Setor recuou 0,5% em maio, afetado pela retração de 13 das 25 atividades industriais, especialmente bens de consumo duráveis
A produção da indústria brasileira registrou queda de 0,5% em maio na comparação com abril, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o segundo mês consecutivo de retração, após o recuo de 0,2% em abril, com destaque negativo para o setor de veículos automotores. A desaceleração também reflete os efeitos do ciclo de alta da taxa básica de juros no país, que encarece o crédito e desestimula o consumo.
No recorte mensal, 13 das 25 atividades pesquisadas apresentaram redução na produção. Os principais recuos foram observados nos segmentos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,9%), coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%), produtos alimentícios (-0,8%), produtos de metal (-2,0%) e móveis (-2,6%). Por outro lado, a indústria extrativa registrou avanço de 0,8%, sendo a principal influência positiva no mês.
Apesar da retração na margem, a indústria teve crescimento de 3,3% em relação a maio de 2024. No acumulado dos últimos 12 meses, o avanço é de 2,8%. O setor se mantém 2,1% acima do patamar de fevereiro de 2020, antes da pandemia, mas ainda opera 15% abaixo do pico registrado em maio de 2011.
O impacto dos juros elevados – atualmente em 15% ao ano – é um dos fatores que contribuem para o desempenho negativo recente. A política monetária restritiva, adotada para conter a inflação, afeta diretamente o crédito e, com isso, compromete decisões de consumo das famílias e investimentos das empresas. A inflação acumulada em 12 meses está em 5,32%, acima da meta oficial com teto de 4,5%.
Entre as grandes categorias econômicas, três das quatro registraram retração na passagem de abril para maio. Bens de consumo duráveis caíram 2,9%, influenciados pela menor produção de automóveis, eletrodomésticos da linha marrom e motocicletas. Bens de capital recuaram 2,1%, enquanto os bens de consumo semi e não duráveis tiveram queda de 1%. Apenas os bens intermediários tiveram leve alta de 0,1%.
Com a segunda queda consecutiva, o crescimento acumulado da indústria em 2025 recuou para 0,7%, após ter chegado a 1,5% no primeiro trimestre. A perda de fôlego sinaliza um cenário de maior cautela para o setor nos próximos meses, especialmente se o crédito continuar restrito e a taxa de juros seguir elevada.
*Com informações da Agência Brasil
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