A elevação na taxa de juros também é um fator que tem impacto negativo
Pelo quarto mês consecutivo, o ICF (Índice de Intenção de Consumo das Famílias) em Campo Grande registrou queda: saindo de 101,5 em abril para 100,5 neste mês. A comparação é resultado da pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Na análise da economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS, Regiane Dedé de Oliveira, essa redução no consumo pode ter influência do aumento nos preços de alguns itens consumidos diariamente.
“Apesar da manutenção de índices de consumos iguais ao do ano passado (45,6%) e da perspectiva de consumo para os próximos meses também ser como a do ano anterior (41,3%), o impacto de fatores juros ainda elevados e a alta no preço de alguns produtos essenciais na mesa do brasileira pode estar influenciando a decisão de ir com mais calma às compras, especialmente as de maior valor”, avalia sobre os consumidores estarem cautelosos.
É nas compras nos supermercados, que a dona de casa, Maria das Neves, de 59 anos, tem destinado boa parte de sua renda. “Costumo fazer a compra do mês, mas mesmo assim, toda semana venho ao mercado comprar algo que faltou. Percebi que nos últimos meses o café disparou, e se tratando de café não dá para substituir. O que dá pra fazer é moderar no consumo”, explica a consumidora.
Para o aposentado, José Soares, o café também é o número um da lista dos produtos que mais aumentaram, e consequentemente prejudica o orçamento. Para ele, a “compra do mês” ainda é a categoria que mais compromete a renda e em seguida o gasto com medicamentos.
“O aumento do café é um absurdo ainda mais para a família que tem costume de tomar todo dia. Sem falar, no açougue também comer carne hoje em dia está difícil. Isso dificulta da gente pensar em comprar outras coisas, investir em outros bens. Tudo está caro”, finaliza o consumidor.
Em Campo Grande, o valor gasto com a compra da cesta básica chegou a R$ 805,08, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Esse valor consumiu cerca de 57,34% do salário mínimo do trabalhador na Capital.
Acesso ao crédito
A pesquisa ICF, também mostra que 46,8% das famílias sentem que o acesso ao empréstimo/crédito para comprar a prazo está igual ao ano passado. No início de maio, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou a taxa Selic – juros básicos da economia – para 14,75% ao ano. A justificativa foi a alta dos preços dos alimentos, energia e as incertezas da economia global.
A pesquisa do ICF é feita mensalmente com base na percepção de pelo menos 500 famílias em Campo Grande, e tem como objetivo medir a confiança do consumidor em relação a emprego, renda, crédito e capacidade de consumo no presente e no curto prazo. É um indicador com capacidade de medir, com a maior precisão possível, a avaliação que os consumidores fazem sobre aspectos importantes da condição de vida de sua família.
Como a sua capacidade de consumo, atual e de curto prazo, nível de renda doméstico, segurança no emprego e qualidade de consumo, presente e futuro. Trata-se, ainda, de um indicador antecedente do consumo, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, tornando-o uma ferramenta poderosa para a própria política econômica, para as atividades produtivas, para consultorias e instituições financeiras.
Ao questionar os entrevistados sobre como anda o nível de consumo atual da família, 15,5% responderam que estão comprando mais e 38,9% afirmaram que estão comprando menos. Sobre a perspectiva de consumo, 20,5% das famílias disseram que será maior que no ano passado, e 36,9% calculam que será menor que em 2024.
Suzi Jarde