Agosto Lilás: campanha reforça combate ao feminicídio, enquanto MS soma 21 casos este ano

Foto: Divulgação
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Em meio a dados alarmantes sobre a violência de gênero no país, o mês de agosto começa com o lançamento da campanha Agosto Lilás, promovida pelo Ministério das Mulheres com o objetivo de mobilizar a sociedade para o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres, em especial aos feminicídios. Somente este ano, Mato Grosso do Sul soma 21 casos de feminicídio.

A ação ocorre no mês em que a Lei Maria da Penha completa 19 anos e busca dar visibilidade a casos como o de Salvadora Pereira, de 22 anos, morta com um tiro no rosto pelo companheiro em Corumbá. A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, detalhou as ações previstas para o Agosto Lilás, que incluem iluminação de prédios públicos, campanhas educativas, rodas de conversa, palestras e articulação com diferentes instituições.

“Há muitas formas [de mobilização], e esse Agosto Lilás promete atividades, mobilização, conversas, campanhas, iluminação das cidades, tudo em nome do direito das mulheres terem uma vida plena, digna”, disse a ministra.

Ainda em alusão ao Agosto Lilás, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul participa da operação “Shamar”, que teve início na sexta-feira (01). A mobilização nacional é coordenada pelo MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), em parceria com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), com foco no enfrentamento à violência de gênero contra a mulher. A operação, que segue até o dia 4 de setembro.

No Estado, a atuação é conduzida pela Delegacia-Geral, com participação efetiva da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que será o ponto focal, e das Salas Lilases nas cidades do interior. A força-tarefa prevê o cumprimento de mandados de busca e apreensão domiciliar, prisões preventivas e aplicação de tornozeleiras eletrônicas contra autores de violência doméstica.

Além da atuação repressiva, as delegacias promoverão ações preventivas, como palestras, rodas de conversa e panfletagem informativa. A equipe também reforçará a fiscalização das medidas protetivas de urgência, por meio do contato direto com as vítimas que contam com essa importante medida de segurança.

O órgão Executivo, por meio da Semu (Secretaria Executiva da Mulher), também preparou uma extensa programação gratuita durante todo o mês, com foco em saúde, empreendedorismo, empoderamento, autocuidado e combate à violência de gênero. A campanha deste ano também marca os 126 anos de Campo Grande, comemorados em 26 de agosto, com projetos inovadores e eventos voltados para a valorização da mulher em todas as suas pluralidades.

De acordo com o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1.492 feminicídios foram registrados no país em 2024, ao todo no Estado foram 35 vítimas deste crime. Já a pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil aponta que mais de 21,4 milhões de brasileiras com 16 anos ou mais sofreram algum tipo de violência em um período de 12 meses.

Em Mato Grosso do Sul, 20 casos de feminicídio foram registrados até julho de 2025. Com o último caso, registrado no sábado (2), o número subiu para 21. A comparação com o ano anterior revela um aumento. Em todo o mês de julho de 2024, foram registrados 19 feminicídios, enquanto em 2025 esse total foi alcançado ainda antes do encerramento do mesmo mês, indicando crescimento no número de ocorrências dentro do mesmo intervalo de tempo. Ao considerar o mês de agosto do ano passado, foram 20 casos no total, o que confirma o aumento.

Relembre o caso

O último feminicídio ocorreu no sábado (2), na zona rural de Corumbá, a 428 km de Campo Grande. Salvadora Pereira foi assassinada dentro da casa onde morava com o companheiro José Cliverson Soares da Silva e cinco crianças, entre filhos do casal e de relacionamentos anteriores.

Segundo a polícia, ele confessou o crime, que teria sido motivado por uma discussão após consumo de bebidas alcoólicas. A suspeita é de que as crianças tenham presenciado o assassinato.

A Polícia Civil informou que o autor possuía mandado de prisão em aberto e foi autuado em flagrante por feminicídio e posse irregular de arma de fogo. O caso segue sob investigação da Delegacia de Atendimento à Mulher de Corumbá.

Como anunciado pela Polícia Civil, o caso de Salvadora não foi o primeiro episódio de violência cometido por José Cliverson. Um mandado de prisão por lesão corporal emitido em 2020 foi encontrado em seu nome durante consulta ao BNMPP (Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões).

Além disso, no dia 28 de outubro de 2023, ele foi denunciado por agredir uma então companheira na cidade vizinha de Ladário. Na ocasião, a mulher relatou que ambos estavam bebendo na casa da sogra quando uma discussão por ciúmes terminou com agressões físicas. José chegou a ser preso, e a mulher solicitou medidas protetivas à Justiça. Mesmo com esse histórico, ele estava em liberdade.

Por Inez Nazira

 

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