Com baixo custo de investimento, a ideia é um sucesso no mercado de apliques de cabelo
Cabeleireira desde os 17 anos, Marilza Eleoterio, desenvolveu a partir de um insight o projeto capilar com fios que saem da fibra de bananeiras. Empreendedora na Comunidade Lagoa Park, em Campo Grande, ela transformou o desafio pessoal em negócio próprio. Para transformar a inovação em um negócio, desde o ano passado, ela é acompanhada pelo programa Inova Cerrado – uma iniciativa do Sebrae/MS, e atualmente, empresária da marca “Meus cabelos, Meus Fios”.
A inovação proposta por Marilza soluciona um problema real vivenciado por ela há mais de 20 anos no mercado da beleza: o alto custo dos apliques com cabelo humano. O desenvolvimento do fio vegetal, feito a partir da fibra de bananeira, começou em 2018, motivado pela necessidade de criar uma peruca acessível para uma amiga diagnosticada com câncer.
O insight surgiu ao cortar um cacho de banana, observar alguns fios e se perguntar: será que é possível usá-los como cabelo? “Comecei a tirar os fios, fiz testes com produtos caseiros, fui tentando até que cheguei a um resultado em que o cabelo ficou macio, sedoso. Usei em mim, na minha irmã, em vizinhos, amigos, só pra ver o que eles achavam. Não cobrei nada, só pra receber o feedback mesmo — se ficava bom, se gostavam, se comprariam”, relembra a empreendedora.
Persistência é alma do negócio
Ao perceber a capacidade do produto em promover autoestima e praticidade para esse público, Marilza continuou aperfeiçoando o fio até alcançar um resultado com textura maleável, resistência e com aparência semelhante ao cabelo natural. “Como eu era megahista, minhas clientes procuravam muito por um cabelo que durasse. O cabelo humano dura, só que ele é muito caro”, recorda a profissional.
Para a empreendedora, a ideia de fazer cabelo da fibra da bananeira veio para ajudar também as mulheres negras a economizar tempo e dinheiro. “Como eu também usava mega hair, fui testando a durabilidade e o que era mais prático de usar, porque a gente acorda cedo e é uma hora, no mínimo, para arrumar o cabelo afro e conseguir deixá-lo do jeito que você quer para sair de casa”, comenta Marilza
Beleza sustentável
Além da baixa manutenção e do custo reduzido em comparação aos apliques feitos com cabelo humano, um dos maiores trunfos do fio vegetal é a sustentabilidade. Por se tratar de um material biodegradável, ele se decompõe em poucos dias e não representa risco ambiental ao ser descartado.
“Quando a pessoa não quiser mais usar, os fios levam oito dias para se decompor na natureza. Então, ele não agride, e tem também a facilidade de encontrar a matéria-prima, pois, no nosso país, a fibra de bananeira é jogada fora. Então, essa é outra vantagem”, ressalta.
Transformação da ideia em negócio
Sem experiência na área de empreendedorismo, Marilza enfrentou o desafio de transformar o desenvolvimento do produto em um negócio viável. Foi com o acompanhamento do programa Inova Cerrado que ela conseguiu dar os primeiros passos rumo à estruturação da ideia. O trabalho de Marilza foi reconhecido como o segundo melhor projeto participante, com a premiação de R$ 10 mil para investimento no negócio.
Neste ano, a empreendedora participa da segunda etapa, o Módulo Tração, voltado a acelerar o crescimento dos negócios por meio de ações estratégicas para ampliar a presença no mercado, fortalecer a base de clientes e garantir a escalabilidade das operações.
Por Suzi Jarde