Sucesso nas redes, iguaria tem movimentado renda de quem aposta na produção em Campo Grande
Primeiro viralizaram vídeos com o som crocante ao morder o doce. Depois, vieram os comentários dizendo que era impossível acertar o ponto da calda. Em seguida, uma avalanche de tentativas caseiras, memes, filas em docerias e, finalmente, encomendas esgotadas em minutos. O morango do amor — mistura da fruta fresca com brigadeiro branco e cobertura de caramelo vermelho — tornou-se a iguaria mais desejada do momento e, em Campo Grande, tem garantido renda extra para quem soube aproveitar a tendência.
É o caso da assistente de RH Jamylle Salomão, 37, que trabalha durante o dia em uma empresa e, à noite, transforma a própria cozinha em linha de produção. “Iniciei recentemente com a repercussão nas redes sociais. Demorei um pouco para começar, pois tinha receio do resultado, mas meus amigos começaram a pedir. Quando fiz a primeira remessa, foi um sucesso. Agora está uma loucura!”, conta ao jornal O Estado.
Sem loja física, ela já tinha clientela fiel para trufas, maçã do amor e outros doces, mas foi o morango do amor que estourou. Após postar as primeiras unidades no status do WhatsApp, a demanda cresceu tanto que precisou encerrar as encomendas ainda à tarde. À noite, cozinha até de madrugada: “Produzo 40 doces, das 19h até 1h30. Como vendo individualmente ou em caixinhas com duas e três unidades, que são os que mais saem, estabeleci esse limite diário. Faço tudo sozinha”.
O preço varia conforme a quantidade: R$ 12 a unidade ou R$ 10 para pedidos acima de duas. A rentabilidade compensa o esforço. Segundo Jamylle, o produto já representa um aumento considerável no orçamento do mês. “Achei que as pessoas não pagariam, mas estão bem dispostas a pagar”, diz.
Delicado como a calda
A explosão de procura, no entanto, vem acompanhada de um desafio logístico. Ao contrário da maçã do amor, o morango não pode ser armazenado: por ser envolvido em brigadeiro e coberto por caramelo ainda quente, o doce começa a soltar água e perde a crocância em poucas horas. “Precisa ser consumido de imediato. Faço só a quantidade que sei que vai sair e algumas unidades extras para pronta entrega. Se posto que tem, vendem na hora”, explica Jamylle.
A preparação exige técnica. “O brigadeiro tem que estar um ponto acima do de enrolar, bem firme. O morango precisa estar perfeito, sem nenhum machucado. E a calda precisa chegar ao ponto de vidro, nem antes nem depois, senão fica grudando ou amarga. Um erro e a produção se perde”, afirma. Ela mesma já ouviu clientes chamarem a iguaria de “morango do ódio”, em referência às dificuldades de quem tenta fazer em casa e não acerta a receita.
Tendência aquece a economia
As redes sociais vêm provando, repetidamente, que tendências virais influenciam diretamente o consumo. Em Campo Grande, algumas docerias já estão produzindo mais de mil unidades por dia, com horários específicos para retirada. Outras adotaram o sistema de encomendas por causa da delicadeza do preparo. No universo das doceiras independentes, o crescimento repentino da demanda obriga a ajustar tudo: da compra da bandeja de morangos, que pode chegar a custar R$ 12, até a gestão do tempo, especialmente quando a cozinha funciona fora do expediente.

Andreia
“As redes sociais têm se tornado um impulsionador muito poderoso do consumo. Muitas vezes, a demanda é criada antes mesmo de existir de fato. Quando alguém quer lançar um produto, passa a criar uma necessidade em torno dele, e isso é muito perceptível nos dias de hoje”, avalia a economista comportamental Andreia Saragoça.
Segundo a especialista, mesmo que o impacto macroeconômico não seja grande, o movimento é positivo para a economia local. “No comércio, isso movimenta os insumos: morango, leite condensado, chocolate. Gira a economia de maneira pontual, mas eficaz.
Doceria vende 200 doces por hora
Na doceria Doces Momentos, na última terça-feira , eles comercializaram quase 2.000 morangos do amor. Segundo explicou a gerente da loja, Andressa, a média de venda atinge 200 doces por hora. Como já explicado, a guloseima tem de ser saboreada de imediato, por isso eles pedem aos clientes para chegarem às 16h30 para comprar.
O diferencial do doce, que está sendo chamado de nova maçã do amor, segundo Andressa, está na calda. Após o viral, eles tiveram um tempo para desenvolver a própria calda, que segundo ela, apostaram em um diferencial com receita exclusiva.
No estabelecimento os consumidores esperam os momentos que são liberados para venda, e alguns vêm de outras regiões em busca do doce, como é o caso do wolnei que veio do bairro chácara das mansões, bairro que fica a 30 km do estabelecimento, e esperou algumas horas para poder comprar o doce. “Eu vim ontem pelo doce mas já havia acabado, e pela distância não compensa ficar vindo e voltando, então hoje resolvi esperar aqui até a reposição”.
Segundo ele, o doce é realmente do amor, já que veio a pedido da esposa só para fazer a compra. “A minha esposa teve vontade e eu vim comprar pra ela, ela viu na rede social e escolhi vir aqui pois vi que tinha. É realmente o amor que faz a gente realizar essas coisas”, completou.

Vanessa
A loja tem trabalhado com dois tipos de tamanho, um no valor de R$ 12,00 e outro no valor de R$ 16 ambos de um excelente tamanho. Segundo a supervisora Vanessa Martins, as encomendas estão a todo vapor no local, tendo que ser necessário a contratação de novos funcionários para poder suprir as demandas pela procura do doce.
O viral do doce tem superado as expectativas da loja, e eles analisam ainda se vão dar continuidade nele após o viral, mas é algo que ainda precisa ser estudado segundo a gerente Vanessa. O doce que tem sido campeão de vendas tem agrado todo tipo de público que procura por ele.
Djeneffer Cordoba
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