O palco do Teatro Aracy Balabanian, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, recebe neste sábado (23) e domingo (24), a 1ª Mostra de Solos Teatrais, projeto inédito em Campo Grande, que reúne espetáculos, mesas de diálogo e oficinas de escritas, com foco no protagonismo das mulheres no teatro e na literatura. A programação é toda gratuita.
Idealizada pela atriz Karine Araújo e o diretor Nill Amaral, da Cia Ofit, a mostra apresenta dois espetáculos teatrais – Groselha e (Im)possível Memória – e uma oficina literária.
“A ideia da mostra vem da observação da cena na cidade e da minha própria experiência. Nos últimos anos, surgiram muitas criações de solos e percebi a necessidade de valorizar o trabalho feminino não só nos palcos, mas também nos bastidores; nossa equipe, inclusive, é majoritariamente feminina. O espetáculo Groselha fala sobre o que é ser mulher em uma sociedade misógina, a partir dos recortes e da visão que Medeia nos dá sobre maternidade e liberdade feminina. Para mim, a mostra é uma forma de dar luz a projetos femininos e abrir debates sobre o lugar da mulher no teatro e na sociedade, mostrando a força que precisamos reconhecer e dignificar”, explica Karine.

Foto: reprodução
Clássico para o contemporâneo
Inspirado na clássica tragédia grega Medeia, de Eurípedes, o monólogo “Groselha” foi criado em parceria com o diretor Nill Amaral, da Cia Ofit, que destaca a potência desse trabalho.
“O processo de criação deste espetáculo foi marcado por um intenso diálogo entre dramaturgia e atuação, com foco no protagonismo feminino. Ao reinterpretar um mito grego sob uma perspectiva contemporânea, buscamos refletir a complexidade da experiência feminina nos dias de hoje. Acredito que a participação na Mostra abrirá espaço para discussões importantes sobre gênero e feminilidade, permitindo ao público não apenas se reconhecer em cena, mas também levar reflexões profundas para além do teatro”, destaca Nill.
Karine reforça como o mito grego ainda possui uma história presente no dia-a-dia. “Toda mulher precisa lutar e correr o dobro do que os homens, o Brasil ainda é formado por muitas mães solo e é sobre isso que eu falo, os homens se sentem no direito de viver como bem entendem e nós que seguramos a barra, isso se via na mitologia da Grécia antiga e ainda se vê hoje no Brasil”.
Solos Teatrais
E quem for conferir a mostra poderá assistir ao espetáculo Groselha, protagonizado por Araujo, com direção de Nill Amaral.
A programação também apresenta o monólogo ‘(Im)possível Memória’, de Júnia Pereira e direção de Gina Tocchetto. A peça de teatro parte da inquietação da artista diante da escassez de informações sobre a origem de sua família. No processo de criação, Júnia descobriu que teve uma tataravó escravizada, que teria vivido na segunda metade do século XIX, possivelmente no arraial de Boa Morte, hoje território quilombola em Belo Vale–MG. A trama busca compartilhar com o público essa memória e trazer, de forma ficcional, a presença da antepassada, unindo história e ficção em cena.

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Outro aspecto da mostra será o da palavra escrita, com a Oficina de Escrita Criativa para Mulheres, ministrada pela escritora Sarah Muricy. “As palavras e o compartilhamento entre mulheres são mecanismos ancestrais de cura. Quando transformamos vivências em texto, criamos lugares de aconchego e resistência. A oficina é um convite para mulheres de todas as idades e níveis de escrita explorarem suas histórias, em um ambiente de troca e acolhimento. É sobre escrever juntas”, explica Sarah.
“O teatro e a literatura andam de mãos dadas, a minha intenção foi aproximar de forma ativa quem desejar e proporcionar uma troca ainda mais profunda, tem muito o que ser dito por cada uma de nós, eu escolhi o teatro como canal de comunicação, e gostaria de proporcionar outras formar possíveis para as outras também”, explica a idealizadora.
A Mostra de Solos Teatrais conta com financiamento da PNAB (Lei Aldir Blanc), do MinC – Ministério da Cultura, Governo Federal, via edital da Fundac – Fundação Municipal de Cultura, da Prefeitura de Campo Grande. Além do apoio cultural da Fecomércio MS, Sesc, Centro Cultural José Octávio Guizzo, FCMS, Setesc e Governo do Estado.
“A minha vontade é que após essa primeira edição seja possível fazer uma mostra maior e com mais obras, e trazer outros espetáculos de outros lugares também para podermos dialogar das mais variadas formas possíveis, existem várias artistas incríveis no estado e no país”, finalizou Karine.
Confira a programação completa:
Sábado (23)
14h às 18h – Oficina de Escrita Criativa para Mulheres (Atêlie de Criação do Centro Cultural José Octávio Guizzo); inscrições no link das redes sociais @ofitcia
20h – Espetáculo Groselha (Teatro Aracy Balabanian);
Domingo (24)
18h – Espetáculo Groselha (Teatro Aracy Balabanian);
20h – (Im)possível Memória (Teatro Aracy Balabanian);
Por Carolina Rampi
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