furtados durante a noite. O ato expõe a vulnerabilidade dos comerciantes, que acumulam prejuízos superiores a R$ 200 mil nos últimos meses devido à criminalidade desenfreada.
Na sexta-feira, cerca de 60 estabelecimentos localizados entre as avenidas Afonso Pena e Joaquim Murtinho participaram da manifestação, cobrando ações efetivas do poder público contra os constantes furtos de fios elétricos, aparelhos de ar-condicionado, ferramentas e até mangueiras de irrigação. O furto dos panos pretos reforça a sensação de abandono relatada pelos lojistas. “É um absurdo.
Usamos os panos para protestar contra a insegurança, e até eles foram roubados. Como vamos trabalhar assim?”, desabafa um comerciante, que preferiu não se identificar.
Os prejuízos financeiros são alarmantes. Segundo relatos dos lojistas, as perdas acumuladas nos últimos meses ultrapassam R$ 200 mil, resultado de arrombamentos, furtos e depredações. Arnaldo Taira, dono de um sushi na região, relatou: “Tive a fiação elétrica roubada três vezes em um mês. Cada reposição custa caro, sem contar os dias sem energia, que nos impedem de atender clientes.” Outra comerciante destacou que os furtos frequentes obrigam os lojistas a fechar mais cedo, temendo assaltos, o que reduz ainda mais o faturamento.
A CDL Campo Grande, responsável pelo protesto, reforça a cobrança por soluções estruturais na região central. “Os lojistas estão lutando para sobreviver, mas se sentem desamparados. Vivemos numa cidade onde tudo tentam resolver com polícia, mas faltam políticas de assistência social e saúde pública para enfrentar as raízes da criminalidade”, afirmou Adelaido Figueiredo, presidente da entidade. Ele enfatizou que a ausência de ações preventivas agrava a insegurança, deixando o comércio refém de furtos recorrentes.
O furto dos panos pretos, que simbolizavam a revolta contra a criminalidade, é mais um sinal do descaso com a segurança no centro de Campo Grande. Os lojistas, com apoio da CDL, planejam novas ações para pressionar as autoridades, enquanto lidam com o impacto financeiro e emocional dos crimes. “Não é só prejuízo material, é a nossa dignidade que está sendo roubada. Queremos trabalhar em paz”, concluiu um comerciante.
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