Cheia do Rio Paraguai e descarte de lixo irregular colaboram para a presença de onças-pintadas

Para monitorar pontos onde felinos já passaram, câmeras foram instaladas - Foto: Reprodução-IHP
Para monitorar pontos onde felinos já passaram, câmeras foram instaladas - Foto: Reprodução-IHP

Especialistas monitoram felinos em Corumbá e Ladário e não descartam chance de serem mais de um

 

O aumento do nível do Rio Paraguai tem contribuído para maior frequência de avistamentos de onça-pintada em áreas urbanas de Corumbá e Ladário. Desde 24 de março deste ano, o IHP (Instituto Homem Pantaneiro) tem registrado diversos relatos de onça-pintada na cidade pantaneira. Especialistas dão orientações sobre os cuidados com o animal.

De acordo com o Boletim Diário do Imasul (Instituto de Meio Ambiente), o nível do rio na estação de Ladário atingiu a marca de 3 metros nesta terça-feira (11), e tem subido cerca de um centímetro por dia. O aumento das chuvas em junho tem contribuído para a cheia. Conforme o Boletim, o volume de chuvas está na média esperada para o mês. Em sete dias, de 4 a 11 de junho foram registrados 33,4 mm.

Essas condições têm ampliado as áreas alagadas no Pantanal, fazendo com que animais silvestres, como a onça-pintada, busquem refúgio em regiões mais elevadas, o que inclui áreas urbanas. Segundo Luka Gonçalves, analista ambiental do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), a localização geográfica de Corumbá e Ladário, construídas sobre morrarias, favorece esse tipo de aproximação durante o período de cheia.

“Esses animais acabam perdendo território seco e buscam abrigo nas partes altas do Pantanal. Isso explica o aumento no número de aparecimentos, principalmente nesta época do ano”, explica Luka.

Os primeiros registros de avistamento de onça-pintada em Corumbá ocorreram na região da Cacimba da Saúde e no Mirante da Capivara. Depois, foram reportadas presenças do felino no Parque Municipal Marina Gattass, em frente ao posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal), nas proximidades do Canal Tamengo e novamente no Mirante da Capivara, onde foi filmada uma onça tentando atacar um cachorro em 23 de maio.

Segundo o IHP, ainda é cedo para confirmar se se trata de um único animal ou mais de um. Há indicativos de que pode haver pelo menos dois, um jovem, filmado no Mirante da Capivara, e um adulto, flagrado por câmeras de segurança na região da Agesa. Alguns moradores estão mudando as rotinas e evitando até sair de casa ao atardecer, pelo medo de encontrar algum felino.

Além das cheias, outros fatores também têm atraído esses animais para áreas urbanas. “A presença de lixo, descarte incorreto de alimentos e animais domésticos sem proteção são elementos que aumentam o risco. Onças não têm como preferência alimentar animais domésticos, mas diante da facilidade de acesso, acabam predando cães e gatos”, alerta Luka Gonçalves.

As áreas mais suscetíveis ao aparecimento desses felinos são justamente aquelas próximas ao Rio Paraguai, às baías, áreas de vegetação densa e reservas naturais. O analista do IHP reforça que a coexistência com a fauna pantaneira exige cuidados constantes, especialmente em regiões como Corumbá e Ladário, localizadas dentro do bioma.

O IHP está prestando apoio técnico à Polícia Militar Ambiental, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal (Prefeitura de Corumbá), Corpo de Bombeiros, Câmara Municipal e outras instituições desde abril, monitorando os registros e orientando a população sobre como agir em casos de avistamento.

Em situações emergenciais ou caso algum morador visualize um animal silvestre, a recomendação é entrar em contato pelos telefones (67) 3232-2469 ou (67) 99266-4052, informando o local, data e horário aproximado do avistamento. Imagens e vídeos também podem ajudar no trabalho de monitoramento das autoridades.

“Devemos lembrar que estamos dentro do Pantanal e precisamos tomar medidas que garantam a segurança tanto da onça-pintada quanto das pessoas”, conclui Luka Gonçalves.

Foto: Reprodução-IHP

Orientações de segurança

Para evitar situações de risco, o IHP orienta a população:

-Não se aproximar de onças, mesmo que pareçam calmas;

-Manter luzes externas acesas em áreas com possibilidade de presença do animal;

-Conservar cães e gatos dentro de casa ou em locais seguros;

-Evitar descarte inadequado de alimentos ou lixo orgânico;

-Denunciar áreas com indícios de “ceva” (oferta de alimentos para animais silvestres), prática ilegal e perigosa;

-Observar pegadas e evitar transitar sozinho por locais de mata fechada ou pouco iluminados;

-Em caso de encontro com a onça, manter contato visual, não correr e recuar lentamente sem movimentos bruscos.

 

Por Inez Nazira

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