Exemplo nos negócios, filhos seguem legado profissional ensinada pelos pais
Para alguns filhos, a paternidade simboliza não somente a proteção, mas o legado que reflete nos negócios da família. O ensinamento da primeira profissão é herança que até hoje os irmãos Joaquim Padilha, Jacson e Carlos carregam de seu pai, Joacir Padilha. “Foi a profissão que aprendi com meu pai, era o sonho dele e hoje eu e meu irmão damos continuidade nesse sonho”, explica o filho, Joaquim.
O “seu Padilha”, como também era chamado, abriu em 1981 sua primeira loja especializada em vidros, a Vidraçaria Imediata. Em Corumbá, município que fica à aproximadamente 430 km da Capital de Mato Grosso do Sul, o ponto sempre foi a principal fonte de renda dele, de sua esposa, Floriana, e seus três filhos. Com mais de 40 anos de experiência no setor de vidros, o carisma e o jeito de contador de piadas atraia clientes de toda a cidade.
Em, 2023 seu Padilha se tornou uma estrela no céu, mas o privilégio de ter passado a profissão para seus filhos segue viva até os dias de hoje.“Anos antes dele partir, em 2016, meu pai passou a vidraçaria para mim e meu irmão caçula. E veio dele todo conhecimento que temos hoje na profissão, as habilidades com os vidros, o jeito de tratar os clientes. Ele sempre ensinou que a gente tinha que tratar todos que entravam na loja de igual pra igual, com dignidade e respeito”, recorda Joaquim, o filho do meio dos três.
Ao jornal O Estado, Joaquim compartilhou que nesses 44 anos de atendimento, clientes da Bolívia, Paraguai e árabes já passaram pela loja em busca dos serviços realizados com excelência. O filho recorda também que a prática de ensinar era uma dádiva que nasceu com o pai. “A arte de trabalhar com os vidros foi repassada não somente para os filhos, mas como também pro neto mais velho, e outros funcionários que já trabalharam por lá”, comenta.
Mesmo no luto pelo pai, os filhos seguem firmes com os trabalhos na vidraçaria, na rua Antônio Maria, na Cidade Branca, como também é conhecido o município. “Hoje a gente tenta seguir no ritmo que ele nos ensinou, deixando nosso empreendimento sempre no topo, não deixando a peteca cair, e claro com o apoio da nossa mãe. Até porque essa vidraçaria era tudo pra ele, e a partir de agora, esperamos que ele sinta orgulho de onde está”, deseja o filho.
Herança passada de geração
Em Campo Grande, na rua Clevelândia, no Guanandi, o barbeiro Fernando Duarte transfere todo seu conhecimento no ramo da barbearia para seus filhos Victor Duarte e o caçula Fernandinho. Tudo começou em meados de 2000, quando Fernando (pai) tinha uma banda de música que se apresentava em Assunção, no Paraguai, e ele assumiu também a função de cortar o cabelo da equipe. “Quem ficava responsável pelo visual, vamos assim dizer, era eu né”, lembra o profissional.
Um tempo depois, Fernando acabou se afastando da música e passou a trabalhar de carteira assinada. Ainda no tempo quando não se falava barbearia, mas salão de beleza, ele já tinha os três filhos e com o salário da época, o gasto para levar as crianças para cortar o cabelo se tornava um desafio para o orçamento da família.
“No início cortava só dos três, depois passei a cortar do meu sobrinho, primo, tio e até dos vizinhos. Teve um dia que quando vi tinha uma fila com umas 20 pessoas pra cortar”, recorda o pai. Foi quando a irmã de Fernando sacou que aquele gesto de gentileza poderia se tornar um negócio de sucesso. “Ela me incentivou a me especializar, fazer o curso e investir porque eu já estava trabalhando, só não cobrando”, comentou.
Foi então que em 2013, Fernando se profissionalizou e abriu o espaço para atendimento com apenas uma cadeira e tesouras. Mas no coração a vontade de fazer o negócio dar certo. O primeiro filho que recebeu os ensinamentos do pai, foi o mais velho Victor, quando tinha 17 anos chegou a passar em um vestibular em Minas Gerais, mas por motivos pessoais não concluiu o curso.
“Como ele estava parado eu trouxe ele para a barbearia e comecei a ensiná-lo. Quando tinha muita fila eu sugeria para o cliente sobre o trabalho dele, e assim até hoje ele segue com sua carteira de clientes consolidada já com seus 29 anos”, lembra Fernando sobre a trajetória ao lado do filho mais velho.
Talento que vem de berço
Depois foi a vez do segundo filho, o Fernandinho, hoje com 21 anos. Ele acompanhava o pai no contraturno da escola para não ficar sozinho em casa, aos 13 anos de idade. Na época ele não gostou muito, mas depois viu que tinha talento na profissão já exercida com maestria pelo pai.
“Eu sempre quis passar para eles que o trabalho dignifica a gente, então nunca deixei que eles ficassem à toa, por mais que eles não quisessem, eu não queria vê-los ociosos e passei aquilo que sabia para eles”. O terceiro filho, Filipe e o de coração Natan, também já dominam as tesouras.
A união e cumplicidade entre pai e filhos resultou no sucesso e alcance de público que hoje a barbearia carrega o sobrenome da família: Mister Duarte, e já se entende à um novo empreendimento, a Conveniência Duarte. Ao longo desses 12 anos, a barbearia investiu em modernidade oferecendo aos clientes um aplicativo onde é possível visualizar todos os procedimentos disponíveis, que vai desde a designer de sobrancelha à corte de cabelo e luzes. Além de já realizar pelo app o agendamento com um dos profissionais.
“Na barbearia priorizo a padronização, e tenho uma preocupação para que eles estejam sempre fazendo cursos e se atualizando. A cada dois meses os meninos estão fazendo workshop, temos também o programa de fidelização com cupons de descontos. E acredito que esse é o nosso diferencial, o cuidado de sempre estar atualizado”, finaliza o empresário.
Unindo o papel de ser um transferidor de valores, a história dos dois pais – o Seu Padilha e o Fernando – ensina que compartilhar os negócios ao lado dos filhos é um caminho que não só da certo, mas como, nos ajuda a criar memória afetivas e consolidadas para o resto da vida.
Por Suzi Jarde e Gustavo Nascimento
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