Enquanto isso, SAS alega que existem 315 vagas em comunidades terapêuticas
O tráfico de drogas, muitas vezes invisível e camuflado nas ruas da cidade, ganhou destaque durante a “Operação Dual” realizada na Vila Nhanhá, em Campo Grande. Conhecido como “tráfico formiguinha”, esse tipo de comércio ilegal é caracterizado por pequenas quantidades de drogas sendo vendidas de forma dispersa, o que dificulta a atuação das autoridades, mas causa grandes danos à comunidade.
Embora a operação tenha tido resultados positivos, as forças de segurança, Polícia Civil e Militar reconheceram os desafios contínuos no combate ao tráfico de drogas na região. O delegado Roberto Guimarães da Garras (Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) ressaltou a complexidade do problema.
“O tráfico de drogas é uma questão de saúde pública. Embora a polícia atue incansavelmente, também é necessário um esforço conjunto das áreas de saúde e assistência social para lidar com o vício”, afirmou. Ele ainda mencionou a dificuldade em lidar com usuários que, muitas vezes, acabam se tornando pequenos traficantes, conhecidos como “tráfico formiguinha”.
O Comandante Felipe da Polícia Militar complementou: “Essas medidas de saúde e assistência social não são coercitivas. O vício é uma questão complexa que precisa de tratamento adequado, mas a segurança pública seguirá atuando para combater o tráfico e proteger a população.”
Diante desta realidade, o jornal O Estado questionou a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social e cidadania) sobre o trabalho que vem sendo realizado pelo município em prol da população de rua e daqueles que querem abandonar os vícios.
“Em Campo Grande, o poder público municipal promove o convênio de 11 comunidades terapêuticas, resultando em um total de 315 vagas. As vagas são rotativas, pois dependem da permanência do residente, podendo interromper o tratamento a qualquer momento por conta própria ou ainda devido à finalização do processo terapêutico”, informou a SAS.
Sem o controle de vagas, a Secretaria ainda afirma que oferta em Comunidades Terapêuticas, na modalidade de regime de residência, o acolhimento visando a convivência como principal instrumento terapêutico. Durante o acolhimento, é feito o encaminhamento das pessoas que desejam iniciar o tratamento nesta modalidade, assim como é realizado o monitoramento regular nestas comunidades terapêuticas conveniadas.
Com base nos resultados obtidos pela polícia durante a operação, a realidade parece contrastar com a encontrada pelos agentes no bairro, que está tomado por usuários e pedintes. Placas de “aluga-se” ou “vende-se” refletem o desespero vivenciado pelos moradores, que lutam para conseguir refazer a vida em outras regiões.
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem (31), o delegado Hoffman Dávila, titular da Denar, explicou os objetivos e os resultados obtidos. “Essa vertente de combater o tráfico doméstico já é uma preocupação da Denar. O tráfico formiguinha fomenta outros tipos de delito e gera insegurança jurídica na comunidade”, explicou. Ele acrescentou que a operação foi uma ação conjunta, resultando em vários flagrantes, como tráfico de drogas, receptação e porte ilegal de armas.
De acordo com informações divulgadas pelas autoridades, a “Operação Dual” resultou em apreensões significativas e na detenção de suspeitos. Durante a ação, as autoridades recuperaram um veículo furtado, apreenderam uma arma de fogo, e registraram 50 autos de infração de trânsito, com 15 veículos removidos. Além disso, sete pessoas foram conduzidas à delegacia e duas prisões por tráfico de drogas foram realizadas.
Traficante morre durante ação policial
A operação resultou na morte de Leonardo Diego Fagundes Lourenço, 35 anos, um traficante de drogas que tentou atirar contra policiais militares durante a abordagem em um ponto de venda de drogas na Avenida Ernesto Geisel, na Vila Nhanhá. A troca de tiros ocorreu enquanto a Polícia Militar, com o apoio da Polícia Civil, realizava a operação.
Leonardo foi baleado durante o confronto com policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. O delegado Hoffman Dávila explicou que o traficante reagiu à abordagem, colocando em risco a vida dos policiais: “Ele desobedeceu à ordem, partiu para cima do policial com uma arma branca, e a intervenção do Batalhão de Choque foi necessária para proteger a vida dos policiais”, disse. O criminoso, que possuía mais de 100 passagens pela polícia, foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Colaboração da população
O delegado Roberto, do Garras, também fez um apelo à população, ressaltando a importância da colaboração das pessoas para o sucesso das operações. “É essencial que a população colabore.
Mantemos o sigilo do denunciante, e nossos policiais estão prontos para verificar a procedência das informações”, comentou. Ele destacou que o grande desafio da polícia no combate ao tráfico é a mistura entre traficantes e usuários, o que dificulta a identificação de criminosos. “O traficante muitas vezes se passa por usuário, o que complica a situação”, afirmou.
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram
Leia mais
Homem é morto a facadas em praça de Campo Grande; suspeito é preso