Trump elogia Bolsonaro e diz que pode conversar com Lula após tarifaço contra o Brasil

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (11) que pode conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “em algum momento”, após impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras. A declaração foi dada a jornalistas antes de embarcar para o Texas, estado atingido por enchentes.

“Talvez em algum momento eu converse com ele [Lula]. Agora, não. Eles estão tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta. Ele é um bom homem, sabia? Eu o conheço. Bem, negociei com ele. Era muito duro, posso te dizer, mas também muito honesto. E eu conheço os honestos e conheço os corruptos”, disse Trump.

A fala do norte-americano ocorre em meio à crescente tensão diplomática entre os dois países, após o anúncio do tarifaço, a maior taxa entre todas as impostas por Washington a parceiros comerciais. A medida entrará em vigor no dia 1º de agosto e afeta diretamente setores do agronegócio e da indústria brasileira.

Em resposta, o presidente Lula publicou na quinta-feira (10) um artigo de opinião em nove jornais de destaque internacional, como The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), El País (Espanha), Der Spiegel (Alemanha) e China Daily (China). No texto, criticou duramente as tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos e alertou para os riscos de uma nova ordem global marcada por conflitos comerciais, extremismo político e desigualdade.

“As tarifas desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, escreveu o presidente. Ele também criticou o que chamou de “omissão” frente ao genocídio na Faixa de Gaza e defendeu a refundação de organismos multilaterais como a ONU, para que sejam mais representativos e eficazes diante dos desafios atuais.

Lula aproveitou o espaço para abordar temas como mudanças climáticas, desigualdade social e o crescimento da extrema direita. Ele comparou 2025 a 1945, defendendo que a ordem global precisa ser reconstruída sob novas bases. “Não existem muros altos o bastante para manter ilhas de paz cercadas de miséria”, afirmou.

Crise vai além do comércio, diz especialista

Para o cientista político Elias Tavares, a fala de Trump e a imposição das tarifas representam mais que uma disputa comercial: é uma crise diplomática com potencial de impacto profundo.

“Ao pedir publicamente a suspensão do julgamento de Jair Bolsonaro no STF e classificá-lo como ‘caça às bruxas’, Trump tenta interferir diretamente no sistema de Justiça de um país soberano”, afirma o especialista.

Tavares defende que o Brasil responda de forma técnica e coordenada. Entre as medidas sugeridas estão acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a taxação, e mobilizar apoio diplomático entre os Brics, Mercosul e parceiros europeus. “Não se trata de uma rixa entre presidentes. É uma questão de Estado. Soberania não se negocia. Se defende”, completa.

O temor é que a taxação impacte duramente a balança comercial brasileira, especialmente setores como o agronegócio e a indústria de base. Além disso, a retórica de Trump insere o Brasil em sua agenda eleitoral, tornando o país alvo de discursos que visam a base conservadora norte-americana.

Enquanto Lula busca apoio internacional e reforça o papel do Brasil no G20, Brics e COP30, Trump mira a narrativa de apoio a Bolsonaro, possível aliado ideológico. A situação expõe o Brasil a uma instabilidade diplomática delicada, exigindo ação firme e estratégica por parte do governo brasileiro. A tensão deve continuar nas próximas semanas, e os desdobramentos serão observados com atenção por analistas e lideranças políticas de todo o mundo.

 

Com informações do SBT News

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