Projeto que nasceu no digital, ‘Menino Azul nas Cores da Imaginação’ ganha versão literária

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Obra que promove a inclusão infantil será distribuída gratuitamente em escolas públicas de MS

 

Unir ludicidade e conscientização por meio de histórias acessíveis e sensíveis é o principal propósito do livro Menino Azul nas Cores da Imaginação, da arte-educadora Renata Damus, com ilustrações do premiado artista visual José Fiuza. A obra, que surgiu em formato digital durante a pandemia, com apoio da Lei Aldir Blanc, agora ganha edição impressa graças aos recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), por meio de edital promovido pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e executado pela Fundação de Cultura de MS (FCMS).

Com linguagem poética, traços delicados e forte apelo visual, o livro narra as aventuras do Menino Azul, que usa a imaginação como ponte para superar o preconceito. “As crianças acolhem o diferente com naturalidade quando são estimuladas com histórias que valorizam a diversidade. Ainda temos poucos materiais infantis que tratam de inclusão de forma lúdica, sem estereótipos. Esse livro busca justamente preencher essa lacuna”, afirma Renata, arte-educadora com mais de 30 anos de experiência.

O projeto teve início em 2021 como um e-book viabilizado por edital emergencial da Lei Aldir Blanc, e se desdobrou em uma animação. Agora, com apoio da LPG, o ciclo se completa com o livro físico. Serão distribuídos 2.000 exemplares em 87 escolas públicas do Estado. “Esse é o encerramento de um ciclo que começou de forma virtual e termina com a concretização física da história. O livro é uma ferramenta poderosa de diálogo sobre empatia e respeito”, explica o ilustrador José Fiuza, precursor da animação em MS e referência nacional na área.

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Criação

Para dar vida ao universo visual de Menino Azul nas Cores da Imaginação, o ilustrador José Fiuza buscou referências que dialogam diretamente com o público infantil. “Minha inspiração veio principalmente das leituras do Maurício de Sousa e dos desenhos animados que meu filho assistia. Observei muito a forma como os personagens se expressam, as cores, os gestos”, conta. Com uma carreira marcada por uma estética mais voltada à animação tradicional, ele precisou repensar seu traço. “Tive que mudar bastante o meu estilo. Fui simplificando ao máximo até que a expressão dos sentimentos dos personagens se tornasse o ponto central da imagem.”

A chegada da obra ao formato impresso também representa uma virada importante no projeto. “Depois de sair do digital, ter uma versão física é muito mais legal. Você pode pegar o livro, ver como as cores funcionam na página, perceber o traço de um jeito diferente”, comenta. “Acho que nesse livro eu consegui chegar na forma ideal do personagem, e ver isso impresso tem um peso especial”.

O equilíbrio no projeto “Menino Azul” é alcançado através da simplicidade. Para a reportagem do Jornal O Estado, Zé Fiuza relata que, visualmente, o Menino Azul é desenhado de forma simples e despretensiosa, facilitando o reconhecimento e a acessibilidade.

“A conexão emocional vem do fato de que o Menino Azul passa por situações que qualquer criança pode enfrentar: o medo de ser diferente, a busca por aceitação. Usamos uma narrativa visual simples, mas com muita emoção. As histórias não precisam de muitas palavras, e isso permite que as crianças se identifiquem e se conectem com o personagem e seus dilemas. Ao mesmo tempo, há um espaço para cada espectador preencher as lacunas com suas próprias experiências e emoções”, detalhou Zé.

A cor azul do menino foi escolhida simplesmente como uma forma de destacar sua individualidade, sem um motivo específico. O personagem poderia ter qualquer cor, como amarelo, verde ou vermelho.

A ideia é criar uma figura vibrante que desafia estereótipos e reforça a mensagem de que as diferenças são normais e devem ser celebradas. Embora o azul tenha sido a cor selecionada, o essencial é que sua singularidade é o que o torna especial.

Digital

Além do livro impresso, o site oficial do projeto (www.meninoazul.com) oferecerá gratuitamente o e-book, o audiobook e materiais pedagógicos elaborados por professoras da educação infantil, com sugestões de atividades para sala de aula.

“O Menino Azul só se tornou realidade graças às leis de incentivo cultural. Elas não apenas garantem o sustento de artistas e educadores, mas também democratizam o acesso à arte e à leitura. São políticas que geram transformação social real”, destaca Renata.

Fiuza acredita que a ilustração tem papel essencial como ferramenta de inclusão, principalmente quando se comunica com crianças. “A criança se identifica muito com o desenho. Vejo isso até pelo trabalho da minha esposa, que é coautora do livro e professora de educação infantil”, explica. “As cores, o estilo, tudo isso influencia a criança e consegue transmitir mensagens complexas. Quando falamos de inclusão, por exemplo, uma imagem bem pensada pode ajudar na formação de opinião ainda no comecinho da vida”.

A acessibilidade também é um dos pilares do projeto, com versões em audiobook, intérprete de Libras no evento de lançamento e materiais pedagógicos disponíveis online. Para o ilustrador, essas ações ampliam o alcance e a potência da mensagem do Menino Azul. “A gente consegue chegar a mais pessoas e criar novas possibilidades de discussão sobre as diferenças. Ninguém é igual a ninguém — e quando a gente oferece acesso, estamos incluindo mais vozes na conversa. Isso só torna a discussão mais importante”.

Lançamento

O lançamento oficial de Menino Azul nas Cores da Imaginação acontece no dia 5 de julho (sábado), das 9 às 11h, no auditório 1 do Colégio Dom Bosco, em Campo Grande–MS. O evento contará com acessibilidade completa, incluindo rampas e intérprete de Libras, garantindo o acesso a todos os públicos.
(Em colaboração com Amanda Ferreira).

 

Por Por Carolina Rampi

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