O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o avanço das negociações para um acordo de parceria econômica entre Mercosul e Japão durante discurso no Fórum Empresarial Brasil-Japão, realizado em Tóquio nesta quarta-feira (26). Lula destacou que a integração econômica é mais vantajosa para os dois blocos do que a adoção de práticas protecionistas e alertou sobre os riscos de um novo cenário de tensões geopolíticas globais.
“Nossos países têm mais a ganhar pela integração do que pelo recurso de práticas protecionistas”, afirmou o presidente. Sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ou o recente aumento de tarifas comerciais entre EUA e China, Lula reforçou que o Brasil não deseja “uma segunda Guerra Fria”.
Lula destacou a importância de fortalecer os laços econômicos entre Brasil e Japão, que já foram mais robustos no passado. Ele lembrou que o comércio bilateral entre os dois países caiu de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024, o que, segundo ele, evidencia a necessidade de ajustes na relação comercial.
“Assinaremos 10 acordos de cooperação nas mais diversas áreas, além de quase 80 instrumentos entre empresas, bancos, universidades e outras instituições”, anunciou Lula. Ele mencionou a recente venda de 20 jatos da Embraer à ANA (All Nippon Airways), maior companhia aérea japonesa, em um contrato avaliado em R$ 10 bilhões, como um sinal de fortalecimento dessa relação.
O presidente também citou iniciativas como a transição energética e a COP 30, que será realizada em Belém, em novembro, como oportunidades para estreitar ainda mais os laços entre Brasil e Japão. “Nunca antes na história do Brasil houve tanto crédito disponibilizado para as pessoas mais pobres, para os trabalhadores e também para os grandes empresários e para o agronegócio”, afirmou Lula, em um claro aceno ao empresariado japonês.
No discurso, Lula fez críticas indiretas ao aumento do protecionismo em alguns países e destacou que o Brasil defende o livre-comércio e o fortalecimento da democracia como caminhos para a estabilidade econômica e política.
“Nós não queremos uma segunda Guerra Fria”, declarou. “Nós não podemos voltar a defender o protecionismo. Nós não queremos mais muros. Nós não queremos mais Guerra Fria. Nós não queremos mais ser prisioneiros da ignorância. Nós queremos ser livres e prisioneiros da liberdade”, concluiu o presidente.
Lula abriu o discurso com um tom descontraído, comentando a goleada de 4 a 1 sofrida pela Seleção Brasileira para a Argentina, em jogo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
“Hoje é um dia feliz e um dia triste para mim”, brincou o presidente. “E também triste porque acharam que eu sou baixinho e colocaram um banco aqui para eu ficar mais alto, quando eu não sou tão baixo assim”, completou, arrancando risos da plateia.
Entre as autoridades presentes no evento estavam o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Lula encerrou o discurso reforçando a importância de avançar nas negociações com o Japão e consolidar uma nova estratégia de relacionamento bilateral. “Estou seguro de que precisamos avançar com a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Japão e Mercosul”, afirmou.
O governo brasileiro agora aguarda o avanço das conversas diplomáticas para concretizar o acordo comercial, que poderá abrir novas oportunidades para o agronegócio, a indústria e o setor de tecnologia entre os dois países.
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