Estudo internacional publicado em revista científica mostra que medicamento Sotatercept diminui em 76% as chances de internação, transplante ou óbito
Um estudo clínico internacional trouxe uma nova esperança para pacientes com hipertensão arterial pulmonar (HAP), doença rara e grave que afeta os vasos sanguíneos dos pulmões. Testado em pessoas com alto risco de morte, o medicamento Sotatercept apresentou resultados expressivos ao reduzir em 76% o risco de hospitalização, necessidade de transplante ou morte relacionada à doença.
A pesquisa foi publicada na respeitada revista The New England Journal of Medicine e contou com a participação do brasileiro Rogério de Souza, professor titular de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ele é o único pesquisador da América Latina entre os autores do estudo, ao lado de cientistas dos Estados Unidos e Europa.
“O fármaco diminuiu em 76% a chance de o paciente ser hospitalizado, transplantado ou morrer da doença”, afirmou o professor, que há décadas estuda a condição e destaca que, apesar dos avanços nos tratamentos, ainda há um longo caminho na luta contra a HAP, especialmente nos casos mais graves.
A hipertensão pulmonar atinge, principalmente, mulheres entre 40 e 50 anos, e provoca sintomas como falta de ar até em tarefas simples, como tomar banho ou caminhar curtas distâncias. Se não tratada, a doença pode evoluir rapidamente e levar à morte. Estima-se que cerca de 5 mil pessoas convivem com a HAP no Brasil.
Segundo Rogério, o diagnóstico costuma ser tardio, já que os sinais se confundem com outras doenças cardíacas ou respiratórias. “Muitas vezes é confundida com insuficiência cardíaca ou DPOC, o que atrasa o início do tratamento”, explica.
O Sotatercept já foi aprovado pelas agências reguladoras dos Estados Unidos (FDA) e da Europa (EMA) e está sendo usado por milhares de pacientes. No Brasil, o remédio foi registrado pela Anvisa no fim de 2024, mas ainda não está disponível pelo SUS. De aplicação subcutânea a cada três semanas, o tratamento é considerado de alto custo.
Para o professor da USP, o foco agora deve ser ampliar o conhecimento sobre a doença e pressionar o poder público para a incorporação do medicamento ao SUS, pelo menos nos casos mais graves. “É um ganho em quantidade e qualidade de vida — além de representar uma forma mais racional de utilizar os recursos públicos”, afirma.
O Ministério da Saúde informou que a Conitec, responsável por avaliar novas tecnologias para o sistema público, ainda não recebeu nenhum pedido oficial de análise do Sotatercept. Atualmente, o SUS oferece outros medicamentos para a HAP, como sildenafila, bosentana e ambrisentana.
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