“A Guarda Civil Metropolitana nunca avançou tanto como nesses últimos 10 anos”, diz secretário Anderson Gonzaga

Foto: Roberta Martins
Foto: Roberta Martins

Segundo o Secretário Especial de Segurança e Defesa Social de Campo Grande, ainda em 2025, a pasta irá inaugurar uma nova sede, onde também será instalado o comando da GCM

Primeiro servidor de carreira à frente da SESDES (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social de Campo Grande), Anderson Gonzaga, destacou os avanços e ações de reforço da segurança pública na Capital. Concursado da GCM (Guarda Civil Metropolitana) desde 2009 e tendo a gestão da corporação, o titular da pasta destacou a valorização dada aos servidores pela gestão municipal e contou quais outras ações futuras para aprimorar a segurança e apoio à comunidade em Campo Grande.

Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado, o secretário adiantou que, além das diversas entregas de equipamentos e capacitações oferecidas, ainda em 2025, a Sejusp irá inaugurar uma nova sede. De acordo com ele, toda a estrutura passará a funcionar em um espaço amplo e bem equipado, onde também será instalado o Comando da GCM, o Centro de Controle de Operações e a Central de Videomonitoramento.

“Nós temos um Centro de Controle Integrado, onde ele faz o controle de todas as ocorrências, de todas as viaturas e as ocorrências que chegam pelo 153. Então, esse ano nós iremos fazer a entrega desse novo espaço, que será todo equipado”, afirmou.

O secretário ainda destacou a valorização recebida pelos guardas civis por parte da gestão municipal, que deu à ele não apenas a oportunidade comandar uma pasta, mas, também promoveu 900 servidores e formou a primeira turma de inspetores, com a promoção de servidores, que hoje ocupam cargos de chefia dentro da corporação.

O avanço da GCM que, de acordo com o secretário, nunca foi tão forte como nos últimos 10 anos, já está inspirando a criação de Guardas Municipais em cidades do interior de MS, como Naviraí, Sidrolândia e Costa Rica.

O Estado: Para começar, quais são as principais metas da Secretaria para este segundo semestre?
Secretário: Nós iniciamos 2025 com um plano de governo e nos comprometemos com a Prefeita Adriane Lopes durante 4 anos para fazermos entregas para a Guarda Civil Metropolitana. Dentro desse prazo já iniciamos fazendo a entrega de 14 motocicletas para o agrupamento especializado, que inclusive foi criado nesta gestão, o GEMOP. Eles trabalham com uma motocicleta mais potente, porque, além de fazer esse trabalho preventivo e repressivo nas sete regiões de Campo Grande, este agrupamento também faz um trabalho de apoio à comunidade. Nós fizemos com investimento quase R$1 milhão nessas motocicletas.Também fizemos a entrega de armamentos novos para a GCM, com um investimento de R$200 mil, sendo que essas armas foram direcionadas para as equipes especializadas.

O Estado: Quais são as outras entregas e ações previstas para a GCM?
Secretário: Queremos também fazer novos investimentos na capacitação de todos os servidores. Cabe ressaltar que neste ano nós aumentamos o número de instrutores da Guarda Civil Metropolitana, e é a primeira vez na história que nós temos os próprios agentes ocupando o lugar de instrutores nessas capacitações. Dessa forma, valorizamos os servidores e a própria Guarda Civil Metropolitana

O Estado: E quais as soluções tecnológicas que estão sendo buscadas para otimizar o atendimento à população?
Secretário: Iremos entregar uma nova ferramenta, que é a atualização do Sinesp- CAD. que nada mais é que um programa para a GCM, que informatizou toda a corporação. Por meio desse aplicativo, quando a pessoa ligar para o 153, que é o número de emergência da GCM, em tempo real o agente já vai saber onde você está, por meio da geolocalização, permitindo acionar a viatura mais próxima.

O Estado: Além da GCM, há outros órgãos dentro da Defesa Social que estão sendo modernizados?
Secretário: Sim, estamos inovando na Defesa Civil, que está dentro da Guarda Civil Metropolitana. Assim como nas viaturas da Guarda Civil, as que estão à serviço da Defesa Civil também estão sendo rastreadas para termos controle e saber em tempo real onde elas estão, o que facilita na hora de acionarmos os agentes para que atendam algum chamado dos cidadãos, o que torna o atendimento mais rápido e eficiente.

O Estado: Qual o alcance do sistema de videomonitoramento na cidade?
Secretário: Atualmente, nós temos hoje 220 câmeras instaladas, principalmente na área central. Agora, a ideia para os próximos é expandir para mais 200 câmeras, que irão monitorar as vias principais e as saídas da cidade. O estudo que nós estamos fazendo agora é para a implantação dessas câmeras. Mas, implantamos esse sistema, em 2015, eram apenas 20 câmeras, e nós estamos aumentando aos poucos. Inclusive, nessa gestão agora nós aumentamos para mais 117, monitorando o corredor que vai desde a Vila Progresso e vai até a final da Ernesto Geisel e várias transversais. A ideia também é expandir para os bairros.

O Estado: Campo Grande tem um plano municipal de segurança pública?
Secretário: Sim, com certeza temos um plano municipal de segurança. Inclusive, nós temos o Conselho Municipal de Segurança também. Um dos objetivos desse conselho e do Plano Municipal de Segurança, é justamente saber a curto e longo prazo o que precisa ser feito e ter um planejamento para as ações da Segurança Pública Municipal de Campo Grande. Então, é importante, especialmente no Conselho, a participação da população das sete regiões da cidade para que as demandas sejam trazidas para nós. Também prezamos pela participação de outras instituições e outras forças de segurança.

O Estado: As ações da GCM têm integração com a Polícia Civil e com a Polícia Militar?
Secretário: Nós temos um convênio junto com a SEJUSP [Secretaria de Justiça e Segurança Pública] e, por meio dele, trabalhamos em parceria com a Polícia Civil e com a Militar, recebemos apoio para as capacitações e os equipamentos usados pela GCM também é fruto dessa união de forças. Nos últimos anos, nós recebemos mais de R$2 milhões de investimento da Polícia Civil em equipamentos, incluindo as novas pistolas que estamos usando atualmente. Também temos parceria com a Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal,sendo que a autorização do porte de arma de fogo da Guarda Civil Metropolitana é da Polícia Federal.

O Estado: Atualmente, qual é o efetivo da Guarda? Como ele está distribuído na cidade?
Secretário: Hoje são, ao todo, 1.250 agentes, distribuídos nas sete regiões de Campo Grande, sendo que cada um tem uma base operacional da Guarda Civil Metropolitana, então, é distribuído de 100 a 150 guardas por região. Tem umas regiões mais extensas, como o Anhanduizinho e Bandeira, e nelas existem duas bases, divididas de forma estratégica para poder atender a população de forma mais eficiente

O Estado: Além dos agentes que atendem nas bases operacionais, existem guardas em outras funções?
Secretário: Temos as especializadas, como o efetivo que atende as questões de trânsito, temos a Patrulha Ambiental, que faz um trabalho de fiscalização ambiental, que fiscaliza e atende casos de descarte regular, invasão de área pública, perturbação do sossego alheio. Também temos o efetivo que atua nas escolas, com trabalho preventivo, educativo e orientativo, em frente a essas unidades e o apoio a outras instituições. Temos o trabalho da Patrulha Maria da Penha, que está na Casa da Mulher Brasileira faz mais de 10 anos e atua acompanhando os casos de violência doméstica. Além disso, tem a ROMU, que é as Rondas Ostensivas Municipais e o Gemop, que é o Grupo de Motos Especializadas, que recebeu novas motos para fazer os atendimentos. Ainda dentro da GCM temos o Centro de Controle de Operações, que trabalha fazendo controle de todo o efetivo.

O Estado: E quais são as ocorrências mais frequentes atendidas pela GCM?
Secretário: Hoje, nós temos, em média, em um final de semana, mais de 3 mil ligações e o campeão de atendimento é muita perturbação do sossego. Então, fazemos a triagem e o atendimento, junto às viaturas que estão nas ruas. E, também, no fim de semana, tem muitas denúncias de invasão de área pública, de crianças soltando pipa em praças e locais mais abertos. Também fazemos um trabalho junto aos Correios em relação ao tráfico de drogas que está acontecendo envolvendo “encomendas”. Nestes casos, temos o trabalho do Serviço de Inteligência da Guarda que é desenvolvido junto com os cães de faro, que nos ajuda a encontrar entorpecentes. Essas operações são direcionadas pela Polícia Civil, inclusive, recentemente a DENAR fez um trabalho de apuração dos fatos e apreensão de skunk, que é uma droga que está tomando proporções muito grandes. Quando pegamos casos assim nos Correios, encaminhamos até a Polícia Civil e eles fazem o trabalho de investigação.

O Estado: Como está o investimento na capacitação?
Secretário: A Guarda Civil Metropolitana é uma instituição que é bem rigorosa, porque nós temos a Polícia Federal cuidando da gente, não apenas aqui, mas em nível nacional. Por exemplo, o porte de arma de um guarda civil metropolitano é controlado pela Polícia Federal: ela controla, fiscaliza e detém o porte de arma de fogo do servidor. Então, anualmente nós temos que passar por uma capacitação obrigatória que dura, em média, 100 horas. Temos que ter o mínimo de disparo e fazer o exame psicotécnico. Isso tem prós e contras, mas, com certeza, isso acaba fazendo com que seja uma instituição forte e capacitada, que vai ter um servidor bem preparado e bem capacitado todos os anos e ter seu condicionamento atualizado.

O Estado: Qual é uma das principais atuações da Guarda Civil nos bairros?
Secretário: Hoje nós temos o serviço da base móvel da Guarda Civil Metropolitana, que é um ônibus, que estamos levando esse ônibus para a comunidade. Nós trabalhamos recentemente, agora, na base do Prosa, perto da Comunidade Carandiru, que era um ponto crítico da região. Nós ficamos 15 dias com operação por lá, levamos equipe de trânsito, porque temos muita questão de motocicleta irregular e, hoje, sabemos que, infelizmente, a bandidagem utiliza esse veículo para cometer assaltos e roubo. Nós fomos lá justamente para combater isso. Então, nossa atuação com certeza minimiza o crime na região. Antes tínhamos ficado 15 dias na região do Lagoa e estamos indo para a área central da cidade.

O Estado: Além de crimes como roubos e autuação de veículos irregulares, quais outros delitos são combatidos pela GCM?
Secretário: Quando vamos para essas regiões, estamos focando bastante na questão do ferro velho, porque isso ainda é nosso “tendão de Aquiles”, você pode perceber pelo alto índice mais alto de furtos da fiação elétrica, não apenas no espaço público, como vias e semáforos, mas, também, em privado. Enquanto tiver alguém cometendo esse tipo de delito, alguém está comprando esse material irregular, então, é por isso que nós estamos combatendo o ferro-velho. Sempre temos operações fiscalizando o alvará de funcionamento, fiscalizando esses materiais e a procedência. Um dos grandes avanços que conseguimos foi um decreto que dá embasamento legal para essas ações, porque, antes, a gente ‘enxugava gelo’. Antes, a gente pegava uma tonelada de material e não podia fazer nada, mas, hoje, podemos cobrar a procedência e se não tiver os dados de quem vendeu e de onde veio, a gente pode apreender e fechar o estabelecimento e fazer uma notificação de R$10 mil. Então, por isso, a gente está tentando combater e fiscalizar esses locais.

O Estado: E existem parceiros com vocês neste combate?
Secretário: Sim, porque não fazemos nada sozinhos. Temos a Energisa, as empresas de telefonia e internet e a Sisep [Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos]. Precisamos deles, porque, quando a gente fiscaliza e encontro cobre que a empresa reconhece como dele, o dono do ferro-velho pode ser autuado por receptação, eu consigo enquadrar ele na parte criminal. Então, com esse combate, quem compra não vai comprar algo sem procedência. Esse ainda é um desafio, mas já tem diminuído bem esse tipo de crime. Por exemplo, até a metade do ano passado a gente já tinha apreendido mais de duas toneladas de cobre, já esse ano não chegamos a uma tonelada, nesse mesmo período e esse ano fiscalizamos 62 estabelecimentos, enquanto, em 2024, foram 30, em média. Vimos que quem quer trabalhar de forma legal, está fazendo isso da maneira correta. Hoje, um dos combates que nós estamos fazendo é contra o comércio ilegal, que está existindo também. Só que nós estamos fazendo um levantamento já, um trabalho de inteligência, mapeando tudo.

O Estado: Além desse, quais são os outros desafios enfrentados pela Guarda?
Secretário: Então, um dos desafios que nós temos também é o de manter a ordem pública. Queremos que a população se sinta bem na cidade. A pessoa está em uma praça, em um parque, está em uma unidade nossa, então, queremos ela está bem recepcionada, em um ambiente seguro. Trazer segurança para a população é um grande desafio e uma obrigação, independente do local em que as pessoas estejam, a gente quer que elas estejam em segurança.

O Estado: Tem alguma previsão de investimento para drone, câmeras e outras tecnologias?
Secretário: Nós estamos adquirindo agora dois drones, porque é um instrumento que auxilia bastante na parte de segurança pública, principalmente. Por exemplo, conseguimos fazer o mapeamento aéreo de uma área crítica, apurar alguma denúncia. O drone permite uma visão mais ampla e não expõe o agente ou toda a guarnição.

O Estado: Existe alguma tecnologia para monitorar as escolas e reforçar a segurança de alunos e servidores?
Todos os dias estamos reforçando o monitoramento e a seguranças nas escolas e outros locais. Hoje, nós temos a Ronda Escolar e um aplicativo que foi lançado nessa gestão, que pode ser acionado e tem ligação direta com as viaturas da Guarda Civil em caso de emergência. Esse recurso foi desenvolvido naquela época em que houve diversos ataques em escolas de outros estados, então, procuramos reforçar ainda mais a segurança nas unidades de educação. Mas, também existe a segurança que fazemos fora, porque todos precisam chegar em casa. Para isso, fizemos um cronograma e um mapeamento de toda a Campo Grande, incluindo os terminais e os caminhos que esses alunos tomam para chegarem em suas residências. Não é uma segurança pontual, mas, sim, muito ampla para garantirmos a segurança de todos.

O Estado: Como que o senhor avalia o tempo que o senhor está à frente da Secretaria?
Secretário: Enquanto servidor, vejo que nesses últimos anos nós evoluímos muito. A Guarda existe desde 1990, mas o primeiro concurso público é de 2009. Eu vejo que nesses últimos 2 anos ela evoluiu mais do que os 10 anos anteriores. Por exemplo, quando eu assumi tínhamos 380 agentes armados com revólver 38, hoje temos 900 servidores com pistolas automáticas ponto 40, então, eu tripliquei e capacitei todos para que trabalhem armados. Nunca ouvi um incidente, um desvio de conduta ou fatalidade por parte de algum desses servidores. Evoluímos na parte de viaturas, equipamentos e capacitações, que hoje são dadas pelos próprios agentes de carreira.

Por Ana Clara Santos

 

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