O número de protestos por inadimplência condominial atingiu um novo patamar em Mato Grosso do Sul, que deixa em evidência um problema que vem crescendo em todo país. A dificuldade dos condomínios em lidar com a inadimplência das taxas mensais por parte dos moradores. Em junho, o Estado registrou o maior volume de protestos da história, com 1.328 registros, conforme dados do Instituto de Protesto da OAB/MS.
Os problemas gerados pela inadimplência dos moradores vai além dos números. Sem os recursos que devem ser arrecadados mensalmente, condomínios enfrentam dificuldades para manter serviços básicos em funcionamento, como segurança, limpeza, manutenção das áreas comuns e pagamento de funcionários. As contas em atraso também afetam os moradores com débitos em dia, que acabam arcando com os custos deixados por quem não paga.
Para Luciano Magalhães Macedo, CEO do Cerus, o crescimento dos protestos serve como um sinal de alerta para gestores de todo o Brasil. “O aumento expressivo no número de protestos por inadimplência em Mato Grosso do Sul é um reflexo de uma tendência que se observa em diversos estados. Isso pressiona a sustentabilidade financeira dos condomínios e evidencia a necessidade de novas alternativas de gestão e financiamento. O setor precisa cada vez mais de soluções que equilibrem cobrança eficiente e suporte à saúde financeira dos empreendimentos”, afirma.
Especialistas do setor defendem que o fortalecimento da educação financeira entre os condôminos, aliado à profissionalização da gestão condominial, é essencial para mitigar os riscos de colapso em serviços e garantir o bom funcionamento das estruturas coletivas.
A assistente de cobranças, Brenda Prado, que atua em uma empresa que realiza o informe dos débitos para moradores de condomínios que seu setor atende, afirma que a maior dificuldade está relacionada com a dificuldade de comunicação entre condomínios e moradores. “No meu caso, a maior dificuldade que eu encontro seria com relação aos aplicativos de condomínio. Geralmente os condôminos tem um app onde eles conseguem gerar o boleto de pagamento da taxa condominial e por exemplo em alguns casos quando o condômino não paga, o app baixa o boleto por estar vencido, mas o devedor acredita que pagou mesmo não tendo comprovante de pagamento. As alegações são sempre de que sempre no aplicativo está baixado, então está pago”.
Para Prado, a maior reclamação dos consumidores está relacionada à falta de comunicação entre condomínios e moradores. “A maioria deles alega que o condomínio ou a administradora do condomínio deve informar primeiro que há taxas em aberto, antes de enviar para a assessoria jurídica”.
Frente ao aumento da inadimplência, cresce também a procura por alternativas que ofereçam maior previsibilidade orçamentária. Entre as mais buscadas estão a antecipação de receita condominial, o uso de garantias e o apoio de plataformas especializadas em gestão financeira. A adoção dessas ferramentas vem permitindo que muitos síndicos enfrentem o cenário com mais segurança e estabilidade.
Por Gustavo Nascimento
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