Em meio a um cenário de tensão e ocupação do plenário por deputados da oposição, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), conseguiu abrir os trabalhos legislativos na noite dessa quarta-feira (6), após retornar do recesso parlamentar. A sessão foi convocada para as 20h30, mas só teve início pouco depois das 22h30, após intensas negociações com lideranças partidárias e enfrentamento direto aos protestos de parlamentares bolsonaristas.
Desde terça-feira (5), deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro ocupam o plenário da Câmara e também do Senado, exigindo que seja pautado o projeto que propõe anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, incluindo o próprio Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado. O grupo se recusa a desocupar a mesa diretora da Casa enquanto a proposta não for levada à votação.
Hugo Motta chegou a ameaçar os manifestantes com medidas disciplinares. Em nota divulgada pela Secretaria-Geral da Mesa, o presidente da Câmara alertou que os parlamentares poderiam ser punidos com suspensão cautelar do exercício do mandato parlamentar, caso persistissem na obstrução.
Mesmo sob gritos e protestos, Motta reassumiu a presidência da sessão e fez um discurso em tom firme e conciliador. Ele destacou que o Parlamento vive um momento atípico. “Não estamos vivendo tempos normais”, declarou, reconhecendo o clima de ebulição no Congresso. Ainda assim, reforçou que a democracia não pode ser colocada em negociação.
“Essa sempre será a casa do debate. A oposição precisa respeitar o regimento”, afirmou o presidente da Câmara, dirigindo-se diretamente ao grupo que obstrui os trabalhos.
O deputado também reforçou que está disposto a dialogar com todas as correntes políticas, sejam de direita ou esquerda, e prometeu marcar uma sessão deliberativa extraordinária, com data, horário e pauta a serem definidos conforme o regimento interno da Casa.
Após seu pronunciamento, a sessão foi encerrada sob protestos da oposição e gritos de “anistia, não!” entoados por deputados governistas, contrários à proposta de perdão aos envolvidos na tentativa de golpe.
Clima segue tenso no Congresso
A retomada dos trabalhos legislativos foi marcada por forte embate político. A base bolsonarista pressiona pela votação da anistia como pauta prioritária, enquanto a base do governo e partidos do centro se mantêm contrários à iniciativa. Nos bastidores, líderes trabalham para evitar a radicalização do embate e garantir a retomada da normalidade no funcionamento do Legislativo.
A expectativa agora recai sobre os próximos movimentos de Hugo Motta e da Mesa Diretora, que terão o desafio de conduzir os debates sem ceder à pressão dos grupos mais radicais, preservando a integridade institucional da Câmara.
Com informações do SBT News
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