Com homenagem à Helena Meirelles, festival transforma escolas estaduais em palcos para a arte e seleciona finalistas
Competir? Também, mas fomentar a expressão artística, revelar novos talentos e destacar a música como ferramenta para transformação social e educação. Esse é um dos objetivos do ‘Festival da Canção das Escolas Estaduais de MS – Prêmio Helena Meirelles’ que chega em sua quarta edição este ano, tornando o ambiente escolar em locais de arte, inclusão e emoção.
O evento reúne talentos da Rede Estadual de Ensino, incentivando a cultura sul-mato-grossense e presta homenagens à violeira Helena Meirelles, com canções autorais inspiradas na paz. Ele é promovido pela SED (Secretaria de Estado de Educação), por meio da SUPRE (Superintendência de Modalidades e programas Educacionais) e do NUAC (Núcleo de Arte e Cultura). O gestor do NUAC, Prof. Dr. Fábio Germano da Silva destaca como o evento vai além da competição.
“O festival não é apenas sobre música, é sobre dar voz aos nossos jovens, sobre criar oportunidades de pertencimento, escuta e expressão. É uma celebração da potência criativa que existe nas nossas escolas”, afirma.
Temática
Este ano, o festival traz como tema “Arte e Cultura pela Paz: Caminhos para uma Convivência Harmônica”, em parceria com o Programa de Promoção da Cultura de Paz AMPARE-MS, e em consonância com a Resolução/SED nº 4.315, de 21 de junho de 2024. A proposta convida os estudantes a refletirem, por meio da criação musical, sobre valores essenciais como empatia, inclusão, respeito às diferenças e a resolução pacífica de conflitos.
Para a Coordenadora de Eventos do NUAC e integrante do Comitê Gestor AMPARE-MS, Alessandra Rodrigues, o festival é uma união entre a arte por meio da música e questões sociais, como cidadania e diálogo.
“A música se torna um canal poderoso para que esses jovens expressem como enxergam o mundo e o tipo de sociedade que desejam construir. Ao mesmo tempo, o festival propõe ações preventivas e educativas voltadas à mediação e à resolução de conflitos por meios não violentos, estimulando o diálogo, a escuta ativa e a construção de relações mais harmônicas — dentro e fora do ambiente escolar. É um movimento que une arte, educação e cidadania em prol de uma cultura de paz”, afirma.

Foto: SED/Divulgação
Da sala de aula ao palco
Um Celular, um iPad, um microfone condensador e muita vontade de se expressar. Foi com essa estrutura modesta, mas recheada de paixão e criatividade, que cinco alunos da Escola Estadual Indígena Pastor Reginaldo Miguel – HOYENÓ’O, de Aquidauana, colocaram suas vozes e sentimentos no IV Festival da Canção das Escolas Estaduais de MS – Prêmio Helena Meirelles. A escola fica no distrito de Taunay, que tem aproximadamente 450 moradores e dá acesso à sete aldeias indígenas da etnia Terena: Imbirussu, Lagoinha, Morrinho, Bananal, Água Branca, Ipegue e Colônia Nova.
E, mesmo assim, a escola teve três alunos selecionados para a próxima fase, a final. Foram mais de 43 escolas participantes, de municípios como Dourados, Três Lagoas, Aquidauana, Caracol, Glória de Dourados, Nova Andradina, entre outros, o festival mostra a força da rede pública estadual em fomentar a produção cultural local.
Para o professor de canto e coordenador do coral da instituição, Rick Luiz, da Escola Estadual Indígena Pastor Reginaldo Miguel – HOYENÓ’O, o festival é um marco na trajetória de sua comunidade escolar. “É com muita alegria que participamos pela terceira vez. Fomos premiados duas vezes com o talento do nosso aluno Gabriel Amority. Isso é histórico para a nossa escola e comunidade. Todas as canções foram feitas com amor, dedicação e tecnologia acessível”, conta, emocionado.A produção das músicas nas escolas, muitas vezes sem estúdios ou equipamentos profissionais, revela a resiliência dos alunos e professores. Em tempos de tecnologias portáteis e criatividade ilimitada, a arte encontrou brechas para florescer.
“Nunca tinha cantado antes, mas graças ao projeto, me apaixonei pela música. Vou levar o pop para o festival e quero representar Taunay com todo meu coração”, disse a estudante Tayná Domingos Costa.
“Sou muito grato a NUAC e fico muito feliz pela minha participação nos últimos dois anos, mas, esse ano, será muito especial, por ser meu último ano no ensino médio. Então quero fechar esta trajetória inteira com chave de ouro”, comentou Gabriel Amority.

Foto: SED/Divulgação
Homenagem à Helena Meirelles
Mais do que um festival, o evento é também uma reverência à cultura do Mato Grosso do Sul, homenageando a lendária violeira Helena Meirelles, ícone da música regional brasileira. A escolha do nome não é por acaso: Helena rompeu barreiras de gênero, idade e origem para se tornar uma das maiores instrumentistas do país. “Helena é símbolo de resistência, talento e autenticidade. Sua história inspira nossos jovens a acreditarem no poder da arte como caminho de transformação e liberdade”, pontua Fábio Germano.
Grande Final
A final do festival está marcada para o dia 15 de agosto de 2025, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande, a partir das 15h. A programação inclui apresentações dos artistas Wagner Pantaneiro e Banda, Alex e Ivan e Alzira’s, prometendo uma noite repleta de talentos e emoções.
O palco será dos estudantes, mas o espetáculo será de toda uma rede que acredita na arte como ferramenta de construção de um futuro mais humano e harmonioso.

Foto: Reprodução
Confira os selecionados e as canções para a final:
* Marcelus Andrade das Chagas (CEAM/AHS – Campo Grande) – ‘A Continuação’
* Ana Laura e Wanessa (EE Fernando Corrêa) – ‘Caminhos da Paz’
* Marina Silveira Weber (CEAM/AHS – Campo Grande) – ‘Caminhos da Paz’
* Valdeir Francisco Alves (EE Indígena Pastor Reginaldo Miguel – HOYENÓ’O – Aquidauana) – ‘Caminhos da Paz’
* Tayná Domingos Costa (EE Indígena Pastor Reginaldo Miguel – HOYENÓ’O – Aquidauana) – ‘Mural de Harmonia’
* Lucimara Ramos Gomes (EE Profª Floriana Lopes – Dourados) – ‘Não fique em Silêncio’
* Amanda Araldo de Oliveira (EE Irman Ribeiro de Almeida Silva – Nova Andradina) – ‘O respeito é o nosso dever’
* Larissa Silvares de Oliveira (EE Augusto Krug Netto – Chapadão do Sul) – ‘O sol bilhará’
* Gabriel Amority (EE Indígena Pastor Reginaldo Miguel – HOYENÓ’O – Aquidauana) – ‘Transformação’
* Kauã Oliveira Borges (EE Fernando Corrêa da Costa) – ‘Viola, Fé e Tereré’
Apoio
Realizado pela SED, por meio do NUAC e da SUPRE, o festival conta com o apoio da Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), Febafams (Federação de Bandas e Fanfarras de MS), Delegacia da Receita Federal de Campo Grande, Fadeb/MS e Sanesul.
Por Carolina Rampi