Saúde pública e privada lidera o ranking das maiores preocupações entre campo-grandenses

Foto: divulgação
Foto: divulgação

Na contramão, no restante do país brasileiros indicam a segurança como o assunto que “tira o sono”

 

Na contramão dos dados nacionais, que apontam a violência como principal preocupação da população brasileira, em Campo Grande a saúde pública ocupa o centro das angústias. Foi o que constatou a equipe de reportagem do O Estado ao ouvir moradores de diferentes regiões da cidade. A maioria dos entrevistados apontou a saúde como prioridade — e também como fonte constante de frustração.

Demora para agendar consultas, ausência de especialistas, medicamentos em falta e abandono de determinadas áreas médicas são reclamações frequentes, tanto em relação ao sistema público quanto ao privado.

A segurança pública aparece em segundo lugar nas preocupações dos campo-grandenses, seguida pela economia e, em quarto, a educação. Para muitos, a crise na saúde vai além da estrutura física: há também um impacto emocional, com pacientes e familiares se sentindo desamparados diante da espera e da falta de respostas.

Quando a espera custa vidas

A aposentada Dione Rios, de 73 anos, relata um dos episódios mais relevantes vividos por sua família.“Meu pai precisava urgentemente de um neurologista. Dois anos depois que ele faleceu, me ligaram para agendar a consulta. Tive que dizer que ele já estava morto. Foi revoltante.”

Ela conta que, mesmo tendo conseguido colocá-lo em um plano de saúde com muito esforço, o diagnóstico de um tumor cerebral veio tarde demais.

A vendedora Susana Cáceres também critica o atendimento básico. “Quem precisa do posto de saúde sofre. É demorado, é difícil, é cansativo. Pra mim, é mais preocupante até do que a segurança.”

 “Está tudo ruim, mas a saúde é o pior”

Para a empresária Ciara Pereira, dona de loja no centro da cidade, os problemas estão por todos os lados: ruas esburacadas, aumento da violência, queda na qualidade da educação. Mas, ao ser questionada sobre o que mais a preocupa, ela é direta:

“A saúde. Eu não dependo do SUS, mas sou impactada todos os dias. Amigos, vizinhos, irmãos da igreja. Semana passada, paguei o remédio de uma pessoa. Está tudo horrível.”

Economia frágil intensifica a crise

A comerciante Ilma Fermino, de 57 anos, destaca que a escalada de preços agrava ainda mais o problema da saúde. “A gente trabalha, mas não vê o dinheiro. Tirei férias mês passado e, quando voltei, tudo tinha encarecido. Até os medicamentos ficaram mais caros.”

Para ela, a insegurança econômica pesa no cotidiano e gera incertezas em todas as áreas, inclusive na aposentadoria dos pais, que ela ainda ajuda a sustentar.

Cenário nacional: violência cresce no ranking de temores

Enquanto os campo-grandenses seguem mais preocupados com a saúde, uma pesquisa Genial/Quaest, divulgada este mês, revela que para 29% dos brasileiros, a violência é hoje o maior problema do país — o maior índice registrado até agora pela série histórica.

Em segundo lugar aparecem as questões sociais (23%), seguidas pela economia (19%) e só então a saúde, com 12% das menções. A educação, por sua vez, é apontada por apenas 7% dos entrevistados.

A alta nos índices de criminalidade levou o governo federal a tentar impulsionar a PEC da Segurança Pública, que enfrenta resistência dos governadores, preocupados com a possível perda de autonomia das polícias estaduais.

 

Por Suelen Morales

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *