População idosa já representa 14% dos moradores de MS e maioria é mulher, segundo observatório

Foto: Roberta Martins
Foto: Roberta Martins

Estado tem mais de 390 mil pessoas com 60 anos ou mais; dados revelam desigualdades e queda na inclusão no mercado de trabalho

A população idosa de Mato Grosso do Sul já ultrapassa os 390 mil habitantes, o equivalente a 14,2% dos moradores do Estado. As mulheres representam a maioria: cerca de 53,6% das pessoas com 60 anos ou mais são do sexo feminino. Os dados fazem parte do novo painel lançado pelo OCMS (Observatório da Cidadania de Mato Grosso do Sul), que reúne indicadores sobre envelhecimento, condições de vida, trabalho, saúde e direitos humanos nos 79 municípios sul-mato-grossenses.

Entre os dados que chamam atenção está o crescimento da população idosa autodeclarada preta, que mais do que dobrou em 12 anos — de 13,1 mil em 2010 para 26,9 mil em 2022. O índice de envelhecimento também aumentou: hoje, o Estado tem 64 idosos para cada 100 jovens de até 14 anos, segundo os Censos do IBGE.

O levantamento mostra ainda que o mercado formal de trabalho ficou menos acessível para os mais velhos em 2024. Apenas entre pessoas com 65 anos ou mais, o saldo foi negativo em 2.413 vagas. A maioria das demissões e admissões ocorreu entre homens com ensino médio completo.

A plataforma, lançada na última quarta-feira (30), é abastecida com dados de fontes como o IBGE, DATASUS e Disque 100. A proposta é oferecer um panorama detalhado e atualizado sobre a realidade da população idosa no estado. “O Brasil e o Mato Grosso do Sul estão envelhecendo, precisamos nos conscientizar dessa realidade e identificar as necessidades que ainda precisam ser atendidas”, afirma o coordenador do OCMS, professor Samuel Oliveira.

De acordo com o painel, 94,6% da população idosa de Mato Grosso do Sul é alfabetizada. No entanto, cerca de 49,7 mil pessoas com 65 anos ou mais ainda não sabem ler ou escrever. Apenas dez municípios têm taxa de alfabetização acima da média estadual.

Quando o assunto é moradia, os dados revelam desigualdades: 124 mil idosos declararam não ter banheiro ou sanitário em casa. Desses, 60% se autodeclaram pardos e outros 15% se identificam como pretos. Cerca de 40 mil pessoas com 60 anos ou mais vivem de aluguel no estado.

A plataforma também aponta que as mulheres vivem, em média, quatro anos a mais que os homens no Estado, e duas a mais que a média nacional. Já a taxa de mortalidade entre idosos com 90 anos ou mais ultrapassa os 20 mil óbitos por 100 mil habitantes.

No campo da saúde, as doenças que mais atingiram idosos entre 60 e 64 anos em 2024 foram Dengue e Zika. A Influenza, no entanto, foi a doença com maior número de registros entre pessoas idosas durante o ano.

Em relação a violações de direitos humanos, os dados do Disque 100 revelam que 67,4% das vítimas no país são mulheres. No Mato Grosso do Sul, o cenário é semelhante: a maioria dos casos ocorre entre mulheres de 70 a 74 anos.

O painel também traz informações sobre a rede de apoio à população idosa. Dos 79 municípios sul-mato-grossenses, 58 têm Conselhos Municipais da Pessoa Idosa. No entanto, em oito cidades esses conselhos estão inativos, e em 13 não há Fundo Municipal para financiar políticas públicas voltadas ao grupo.

 

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