Começa hoje 11º Festival da Rapadura na Furnas do Dionísio

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Furnas de Dionísio realiza neste fim de semana mais uma edição de festival com muito sabor e cultura

 

Ancestralidade e muito sabor se unem neste sábado (16) e domingo (17) na Comunidade Quilombola Furnas de Dionísio, localizada no município de Jaraguari, a 43 quilômetros de Campo Grande. Com apresentações culturais, shows, e feira, evento é uma boa oportunidade de fazer um ‘bate e volta’, já que o local fica a apenas 50 minutos da Capital.

A programação do festival começa no sábado, às 8h, com a abertura da feira dos produtores da comunidade. Após, é realizada a cerimônia oficial de abertura, com mesa de autoridades, apresentações culturais, inauguração do mural dos presidentes e homenagem aos ex-presidentes da associação. No período da tarde, a partir das 13h, os visitantes poderão desfrutar de almoço especial e o dia encerra com muita música, com Felipe Santos, às 19h30, baile do grupo Pé de Cedro, às 20h e baile Gersão e Banda, a meia-noite.

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Já no domingo (17), também tem feira dos produtores locais, a partir das 8h, seguido de apresentações culturais. Às 11h, a dupla Wilson e Alessandro soltam a voz, e às 13h é a vez de samba, com o grupo Sarará Kriolo. Após o almoço, realizado às 13h, o Grupo Ecos do Pantanal agita o festival, a partir das 15h, preparando os visitantes para o encerramento, às 19h. Nos dois dias de festa, o almoço cardápio do almoço conterá arroz com guariroba, churrasco, linguiça caipira e a tradicional farofa quilombola.

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Cultura no prato

Entretanto, o destaque do festival, como o próprio nome já diz, é a rapadura. Em 2016, tanto o festival quanto o próprio quitute foram declarados como Patrimônio Histórico e Cultural do Mato Grosso do Sul. De forma tradicional, o doce é feito de cana-de-açúcar em grandes tachos para o cozimento.

Para o Jornal O Estado, a presidente da Associação da Comunidade Quilombola Furnas do Dionísio, Maria Aparecida Silva Martins, destaca como a culinária quilombola conta a história de Furnas de Dionísio, celebrada por meio do festival.

“A culinária quilombola em Furnas do Dionísio é uma expressão da história e a cultura da nossa comunidade. Uma das nossas principais iguarias é o famoso arroz de tacho com guariroba, o frango caipira e o porco no tacho. Essa comida é caseira e é feita com ingredientes locais. O mais interessante também é que as verduras e os legumes são todos cultivados na própria comunidade. Então é uma forma de gerar renda entre os restaurantes, os pontos turísticos e os produtores”, disse.

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“Atingimos um público muito bom no ano passado; no festival deste ano, esperamos um público ainda maior do que o anterior e a expectativa é muito boa”, comenta Nilson Martins, um dos ex-presidentes mais famosos do local.

No Festival da Rapadura, a feira vai muito além da comercialização de produtos: ela transforma o doce típico em um verdadeiro símbolo de resistência cultural e de geração de renda para a Comunidade Quilombola de Furnas do Dionísio. Segundo a presidente, “a feira quilombola acontece mensalmente na sede da associação, porém, uma vez ao ano, o principal destaque é o Festival Anual da Rapadura, que já se tornou um patrimônio histórico-cultural de Mato Grosso do Sul, simbolizando resistência cultural e luta”.

No Festival da Rapadura, a música e o samba não são apenas atrações, mas sim expressões vivas da identidade quilombola. “A música é uma forma de expressar a identidade e o pertencimento quilombola. Ela mostra a importância da cultura e as tradições dos moradores. Quem disse que no quilombo não tem samba no pé, né? Então, é um modo de expressão nosso de dizer que estamos felizes, que estamos gratos, estamos de bem com a vida, sempre sorrindo, sempre acolhedor”, destacou Maria Aparecida.

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Esse acolhimento é o sentimento que a comunidade faz questão de oferecer a cada visitante, especialmente aos que chegam pela primeira vez. “A comunidade quer deixar um sentimento de acolhimento, principalmente para quem nos visita pela primeira vez. É claro que todo ano estamos buscando atender melhor as pessoas que nos visitam. Digo que ainda estamos em processo de construção. Nós somos uma comunidade muito acolhedora e tentamos fazer o máximo possível para que as pessoas voltem a nos visitar”, afirmou.

Furnas de Dionísio

O quilombo Furnas do Dionísio foi reconhecido oficialmente pelo Incra como comunidade quilombola em 24 de abril de 2009. Localizado no município de Jaraguari, ocupa uma área de 1.018,2796 hectares.

A comunidade Furnas de Dionísio foi fundada em 1890, após a abolição da escravatura, decretada em 1888. O “seu” Dionísio Antônio Vieira e sua família, vindos de Minas Gerais, levantaram a primeira casa, feita de pau a pique, sapê e muita argila.

No início do século XX, o comércio era praticado no quilombo, com venda de produtos como querosene e sal. Devido à proximidade com a capital, o transporte era feito em animais ou carro de boi. Os produtos de Furnas de Dionísio tornaram-se famosos pela sua qualidade, com foco nos derivados de cana-de-açúcar (açúcar mascavo, rapadura e mel de cana), vários tipos de queijo e farinha de mandioca.

 

Por Carolina Rampi

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