Murilo Martinez lança álbum que mistura tradição, sensibilidade e tecnologia sonora

Foto: Assessoria
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Músico se apresenta em julho, no Sesc Teatro Prosa, com projeto sensorial que transforma som em imagem por meio da cimática

Produzindo música para os olhos, o compositor e multi-instrumentista três lagoense Murilo Martinez traz à cena da música instrumental sul-mato-grossense um projeto inédito e original. No dia 15 de julho, ele apresenta no Sesc Teatro Prosa, às 19h, o show de lançamento do álbum “A Forma do Som”. Com uma proposta ousada e sensorial, o músico transforma o som em imagem ao explorar a cimática, campo científico que estuda as formas geométricas geradas por vibrações sonoras, criando uma experiência audiovisual imersiva que promete encantar o público.

Com nove faixas autorais, o disco é resultado de uma profunda pesquisa de mais de 14 anos de Murilo em sonoridades experimentais e música vibracional. Canções como “A Montanha é Você”, “Toroidal” e “Ritos Rupestres” revelam a busca do artista em explorar as relações entre som, consciência e matéria. “A Forma do Som” já está disponível em plataformas digitais e reafirma a vanguarda do músico, que antes lançou trabalhos como “Trinca do Mato” (2021) e “Sinfonia do Silêncio” (2011).

Após o lançamento em Campo Grande, o álbum segue para a Europa, ampliando a projeção do artista no cenário internacional. O espetáculo propõe atravessar as fronteiras da música tradicional para dialogar com a arte, a ciência e o invisível, criando uma experiência inédita no estado e rara no mundo. Murilo Martinez convida o público a vivenciar uma nova forma de ouvir e ver a música, em um espetáculo que une técnica, sensibilidade e inovação.

O álbum é resultado de mais de 14 anos de pesquisas em sonoridades experimentais – Foto: Assessoria

Imagem e som

Com uma carreira consolidada no Brasil e no exterior, Murilo Martinez carrega nas cordas de seus instrumentos, violão percussivo, viola caipira e violão harpa, a síntese de uma trajetória artística que atravessa fronteiras culturais e afetivas. Natural de Três Lagoas (MS) e atualmente residente em Campo Grande, o músico dirige o Instituto Edohigan, onde desenvolve trabalhos com musicoterapia vibroacústica. Suas composições transitam entre a musicalidade sul-mato-grossense, a música brasileira e referências sonoras globais, incorporando afinações alternativas e instrumentos de diferentes culturas. Essa fusão entre arte e ciência está no cerne do álbum “A Forma do Som”, que investiga a vibração sonora como expressão artística e como ferramenta de equilíbrio físico e mental.

Após o show de estreia em Campo Grande, o espetáculo segue para a Europa, com apresentações confirmadas nas cidades de Porto e Lisboa, em agosto. Essa será a segunda turnê internacional de Martinez, a primeira ocorreu em 2015, com uma série de concertos na Alemanha. Além da atuação como instrumentista e pesquisador, o artista também se destaca na composição de trilhas sonoras para o cinema, tendo sido premiado em festivais nacionais e internacionais, incluindo o Festival de Cannes e o Festival de Londres em 2025. Por meio de sua arte instrumental, Murilo conecta o Cerrado e o Pantanal ao mundo, reafirmando o potencial inovador da música produzida em Mato Grosso do Sul.

Murilo Martinez explica que o álbum “A Forma do Som” é resultado de anos de estudo e aprofundamento na musicoterapia vibroacústica, área à qual se dedica por meio de duas pós-graduações e diversos cursos especializados. O músico destaca que a música vai além da escuta: ela reverbera no corpo, sendo percebida não apenas pelo ouvido, mas também pela pele, pelas células. Inspirado pela cimática, ciência que estuda os padrões geométricos formados por vibrações sonoras, Murilo desenvolveu um método que utiliza o som diretamente no corpo físico, criando experiências terapêuticas e sensoriais.

Essa abordagem, unida à sua musicalidade intimista e introspectiva, culmina em um espetáculo imersivo no qual o público pode literalmente “ver” o som em tempo real, com projeções audiovisuais que transformam o palco em uma paisagem geométrica de vibrações. “É como voltar ao início da minha trajetória, mas agora unindo arte, ciência e tecnologia de forma integrada”, resume o artista, que celebra a repercussão positiva do novo trabalho.

“Trabalho com afinações alternativas desde meu primeiro álbum, Sinfonia do Silêncio (2011), pois elas me dão liberdade para criar ritmos, acordes e texturas únicas. Minha identidade musical é uma fusão de influências: música brasileira, celta, nórdica e trilhas sonoras. Me inspiro muito mais no que ouço do que no que estudo a teoria vem depois, como lapidação. Uso violão harpa, kalimba, ukulele e outros instrumentos não convencionais. Gosto de explorar timbres e misturar culturas sonoras. Minha música está sempre em transformação, refletindo o que escuto e vivo”, destaca o artista para a reportagem.

Arte é equação

Sobre a essência do disco A Forma do Som, Murilo Martinez resume com uma equação poética e profunda: Arte = Beleza = Estética = Harmonia = Paz. Para ele, o álbum propõe uma experiência sensorial e emocional que vai além da audição, buscando tocar o ouvinte em níveis mais sutis e integrados. “É uma proposta ousada, sim, mas também muito necessária. Acredito que é possível chegar à paz por meio da arte, por meio da música”, afirma o músico. Ao unir som, forma e sentimento, Murilo convida o público a entrar em um estado de contemplação, onde a música se torna um caminho para o equilíbrio e a reconexão com o essencial.

“Nesse álbum, meu fio condutor foi a beleza. Em meio ao caos do mundo, quis transmitir que a vida ainda vale a pena, que o mundo é bom e bonito. Tenho um compromisso com a beleza na arte, assim como tenho com a verdade na ciência. A música, pra mim, é algo que recebo de graça, um presente. Eu apenas organizo e compartilho. Não sou dono dela; a música pertence a quem se emociona com ela”, afirma.

Experiência sensorial

O público que assistir ao show “A Forma do Som” pode esperar uma vivência sensorial única e imersiva, na qual música e imagem se fundem em tempo real. No palco, Murilo executa ao vivo suas composições com instrumentos como violão percussivo e viola caipira, enquanto um software capta as frequências sonoras e as transforma em mandalas e formas geométricas, projetadas no ambiente do espetáculo. “É uma experiência audiovisual em que o som se torna visível, como ele se manifesta na água e, simbolicamente, dentro do nosso corpo, que também é feito majoritariamente de água”, explica.

Após estrear o espetáculo em Campo Grande, Murilo se prepara para levar “A Forma do Som” a Portugal, com apresentações em Lisboa e Porto, marcando seu retorno à Europa dez anos depois de sua primeira turnê internacional, realizada no sul da Alemanha em 2015. “É uma honra e uma responsabilidade representar a música instrumental sul-mato-grossense fora do país. Desta vez, levo duas violas, composições mais maduras e uma bagagem muito maior, repleta de influências da nossa cultura regional”, finaliza.

Além de apresentar músicas autorais que expressam a estética, a harmonia e os ritmos do Centro-Oeste brasileiro, Murilo também revela que pretende iniciar um diálogo entre o fado português e a música de raiz do Brasil, levando consigo não só um espetáculo, mas uma ponte sonora entre continentes.

Serviço: O show de lançamento do álbum será realizado no dia 15 de julho, às 19h, no Sesc Teatro Prosa, localizado na Rua Anhanduí, 200, em Campo Grande (MS). Os ingressos são gratuitos e estarão disponíveis em breve por meio do perfil oficial do Sesc Cultura MS no Instagram: @sescculturams.

 

Por Amanda Ferreira

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